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Capital

Secretário chama usuários de drogas de 'noias' e repercute nas redes sociais

Padre Julio Lancellotti repostou publicação de titular da Semadur

Gabriela Couto | 11/01/2022 11:52
Publicação da Semadur foi repostada no perfil do Instagram do Padre Julio Lancellotti, que criticou postura da prefeitura. (Foto: Instagram)
Publicação da Semadur foi repostada no perfil do Instagram do Padre Julio Lancellotti, que criticou postura da prefeitura. (Foto: Instagram)

A publicação do titular da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana), Luís Eduardo Costa, no Instagram e que foi repostada pela pasta, ganhou repercussão no perfil do padre Julio Lancellotti, conhecido por dedicar-se a ajudar os mais necessitados.

O sacerdote questiona o fato de o secretário ter usado a palavra 'noia' na publicação, referindo-se aos usuários de drogas que se abrigavam nos dois últimos vagões da Orla Ferroviária, entre a Afonso Pena e a Barão do Rio Branco, em Campo Grande.

"Publicação de alto nível da prefeitura de Campo Grande (MS). Inacreditável", publicou o padre. A postagem já somava no começo da manhã desta terça-feira (11), quase 25 mil curtidas e 801 comentários dos seguidores, que concordavam com a colocação do pároco paulista.

Postagem do secretário da pasta foi repostada no Instagram da pasta. (Foto: Instagram)
Postagem do secretário da pasta foi repostada no Instagram da pasta. (Foto: Instagram)

Muitos sul-mato-grossenses e campo-grandenses engrossaram as críticas de Lancelotti. "Decepcionada, porem nem um pouco surpresa com minha cidade", comentou a seguidora @simonegallassi.

@Annecatadora disse que o tratamento dos moradores na Capital é comum. "Em Campo Grande as pessoas tem preconceito até com quem é do interior, imagina com as pessoas em situação de vulnerabilidade."

E a seguidora @nathganeo concordou com a postagem do padre. "Nasci e morei aqui a vida toda e infelizmente é mais ou menos isso mesmo. Campo-grandense não é um bicho bom em", publicou.

Respostas - A reportagem tentou contato com o secretário, Luís Eduardo Costa, que não atendeu e nem retornou as mensagens. Ontem, quando foi questionado sobre o assunto, apenas resumiu que estava em viagem. A assessoria de comunicação da Semadur afirmou que a retirada dos vagões foi uma solicitação da própria comunidade, no entorno da Orla Ferroviária, e que o trabalho de retirada das estruturas já tinha sido paralisado por conta da pandemia, mas foi concluído ontem.

Já o prefeito Marquinhos Trad (PSD) explicou que a retirada dos vagões era algo planejado. "Era necessário fazer! Aguardávamos o momento mais adequado. Tudo tem seu tempo!".

Sobre a crítica do padre Lancellotti em relação à postura tomada pelo município, ele justificou que não tem como obrigar os usuários de drogas a procurarem a ajuda fornecida.

Flagrante de usuários consumindo drogas antes da retirada dos vagões, em plena luz do dia, no Centro da Capital. (Foto: Marcos Maluf)
Flagrante de usuários consumindo drogas antes da retirada dos vagões, em plena luz do dia, no Centro da Capital. (Foto: Marcos Maluf)

"Todas as pessoas têm direito ao tratamento de saúde pública, todavia não podemos obrigá-las a fazer, principalmente nesses casos onde são adultos e dependem da vontade e do querer individual. Instituições não governamentais recebem apoio e ajuda da prefeitura e muitas vezes encontram a mesma dificuldade", afirmou o chefe do Executivo.

Orla Ferroviária - Com custo de R$ 4,8 milhões, a Orla Ferroviária foi inaugurada em dezembro de 2012. A obra compreende 900 metros, da Avenida Afonso Pena, a partir da Morada dos Baís até a Avenida Mato Grosso.

O corredor gastronômico foi ativado em 2013, quando nove vagões foram alugados a comerciantes, por valores de R$ 1.200 a R$ 2 mil. Mas desde 2019, a maioria das estruturas foi retirada, após o abandono dos vagões resultarem em local para usuários de drogas, que até incendiaram alguns pontos.

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