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Capital

Sem escolha, moradores temem falta de estrutura em nova área

Natalia Yahn e Luana Rodrigues | 07/03/2016 11:07
Rosângela Ximenes, segura a filha de apenas um mês, e afirma estar com medo. (Foto: Marcos Ermínio)
Rosângela Ximenes, segura a filha de apenas um mês, e afirma estar com medo. (Foto: Marcos Ermínio)

Sem reação e perplexos com a remoção na manhã desta segunda-feira (7) da favela Cidade de Deus, em Campo Grande, os moradores fazem a mudança com medo. “Chegaram e perguntaram se podiam começar a retirar minhas coisas. Eu disse que sim, porque se eu falasse não eles (guardas municipais) iriam tirar do mesmo jeito”, afirmou Rosângela Ximenes, 30 anos.

Ela tem três filhos de 13 e 6 anos, além de uma bebê de apenas um mês, e mora no local há 4 anos. O barraco de quatro peças tem contrapiso e um banheiro montado. “Eu não sei como como vai ser e não vou conseguir montar um barraco novo. Este aqui onde moro construí em quatro anos e com a ajuda de muita gente”, afirmou.

A irmã e vizinha dela, Ramona Ximenes, 34 anos, também relatou estar preocupada com a mudança. “Pegaram todos de surpresa. Estou desesperada, mas não estou nem raciocinando direito. Só estou arrumando minhas coisas para que não estraguem e percam nada”.

As 390 famílias cadastradas previamente, serão transferidas para três áreas nos bairros Vespasiano Martins, Los Angeles e Dom Antônio Barbosa. A Prefeitura ainda não confirmou a localização dos terrenos, mantida em sigilo por motivos de segurança, mas os moradores removidos afirmam que foram informados sobre os locais.

Até mesmo um "kit barraco" será entregue para as famílias que deixam a favela para a nova área. Serão entregues lona e cordões, para ajudar na construção dos barracos.

Barracos começaram a ser desmontados. (Foto: Marcos Ermínio)
Barracos começaram a ser desmontados. (Foto: Marcos Ermínio)
PRF faz ação preventiva na BR-262, no macroanel, onde na semana passada catadores bloquearam a estrada como forma de protesto pelo fechamento do lixão. (Foto: Marcos Ermínio)
PRF faz ação preventiva na BR-262, no macroanel, onde na semana passada catadores bloquearam a estrada como forma de protesto pelo fechamento do lixão. (Foto: Marcos Ermínio)

As equipes da Guarda Municipal e da SAS (Secretária de Assistência Social), Emha (Agência municipal de Habitação) e Seintrha (Secretária Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), que atuam na desocupação já desmontam os barracos.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) também faz uma ação preventiva na BR-262, no macroanel, onde na semana passada os catadores que atuam no lixão fizeram uma série de manifestações contra o fechamento do local. A decisão foi do juiz 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira. A rodovia é monitorada por seis equipes da PRF, que devem ficar no local até o fim da retirada das famílias da favela. A previsão inicial é de que a desocupação aconteça em aproximadamente três dias.

O mandado de reintegração de posse da área onde está a favela foi autorizado, inclusive com uso de reforço policial, arrombamento dos imóveis e demolição das benfeitorias, pelo juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, Ricardo Cesar Carvalheiro Galbiati. A ação tramita desde janeiro de 2013 e a desocupação do terreno foi autorizada na sexta-feira (4).

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