Retorno é economia para idoso que não deixou de ir ao Centro nem pagando passe
Apesar da liberação do passe para 30 mil idosos, Decreto mantém suspenso o passe de estudantes
A liberação do passe gratuito aos idosos tirou a população de casa em peso na manhã desta segunda-feira (05). No entanto, a medida adotada pela prefeitura em abril para "segurar" em casa os mais velhos, não surtiu tanto efeito assim não. Pelo menos, o que se viu hoje foi gente que agradece por voltar a não pagar, mas que não deixou de sair.
Seu Benedito dos Santos, de 72 anos, vai ao Centro da cidade a cada 15 dias. Nordestino no sotaque e na certidão, o destino é sempre o Mercadão. "Comprar carne, farinha, feijão", lista. Na rotina, também está a compra dos medicamentos, na farmácia que fica esquina com a Praça Ari Coelho.
"Nesse período eu comprei o cartão para poder vir para o Centro e, olha, já gastei muito", reclama. A passagem do transporte coletivo está no valor de R$ 4,10. "Parar de gastar isso, já alivia muito, porque a gente tem que sair de casa para fazer as coisas. Não podem impedir a gente. Essa doença não escolhe idade, já vi bebê que sobreviveu, idoso de 90 anos que sobreviveu e gente nova que morreu", argumenta. "Quem manda no mundo É Deus".
Foram seis meses de suspensão da gratuidade do passe que contempla 30 mil idosos só em Campo Grande. Uma tentativa da Prefeitura de contenção da propagação e de contágio da covid-19. A decisão de retornar foi publicada em Diário Oficial com horário restrito: de segunda a sexta-feira das 9h às 16 e das 19h à meia-noite. Já aos sábados, domingos e feriados o funcionamento será normal, o dia todo.
Aposentado, Ezequiel Moreno, de 69 anos, nem achava que devia ter "fechado" o passe para os idosos. "A gente trabalha tanto tempo para ter direito", contestava. Nas mãos, uma sacolinha com exames e consultas médicas e nos pés, a pressa para embarcar no ônibus.
Teve até idosa que não quis dar nome nem ser fotografada. Talvez pelo receio da "bronca" que poderia vir se a família visse a senhorinha na reportagem pegando ônibus. "Quando bloquearam a entrada de idoso, a gente parou de vir, mas agora a doença está melhor, não é? Então, a gente teve que retornar, porque tudo o que tem para resolver é aqui no Centro", se justifica.
"Medo? A gente tem, e nem passeia mais por conta da doença, só sai para médico e dentista mesmo", comenta. Ela e o marido, por exemplo, estavam vindo duas vezes por semana ao Centro da cidade e pagando.

À noite - A publicação diz ainda que, em casos de deslocamentos após às 21h, durante a semana, os idosos deverão se cadastrar no Consórcio Guaicurus, por meio do telefone 3316-6600. Apesar da liberação do passe para idosos, o decreto publicado ressalta que a gratuidade para estudantes continua suspensa.