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Capital

Secretaria autoriza a compra de materiais para cirurgia de "indiozinho"

Natalia Yahn | 28/01/2016 12:52
Edemar aguarda cirurgia desde dezembro de 2014. (Foto: Marcos Ermínio)
Edemar aguarda cirurgia desde dezembro de 2014. (Foto: Marcos Ermínio)

A cirurgia cardíaca do “indiozinho” Edemar Gonçalves da Silva, 4 anos, poderá acontecer entre hoje (28) e amanhã (29). O prazo foi estabelecido pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), que autorizou no fim da manhã desta quinta-feira a compra dos materiais necessários para o procedimento pré-operatório.

Porém, a Santa Casa informou que ainda não recebeu a autorização para realizar o procedimento. O hospital disse ainda que não tem previsão de levar o paciente para o centro cirúrgico.

Enquanto SES e Santa Casa discutem sobre a responsabilidade no caso, Edemar aguarda há mais de um ano pela realização da cirurgia cardíaca que pode salvar sua vida.

Desde a divulgação da reportagem sobre o caso do “indiozinho” pelo Campo Grande News, na semana passada, a SES estabeleceu prazo de uma semana para realizar o procedimento, que venceu ontem (27).

Agora, a SES afirma que a autorização para aquisição dos materiais do pré-operatório e para a cirurgia foi encaminhada para a Santa Casa. O hospital afirma não ter recebido os materiais, nem o documento de autorização para compra dos mesmos.

Edemar espera desde dezembro de 2014 pelo procedimento e desde então já passou por dois hospitais. No HU (Hospital Universitário) de Dourados, a 230 quilômetros da Capital, ele ficou internado por mais de 10 meses. E atualmente aguarda na Santa Casa de Campo Grande, para onde foi transferido em outubro de 2015.

O custo total do procedimento pré-operatório e da cirurgia é de R$ 20.760,00, valor que inclui o material e os honorários médicos.

Edemar nasceu no dia 23 de dezembro de 2011, no Hospital Regional de Amambai. Entre os dias 10 e 12 de dezembro de 2012 ficou internado no HU (Hospital Universitário) de Dourados. Depois disso, só existe um registro de alta da Santa Casa de Campo Grande, do dia 7 de janeiro de 2013.

Somente no dia 4 de dezembro de 2014 o garotinho retornou para o HU de Dourados, levado pela irmã Jaqueline Lopes, 23 anos – que atualmente o acompanha (a mãe teria sido assassinada pelo pai de Edemar). O hospital informou que o menino foi internado com pneumonia. Na Santa Casa de Campo Grande ele só deu entrada dez meses depois, de acordo com a cardiopediatra que atende o menino, Cláudia Piovesan Farias, por conta do quadro de saúde delicado.

Doença – Edemar tem um grave problema no coração, conhecido como anomalia de Ebstein. Ele nasceu com a doença rara que provoca insuficiência cardíaca por conta de uma má formação.

O problema no coração não impede que a criança viva fora do hospital, ele poderia aguardar a cirurgia em casa. Porém, a “internação social” na Santa Casa é o único meio encontrado para garantir que ele receba o tratamento necessário.

“Ele corre risco de morte. É preciso manter ele no hospital pela questão cultural, pois como é indígena, pode não voltar para o tratamento. Antes de fazer a cirurgia cardíaca ele precisa passar por um procedimento. Ambos são cobertos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas que não fornece todos os materiais. Solicitamos judicialmente e estamos aguardando”, afirmou a cardiopediatra que atende o menino, Cláudia Piovesan Farias.

Ele recebeu o diagnóstico da doença também na Santa Casa de Campo Grande. Na época os pais foram informados sobre a gravidade do caso, mas não permitiram que o filho fosse submetido aos procedimentos.

O pai de Edemar, Roberto Gomes da Silva, registrou em uma carta – provavelmente escrita em 2013 – o desejo de que o menino não fosse submetido à cirurgia cardíaca. O documento está guardado junto com outras documentações do garoto, na Casai (Casa de Apoio àSaúde do Índio), na Capital.

A coordenadora da Casai, Eliete Domingues Rios Maggioni, foi até agora a única pessoa – entre representantes indígenas – que conhece e acompanha o caso de Edemar. O Campo Grande News procurou informações sobre ele junto à Funai (Fundação Nacional do Índio), Funasa (Fundação Nacional deSaúde), Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), na Capital, em Dourados e também na sede dos órgãos (Funai e Sesai) em Brasília (DF), mas nenhum local tinha conhecimento da situação do “indiozinho”, como foi apelidado Edemar por funcionários da Santa Casa – onde esta internado desde outubro do ano passado.

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