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Saída para Três Lagoas desperta para força imobiliária após décadas de espera

Parcelamento do Bairro Maria Aparecida Pedrossian foi aprovado em novembro de 1984 e avançou no pós-pandemia

Por Fernanda Palheta | 01/12/2025 08:23
Saída para Três Lagoas desperta para força imobiliária após décadas de espera
Imagem aérea do Bairro Vivendas do Parque no limite de Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)

Há 40 anos, quando o casal paraguaio Ângelo e Adélia se mudou para Campo Grande e escolheu morar no Vivendas do Parque, o parcelamento do Bairro Maria Aparecida Pedrossian tinha apenas quatro casas construídas.

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O bairro Vivendas do Parque, em Campo Grande, passou por uma transformação significativa nas últimas quatro décadas. Inicialmente uma área rural com apenas quatro casas, o local começou a se desenvolver após o loteamento da antiga fazenda em 1984. O casal paraguaio Ângelo e Adélia, pioneiros no bairro, construiu sua casa em meio a um cenário de isolamento e falta de infraestrutura. O crescimento foi lento, com melhorias como transporte público, iluminação e asfalto chegando apenas nos últimos anos. A Associação de Moradores teve papel crucial nesse desenvolvimento, promovendo a instalação de equipamentos públicos e a manutenção dos terrenos. Durante a pandemia, o bairro atraiu novos moradores em busca de tranquilidade, impulsionando a construção de casas e o surgimento de negócios locais. A abertura de vias de acesso e a segurança comunitária, monitorada por grupos de WhatsApp, reforçaram a qualidade de vida, consolidando o Vivendas do Parque como uma área em ascensão.

Ao longo das décadas, o limite do município mais a leste de Campo Grande se transformou, deixando para trás os ares de fazenda, tendo o auge de crescimento nos últimos anos.

"Era tudo mato. Não tinha nada, não tinha nem rua", lembra o aposentado Ângelo Acosta, de 72 anos, que, na época, trabalhava como pedreiro. Ele conta que, antes dos lotes serem divididos, a região era uma fazenda. Com a morte do dono, a família vendeu a propriedade para uma imobiliária, que fez o loteamento da área.

De acordo com a mapoteca da Prefeitura de Campo Grande, o parcelamento foi aprovado em novembro de 1984.

Saída para Três Lagoas desperta para força imobiliária após décadas de espera
Casal paraguaio foi um dos primeiros moradores do bairro há 40 anos (Foto: Osmar Veiga)

A compra do terreno foi uma conquista para o casal. "Eu morava no Bairro São Bento, na casa de um engenheiro. Aí, depois, eu comprei esse terreno porque não tinha dinheiro e aqui era mais barato. Naquele tempo eu paguei R$ 1.500", completa.

Nas folgas de fim de semana, ao lado da esposa, a dona de casa, Adélia Garcia, de 66 anos, o aposentado construiu a casa da família. Os primeiros anos no bairro foram praticamente isolados e sem luz. Segundo eles, demorou para o bairro começar a crescer.

Hoje eles são donos de um bar no coração do Vivendas do Parque e sentem as mudanças no dia a dia. A própria clientela é um parâmetro, já que o estabelecimento recebe basicamente os amigos e conhecidos do casal. Ângelo conta que, quando os primeiros jovens começaram a frequentar o bar levando seus narguilés, ele deu o recado: poderia até vender a bebida, mas os novos clientes não poderiam ficar no local.

Crescimento tardio

Para o casal, o acesso ao transporte público marca o desenvolvimento do Vivendas do Parque. Quando se mudaram, o ônibus passava apenas poucas vezes por dia na rodovia BR-262. "Se a gente quisesse pegar ônibus fora do horário, tinha que descer a pé até o Maria Aparecida Pedrossian, senão não tinha. Hoje o ônibus passa por todo o bairro", descreve Adélia.

Saída para Três Lagoas desperta para força imobiliária após décadas de espera
Linha de ônibus Vivendas do Parque percorre todo o bairro e segue até o Terminal Hercules Maymone (Foto: Osmar Veiga)

O aposentado acredita que a demora do crescimento do bairro foi causada pela falta de infraestrutura, como energia, asfalto e transporte público nos primeiros anos do loteamento. Para eles, a região só começou a se desenvolver há cerca de 10 anos, e a atuação da Associação de Moradores teve um papel importante, com a mobilização para instalação de iluminação pública e a construção de uma pista de caminhada na pracinha do bairro.

O atual presidente da Associação do Vivendas do Parque, Paulo Alves Lunguinho, conhecido como Paulinho do Vivendas, se mudou para o bairro em 2015. Ele lembra que, na época, a Associação, criada em 1992, estava abandonada e começou a atuar para melhorar as condições da região.

"O espaço estava com os vidros quebrados, o mato tomando conta de tudo, à noite era um breu e um ponto de droga. A gente acabou assumindo lá, fomos devagarzinho fazendo funcionar a associação", contou. As reuniões com os moradores definiram as prioridades, como o cercamento da praça para evitar que carros usassem o espaço, a instalação de pista de caminhada, de academia ao ar livre e playground infantil.

Saída para Três Lagoas desperta para força imobiliária após décadas de espera
Praça do Vivendas do Parque tem campo de futebol, academia playground, academia ao ar livre e pista de caminhada (Foto: Osmar Veiga)

Segundo ele, o bairro continua crescendo e a manutenção dos terrenos comprova a tendência. Um levantamento feito pela Associação mostra a diminuição de lotes abandonados. Há sete anos, quando assumiu a entidade, Paulinho notificou 292 terrenos para que fosse feita a limpeza. Em 2024, a Associação notificou 170 lotes, uma queda de 48%. O presidente do bairro vê isso como resultado do cuidado das áreas e início de novas construções.

Ele ainda aponta um crescimento desta movimentação durante a pandemia de Covid-19. "Muitas pessoas vieram para as casas aqui para meio fugir da pandemia. Essas pessoas acabaram gostando do local, do ambiente, começaram a investir", afirmou. Ele conta que percebeu um aumento de construção de casas para venda e o uso de mais áreas.

Este é o caso dos autônomos Severino Mareco, de 31 anos, e Ana Carolina Oliveira Camargo, de 27 anos, que se mudou e abriu um negócio no Vivendas do Parque há quatro anos. O casal sempre morou e cresceu na região, ele no Jardim Noroeste, ela no Panorama. A escolha veio ao perceber as mudanças no bairro.

Saída para Três Lagoas desperta para força imobiliária após décadas de espera
Casal escolheu abrir seu negócio no Vivendas do Parque para crescer junto com o Bairro (Foto: Osmar Veiga)

"A gente estava com o intuito de montar um negócio. É difícil você se manter num bairro que já está bem grande, como é o caso do Noroeste. E aqui, como está crescendo, a gente resolveu montar aqui justamente por causa disso, para crescer junto", contou Severino.

Para Ana Carolina, o asfalto nas ruas principais e a abertura do acesso aos condomínios Damha pela Rua Oscar Braga garantiram mais movimento. Foi justamente nessa rua que o casal abriu a loja que vende de tudo um pouco.

"Quando eu vim morar aqui, ainda não tinha esse asfalto na Londrina e na Mombassa, então o bairro tá crescendo muito. E as pessoas vindo mais para cá, com essa entrada, tem muitas pessoas passando dentro do bairro", avalia. Ela ainda aponta que as ruas do Vivendas são alternativas para a saída para Três Lagoas.

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Com abertura, Rua Oscar Braga, no Vivendas do Parque, dá acesso aos condomínios Damha (Foto: Osmar Veiga)

Tranquilidade

Outro ponto fundamental para o casal se mudar para o bairro foi a tranquilidade. Severino conta que os moradores se ajudam e monitoram juntos a segurança da rua por meio de um grupo no WhatsApp. "Eles sempre ficam em alerta. Às vezes, 2 horas da manhã, está passando alguém na rua e alguém já manda no grupo um vídeo com o alerta", explica.

Para Ana Carolina, essa tranquilidade possibilita uma infância melhor para o filho, que, na manhã daquele dia, estava indo para a praça brincar e, quando era mais novo, se divertia indo às áreas de pastagem para ver animais diferentes, que não circulam no centro da cidade.

"A intenção é não sair nunca mais daqui", garantiu Severino.

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