Rapaz é resgatado após ficar mais de 10 dias acorrentado pelos pais em casa

Após ficar mais de uma semana acorrentado a uma cama, um rapaz de 23 anos foi resgatado por policiais militares e pelo Corpo de Bombeiros, no Bosque da Esperança, em Campo Grande. Ao Campo Grande News, os pais do jovem afirmaram que tomaram a atitude extrema para impedir que o filho saísse de casa para usar drogas.

O rapaz, que terá o nome preservado, é diagnosticado com esquizofrenia desde os 7 anos e por isso toma remédios controlados. Recentemente, no entanto, começou a usar drogas. A combinação do medicamento com o entorpecente acarretou em surtos frequentes de violência.

No dia 9 deste mês, foi levado para a Santa Casa depois de uma crise. Recebeu alta no dia seguinte, mas assim que chegou em casa, voltou ameaçar a própria família. Para a reportagem, a mãe do rapaz contou que ele tentou quebrar os poucos móveis, atear fogo da casa e gritou que mataria o próprio pai.

Sem saber o que fazer, pai e mãe resolveram acorrentar o filho dentro da residência. "A gente passa uma vida inteira criando, mas não tem o que fazer. Não pensei em machucar ele não, é meu filho", explicou a mulher de 49 anos.

Ao longo de toda essa semana, o jovem ficou preso por correntes e cadeados no pé da cama e de uma cadeira. Era soltou apenas para tomar banho e comer, tudo sob a supervisão da família. "Eu cuido dele durante esse tempo todo, faço de tudo. Se eu soltasse, ele ia direto fazer coisa errada. Ele é um filho carinhoso comigo, mas durante o surto muda".

A situação, no entanto, não impediu os surtos, que aconteceram todos os dias desde sexta-feira retrasada. Nesta quinta-feira (23), a família resolveu pedir ajuda de amigos do filho e o caso acabou denunciado a polícia.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o amigo da família expõe a situação, mostra as correntes e pede ajuda de pastores ou líderes religiosos. “Isso aqui não é vida, quem fica assim não é humano, quem fica assim é cachorro”. Enquanto grava as correntes, afirma ainda que a ideia partiu de uma assistente social.

“A assistente social que falou para fazer isso aqui, e ela tá errada, eu tenho certeza disso, que isso aqui não é para ser humano não”, afirma.

Para a polícia e também para a equipe de reportagem, os pais do rapaz se mostraram abalados com a situação e declararam, mais de uma vez, que não viram outra saída para salvar o filho das drogas, proteger a casa e também as próprias vidas. “Ele ameaçou quebrar tudo, colocar fogo na casa. Quebrou minha máquina de tear”, lamentou a mãe.

Enquanto chorava, o pai do rapaz, de 52 anos, lembrou que o filho era um rapaz trabalhador e que agora não sabe mais o que fazer com ele. “Eu não aguento mais, a gente não sabe o que fazer. Ele não vê o que faz, fica cego sem a droga. Como que fala que vai matar o próprio pai?".

O homem ainda conta que deixou de trabalhar para ajudar a esposa a cuidar do filho. “Eu trabalho levando boi em estrada, mas tive que parar. Não tem como eu deixar ela sozinha com ele”. Depois de ouvir o marido, a mulher completou: “Ele é uma criança, não pode nem ver um desenho. Não sabe o que faz. Ele fica louco, surtou por causa do vício e eu to tentando ajudar, não vou abandonar ele na rua".

O casal será levado para a delegacia por crime de maus-tratos. Já o filho, após conversar com um policial militar, aceitou ser levado para o Caps (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Droga) pelo Corpo de Bombeiros.