ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Sem vagas em creches, mães ficam fora do mercado de trabalho

Dados mostram que em 2017 apenas 34% das crianças com até 3 anos estavam matriculadas em escolas públicas e particulares em todo País

Mirian Machado e Bruna Kaspary | 28/01/2019 06:48
Lucimara com a filha menor e um dos filhos que já estuda (Foto: Marina Pacheco)
Lucimara com a filha menor e um dos filhos que já estuda (Foto: Marina Pacheco)

A dificuldade para mulheres conseguirem trabalhar após o nascimento dos filhos é realidade em todo o País e situação poderia ser facilmente resolvida com o fim do defict de falta de vagas nas creches. Dados da ONG (Organização Não Governamental) Todos pela Educação mostram que em 2017 apenas 34% das crianças com até 3 anos estavam matriculadas em escolas públicas e particulares em todo o Brasil.

A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2017 Educação, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que mais de 25% das crianças de Mato Grosso do Sul com idade entre 0 e 5 anos estão fora das creches por falta de vagas.

Mãe de cinco crianças, Lucimara Cristina de Arruda, 26 anos, vive atualmente com a ajuda da família. Ela mora sozinha com os filhos no Bairro Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande, e antes trabalhava de diarista, mas com a chegada do filho mais novo, hoje com 1 ano e 4 meses, está sem trabalhar.

A dificuldade de fica ainda maior porque ela não consegue vaga na creche para o pequeno. As outras crianças, como são maiores que 4 anos, já estão estudando, mas com o bebê em casa não comsegue sair. “Não compensa contratar alguém para ficar com ele. O dinheiro que eu conseguir com as diárias servirá apenas para isso [babá]”, explica.

Creche inaugurada ano passo no Jardim Noroeste (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Creche inaugurada ano passo no Jardim Noroeste (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Ela conta que até conseguiu uma vaga, mas como a unidade de educação infantil era muito longe não conseguiria levar o filho, já que ela que leva e busca as outras crianças na escola.

A situação da manicure Patrícia Ferreira, que tem três filhos e está gravida, não é muito diferente. Dois deles já estão na escola, mas até o momento não conseguiu vaga para a bebê de 2 anos. “Eu ligo lá na creche, vou pessoalmente, mas não consigo nada”, reclama.

“Normalmente minhas clientes vem até aqui em casa, o que ajuda bastante a ficar de olho na minha filha”, conta.

Assistência social - A assistente social, Hellen Prado Benevides Queiroz, que também é coordenadora do curso de Serviço Social da Uniderp, afirma que estamos vivendo uma situação crítica, sem creche e sem condições das mulheres trabalharem. “Sem acesso a rede pública universalizada de cuidados para crianças de até 3 anos, as trabalhadoras com filhos pequenos sofrem uma série de exclusões no mercado corporativo, o que prejudica a inserção e o desenvolvimento profissional feminino”, explica.

Ela ainda conta que a oferta de creches gratuitas e de qualidade está ligada ao desenvolvimento profissional, social e econômico do país. “É preciso ter creche pública de qualidade para todos. Assim, as crianças se desenvolvem melhor e as mães continuam suas trajetórias profissionais. Todo mundo sai ganhando: com mais mulheres trabalhando, a economia cresce”, impõe, afirmando ainda que esse problema atinge todas as camadas sociais, mas principalmente vem ser mais cruel com as mais pobres.

O artigo 54º do Estatuto da Criança e do Adolescente e o artigo 208º da Constituição Federal asseguram o atendimento em creche e em pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.

Poder Público - A Prefeitura Municipal de Campo Grande não informou o deficit de vagas nas Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil), por estar ainda em atendimento o período de matrículas e designações, mas afirmou que o município possui 15 obras em construção, sete delas previstas para serem entregues ainda este ano.

Nos siga no Google Notícias