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Capital

Rondas não resolvem e consumo de drogas é problema até para Correios

Clientes e funcionários se sentem intimidados com as abordagens de usuários na região

Tainá Jara | 04/12/2019 09:28
Usuários de drogas se concentram na Rua Vasconcelos Fernandes, mesmo rua onde fica a agência dos Correios, na antiga rodoviária (Foto: Kisie Ainoã)
Usuários de drogas se concentram na Rua Vasconcelos Fernandes, mesmo rua onde fica a agência dos Correios, na antiga rodoviária (Foto: Kisie Ainoã)

O número de pessoas em situação de rua nos arredores da antiga rodoviária, localizada no Bairro Amambai, em Campo Grande, parece só aumentar. Rondas policiais periódicas não resolvem o problema. Clientes e funcionários da agência do Correios, localizada na região, são os principais alvos de abordagens inconvenientes e, por vezes, intimidadoras dos usuários de drogas, maioria entre os que circulam por ali.

Além de agência, as dependências do Correios na região abrigam também o setor de distribuição, o que leva muitos clientes a buscar encomendas no local. A unidade é uma das maiores e mais antigas cidade, mas a atual situação torna a localização desfavorável, deixando a unidade como um dos poucos estabelecimentos em funcionamento no quadrilátero das ruas Vasconcelos Fernandes, Barão do Rio Branco, Joaquim Nabuco e Dom Aquino, onde está localizada a rodoviária.

Quem utiliza o local reconhece as abordagens como desagradáveis, mas não acredita mais em solução a curto prazo para resolver a situação das pessoas que estão por ali. “Este pessoal está aqui há muitos anos. Sempre foi assim. Não vejo diferença”, afirma que o consultor de comércio, Rodrigo Wildner, 48 anos.

Nesta terça-feira, ele foi a agência dos Correios para despachar uma encomenda. O contato com os usuários é quase inevitável, já que o único acesso à unidade fica justamente em frente ao corredor utilizado como obrigo pelos usuários de drogas.

Ir na agência da antiga rodoviária é praticamente rotina para o técnico de automação de laboratório, José Matias de Lima, 49 anos. Para ele, a principal vantagem da unidade é o pouco movimento e as vagas para estacionamento quase sempre livres. No entanto, ele reconhece que o esvaziamento é uma consequência do alto número de usuários de droga na região. “Notamos que o local não está muito bem cuidado”.

O técnico de automação de laboratório, José Matias de Lima, 49 anos, reconhece que usuários de drogas intimidam frequentadores da agência dos Correios (Foto: Kisie Ainoã)
O técnico de automação de laboratório, José Matias de Lima, 49 anos, reconhece que usuários de drogas intimidam frequentadores da agência dos Correios (Foto: Kisie Ainoã)

Apesar de nunca ter sido abordado, José já presenciou um dos usuários insistindo para carregar as encomendas de uma idosa, mesmo ela recusando a ajuda. “Ela não quis, agradeceu, mas vi que ele forçou uma barra, talvez na esperança de ganhar algum dinheiro com aquilo”, explica.

Ele lembra ainda que a situação não é tão simples de resolver. “Não se trata por exemplo de falta de comida, mas de vício. As pessoas optaram por viver assim. O que eles querem é dinheiro para beber. É complicado”, explica.

A administração dos Correios afirma que não há plano de mudar a unidade de lugar, apesar de episódios de violência se agravarem na região. No momento, a única medida para evitar problemas é a parceria com a Polícia Militar, que realiza rondas semanais na região pela Operação Laburu, que está na nona fase. “A agência é estratégica e conta com plano de revitalização da região”.

O comandante do 1° Batalhão da Polícia Militar, coronel Claudemir Domingues, reconhece que somente medidas de segurança não bastam. “Temos atendido todas as solicitações dos Correios e a permanência dos usuários ali e mais do que sabido por todos. É um problema de saúde pública”, afirma.

Impasse - Alteração recente na Lei de Drogas prevê internação involuntária de usuários de drogas em hospitais e unidades de saúde, no entanto, a Capital conta com pouco mais de 100 leitos para todo tipo de tratamento psiquiátrico, enquanto levantamento da Seleta (Sociedade Caritativa e Humanitária) aponta mais de 1,6 mil moradores de rua que usam pasta base, a famosa "zuca", e outras drogas.

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