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Capital

Sem vagas em hospitais, 17 doentes morreram em postos só neste mês

Filipe Prado | 28/07/2015 15:24
Somente neste mês, até hoje (28), 17 pessoas morreram em postos de saúde (Foto: Fernando Antunes)
Somente neste mês, até hoje (28), 17 pessoas morreram em postos de saúde (Foto: Fernando Antunes)

Somente no mês de julho deste ano, do dia 1º até hoje (28), 17 pessoas morreram em postos de saúde de Campo Grande. A maioria das vítimas é formada por idosos que ficam internados nas unidades por mais tempo que o recomendado pelo Ministério Público, porque não há vagas nos hospitais públicos da Capital.

A última vítima foi uma idosa, que ficou internada por 12 horas no Posto de Saúde do Bairro Tiradentes, conforme a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). Ela conseguiu uma vaga em hospital, mas acabou morrendo antes de ser transferida.

Na madrugada de ontem (27), Valdenez Macedo, 64 anos, morreu no Posto de Saúde do Bairro Piratininga, depois de ficar internado com suspeita de tuberculose e pneumonia. Os casos, normalmente, são registrados como morte natural, mas o que preocupa são os locais das mortes.

A funcionária pública de 19 anos, que preferiu não divulgar o nome, contou que o posto de saúde do Tiradentes está um caos. Ela levou o avô para ser atendido, mas, por conta da morte da idosa e de um paciente que havia sofrido um ataque cardíaco, os enfermeiros e médicos demoraram em atendê-lo. “Eles precisavam fazer massagem cardíaca manualmente em um paciente, por isso alegaram que não poderiam atender meu avô”, contou.

O aposentado Juraci José Soares, 72 anos, alegou que tem esperado demais para conseguir um atendimento, no mínimo 1h30. “Está bem devagar. Há poucos médicos”.

Ana criticou a falta de médicos nos postos de saúde (Foto: Fernando Antunes)
Ana criticou a falta de médicos nos postos de saúde (Foto: Fernando Antunes)

Essa foi a mesma reclamação de Ana Aparecida, 56. Na sexta-feira (24), ela chegou ao posto às 7h30, porém conseguiu ser atendida por volta das 12h. “Um senhor estava passando mal, estava bem ruim, mas foi atendido depois de mim”, comentou. “É pouco médico pra muita gente”, completou.

O coordenador do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Eduardo Cury, explicou que o serviço não é responsável por encontrar vagas para os pacientes, somente pelo atendimento prévio e transporte, mas apontou que a saúde de Campo Grande está caótica.

“Nós estamos acompanhando e vejo isso com muita preocupação, com muita angústia. As pessoas falam que não temos ambulância, mas o que não temos são vagas nos hospitais”, comentou o coordenador.

Segundo a assessoria de imprensa da Sesau, o período preconizado pelo Ministério da Saúde para a internação de pacientes em posto de saúde é de 24 horas, sendo que muitas vítimas ficaram um período maior do que o recomendado, pela falta de vagas.

Mas a secretaria assegurou que os pacientes recebem todos os atendimentos necessários, por se tratar de unidades de atendimento de urgência.

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