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Capital

Pais que mantiveram filho acorrentado são denunciados por constrangimento ilegal

Casal acorrentou filho de 23 anos que é usuário de drogas por não suportar mais a violência do rapaz

Lucia Morel e Aletheya Alves | 23/07/2020 18:41
Caso foi acompanhado pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros, que encaminharam jovem de 23 anos a atendimento de saúde. (Foto: Marcos Maluf)
Caso foi acompanhado pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros, que encaminharam jovem de 23 anos a atendimento de saúde. (Foto: Marcos Maluf)

O casal que manteve o filho usuário de drogas acorrentado por dez dias em casa no bairro Bosque da Esperança foi autuado por constrangimento ilegal. O rapaz tem 23 anos e os pais não vão responder por nenhum crime. Pai e mãe foram denunciados por amigo do jovem, que fez vídeo da situação e repassou o fato à polícia.

O que seria considerado cárcere privado e maus tratos, ficou registrado como constrangimento ilegal, conforme a delegada adjunta da 3ª Delegacia de Polícia, no Monte Castelo, Deborah Mazzola Nunes Pereira. “O problema foi entendido mais como social que criminal”, disse.

Segundo ela, com isso, será possível acionar outras frentes de trabalho, para melhor atuação, como por exemplo, algum tratamento de saúde. Conforme a delegada, não houve, em seu entendimento, nenhum dolo ou maldade na atitude dos pais. “Não houve maldade na intenção de prender o filho. Foi o jeito que encontraram de ajudá-lo”, disse.

Há quatro anos, segundo contou a mãe, ela pediu a interdição judicial do filho, que além de usar drogas, também sofre de esquizofrenia desde os 7 anos de idade. Mas a situação se agravou mesmo há quatro meses, quando a violência do rapaz sobre a família aumentou.

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Conforme a mãe, até então, havia muitas brigas dele com o pai, mas era situações “que davam pra controlar”.

O jovem de 23 anos já foi preso por roubo e passou seis meses detido e também já foi vítima de esfaqueamento na rua, enquanto a mãe tentava ensiná-lo a catar latinhas na rua para vender para reciclagem. “Ele estava com dinheiro no bolso e veio um rapaz pra roubar e ele reagiu. Levou três facadas”, contou a genitora.

Abalada, ela ainda considera que o filho é na verdade “uma criança” em seu entendimento das coisas, já que nem mesmo dá conta de fazer somas simples, como contar dinheiro e que fora do bairro onde mora, ele se perde, porque não teria domínio sobre localização.

Defendendo a atitude dela e do marido de prenderem o filho, ela diz que tem problemas do coração, tendo passado por uma cirurgia recente e que por isso, “se ele fugisse ou saísse de casa eu não poderia correr atrás dele, porque canso”.

Ela garante ainda que a corrente era larga, que permitia que o rapaz andasse pela casa e que outro motivo para o acorrentamento foi o medo de que à noite, enquanto dormiam, o filho cumprisse a ameaça que fez de que mataria o pai.

Sobre o amigo do filho que foi chamado pela família para ajuda-los e que acabou denunciando o caso à polícia, a mãe afirma que permitiu que ele fizesse o vídeo porque o amigo prometeu que seria para arrumar uma clínica de internação para o filho.

“Ele prometeu que clínica tinha piscina, tinha comida. E na verdade a clínica era isso aqui, a delegacia. Quando eu vi, até a Polícia Militar estava na minha casa”, lamentou, afirmando que “falaram que eu maltratava ele, mas nunca fiz isso não. Só coloquei a corrente pro bem dele”.

Rapaz foi retirado ontem (23) de casa, pelo Corpo de Bombeiros. (Foto: Marcos Maluf)
Rapaz foi retirado ontem (23) de casa, pelo Corpo de Bombeiros. (Foto: Marcos Maluf)


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