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Capital

População mais que dobrou em bairro de idosos e de idas e vindas na Capital

Maria Aparecida Pedrossian foi criado para ser lar de servidores públicos, mas vem mudando de vocação

Por Cassia Modena | 07/11/2025 08:41
População mais que dobrou em bairro de idosos e de idas e vindas na Capital
Maria Aparecida Pedrossian é bairro pequeno com cara de interior, vizinho de reserva ambiental e de condomínio de alto padrão (Foto: Osmar Veiga)

Poucos comércios e prédios, casas com fachadas comuns e uma população notável de moradores idosos dão a sensação de que o Maria Aparecida Pedrossian é mais um bairro pequeno com ar interiorano em Campo Grande. Mas outros detalhes revelam que esse perfil está mudando.

RESUMO

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O bairro Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, passou por significativa transformação populacional nos últimos anos. Originalmente planejado para servidores públicos estaduais há 42 anos, o local viu sua população mais que dobrar entre os últimos censos do IBGE, impulsionada pela instalação de uma fábrica de celulose no município vizinho. Conhecido como Mape, o bairro mantém características interioranas, mas enfrenta desafios urbanos crescentes. Entre os problemas relatados pelos moradores estão insegurança, transporte público deficiente e congestionamentos na BR-262. Apesar das mudanças, o local se destaca pela forte atuação da Associação de Moradores e pela temperatura mais amena, devido à proximidade com uma área de proteção ambiental.

A localização explica boa parte das transformações. Às margens da BR-262, rumo à saída para Ribas do Rio Pardo, o bairro começou a receber mais gente que está de passagem na cidade ou que veio de fora para ficar. A população mais do que dobrou entre os últimos dois censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A própria rodovia ganhou movimento maior nos últimos anos com a instalação de uma fábrica de celulose no município vizinho e a expansão de bairros próximos, como o Jardim Noroeste. É um dos problemas de cidade grande que anda incomodando os moradores: exige paciência entrar ou sair do Maria do Aparecida Pedrossian em horários de pico.

População mais que dobrou em bairro de idosos e de idas e vindas na Capital
Arte: Lennon Almeida

A nova vocação contrasta com as origens do Mape, como é chamado por seus moradores. Ele foi planejado para ser o lar de servidores públicos estaduais há 42 anos. Na época, tinha pouco mais de mil residências. O número cresceu com a expansão dos limites do bairro, que vai ganhar, pelo menos, mais 384 apartamentos até 2029. A projeção da quantidade de domicílios até lá é de 4.607.

Bairro de idosos e migrantes - Filha de uma geração de funcionários públicos, a estudante Bianca Larrea, 26, mudou-se para a Capital após o pai ser aprovado em um concurso, em 2002. Ele decidiu morar lá com a família pela proximidade com o Parque dos Poderes, onde trabalharia. "Essa é a história de muitos. Por isso, hoje é um bairro de idosos, a maioria servidores aposentados", diz a jovem.

Mais migrantes começaram a chegar quando a construção da fábrica de celulose iniciou, em 2021. “Nosso ex-vizinho veio de outro estado para trabalhar em Ribas do Rio Pardo e vivia viajando para lá. Trouxe a família inteira. Só se mudou de bairro porque saiu do emprego na outra cidade e arrumou um aqui em Campo Grande”, conta também Bianca.

População mais que dobrou em bairro de idosos e de idas e vindas na Capital
Com garrafinha e de boné, Idosa faz caminhada na praça principal (Foto: Osmar Veiga)

A BR-262 ganhou três hotéis nos últimos anos, investimentos atentos ao fluxo de passageiros na região. O Accordes é o mais recente. Abriu para hóspedes no ano passado e atualmente tem uma lotação de cerca de 40 pessoas por dia, segundo o recepcionista Samuel Escaramuça, 19. "Atendemos muito o corporativo, mas também pessoas que vêm participar de competições aqui no autódromo e famílias que vêm do interior para ir a um parque aquático. Tem também quem vem prestar algum serviço na fábrica de Ribas ou dar um treinamento em algum local de eventos", descreve.

A movimentação cada vez maior em um restaurante e em um estacionamento para carretas carregadas de eucalipto na rodovia é outro detalhe que atesta o processo que o Mape está vivendo.

Comércio, segurança e transporte - Filho do ex-atacante do Operário Futebol Clube homenageado com o próprio nome no estádio de futebol do Bairro Moreninhas, Jacques Dias da Silva Luz, 48, cresceu no Mape. Hoje, é dono de uma academia próxima à praça principal. “O Maria Aparecida Pedrossian é minha vida”, já se declara.

População mais que dobrou em bairro de idosos e de idas e vindas na Capital
Proprietário de academia, Jacques da Luz fala dos prós e contras do bairro onde cresceu (Foto: Osmar Veiga)

Embora não troque o bairro por nenhum outro, reconhece problemas. Um deles é a insegurança e outro é a quantidade baixa de comércios. “Começaram a aparecer usuários de droga que fazem pequenos furtos. E este ano teve outra coisa atípica, um assassinato às 20h30 aqui na praça. Mas isso é um problema geral na cidade”, relata Jacques, preocupado com o aumento do crime.

Sobre a parte comercial, o empresário compara. “No Jardim Noroeste, tem ruas cheias de comércios e com muito mais movimento. Nosso bairro é difícil nesse ponto, mas eu adoro. Aqui estou a minutos de um shopping, de centro gastronômico e do Parque dos Poderes”, finaliza.

Outra reclamação recorrente entre os moradores é sobre transporte público. Mara Borges, 48, vende salgados e bebidas ao lado do ponto final dos ônibus e afirma que depender do serviço está difícil desde a época da pandemia de covid-19. "Duas Linhas pararam de passar aqui. Antes, tinha ônibus a cada 15 minutos. Agora, só tem uma linha que leva o pessoal igual sardinha enlatada, principalmente no horário de saída de escola", fala.

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Ônibus percorre avenida com trânsito tranquilo pela manhã (Foto: Osmar Veiga)

Barracos - Alguns moradores nem sabem, mas o Maria Aparecida Pedrossian tem comunidades com pessoas vivendo precariamente há mais de uma década.

O pedreiro Sidney Gomes de Lima, 52, mora em um barraco localizado na Rua Maria Povoa Braga. Ele afirma que há dezenas de moradias improvisadas ali, mas não sabe dizer quantas.

A parte ocupada não tem asfalto e a energia elétrica é "na base da gambiarra", relata Sidney. O morador já não tem expectativa de que a área seja regularizada nem de conseguir do poder público uma moradia digna. “A gente já acreditou em pessoas que vieram cobrar R$ 15, R$ 60 e R$ 150 de taxa para tirar os documentos de nossas casas, mas era mentira”, lembra.

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Comunidade na Rua Maria Povoa Braga tem casas de madeira, alvenaria e barracos de lona (Foto: Osmar Veiga)

Associação forte - Motivo de orgulho no bairro é a Amape (Associação de Moradores do Maria Aparecida Pedrossian), consolidada como uma das entidades mais bem estruturadas de Campo Grande. A articulação comunitária rendeu diversas conquistas para os moradores e chamou a atenção até em outro estado. Pessoas do Pará visitaram o local este ano para copiar o modelo.

A atual presidente é a aposentada Geni Cortina, 76, vice do professor Jânio Batista, que comandou a Amape por quase 20 anos e morreu em abril, deixando um legado importante.

Segundo Geni, o destaque da associação é oferecer serviços populares, como cursos de informática, atendimento com fisioterapeuta e psicólogo, além de aulas de balé e esportes, por exemplo. "Tem gente que vem de bairros distantes para aproveitar", diz. A sede da Amape fica na Avenida Orlando Darós, a principal do bairro.

População mais que dobrou em bairro de idosos e de idas e vindas na Capital
Aposentada Geni Cortina é a presidente da associação do bairro (Foto: Osmar Veiga)

As principais demandas dos moradores ouvidas pela presidente atualmente estão relacionadas a furtos, trânsito e perturbação do sossego. "Aqui mesmo, na associação, entraram e levaram ventiladores e um monte de outras coisas. A gente já pediu mais segurança e que resolvam um problema no quebra-molas. Fora isso, há bastante reclamações sobre motos barulhentas e som alto", conclui.

Fresquinho - Por ficar colado na Unidade de Conservação da Apa (Área de Proteção Ambiental) do Lageado, o Mape tem temperatura mais amena em comparação a outros bairros.

O mestre de obras Fabiano de Oliveira Soares, 35, aproveitou o frescor para almoçar numa terça-feira quente. Ele foi prestar um serviço no condomínio de alto padrão que fica atrás da reserva natural. "Com certeza é mais fresquinho que em outros bairros por onde a gente passa", comparou.

População mais que dobrou em bairro de idosos e de idas e vindas na Capital
Acesso ao mirante da unidade de conservação está fechado (Foto: Osmar Veiga)

O local tinha um mirante que era bastante frequentado, mas estava fechado de forma improvisada quando a reportagem visitou. A presidente da Amape lembra que já foi espaço de lazer, porém, o descarte de garrafas e latinhas de bebida alcóolica, além da presença de usuários de droga, acabaram afastando os visitantes mesmo quando o portão estava aberto.

Sobre os problemas - A assessoria de imprensa foi questionada sobre os problemas do bairro e deu retorno apenas sobre o redutor de velocidade. "A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) informa que encaminhará uma equipe para realizar a vistoria no local informado", respondeu.

Já sobre a redução de linhas de ônibus, o Consórcio Guaicurus esclareceu que as duas linhas não deixaram de atender a rua principal.

"A Linha 518 nunca teve seu itinerário fixado no ponto de ônibus localizado na Avenida Orlando Darós, próximo ao número 279, que corresponde ao ponto final do bairro. Em relação à Linha 523, sua operação anterior era extremamente limitada, contando com apenas uma (1) viagem pela manhã e uma e meia (1,5) no horário de almoço. Sua rota, à época, atendia uma pequena porção do bairro Maria Aparecida Pedrossian, concentrando o serviço em uma área restrita.

Ainda segundo a Agetran, "em um movimento de otimização e ampliação da cobertura, a Linha 523 teve seu itinerário ajustado para atender um número significativamente maior de moradores. A linha agora inclui os bairros Oiti, Panorama e Vivendas, otimizando a cobertura de serviço e garantindo o transporte para mais pessoas na região. Devido à análise da demanda atual, seu horário de operação foi concentrado no período noturno nos dias de semana e sábados, e opera durante todo o dia nos domingos e feriados, garantindo o serviço nos momentos de maior necessidade para a nova área de cobertura", concluiu.

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