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Capital

Silenciosa, diabetes atinge 7,7% da população, que ignora atendimento

Flávia Lima | 14/11/2015 09:25
Ações em postos de saúde tem o objetivo de incentivar o diagnóstico precoce. (Foto:Divulgação)
Ações em postos de saúde tem o objetivo de incentivar o diagnóstico precoce. (Foto:Divulgação)

Dados do Vigitel 2014 , pesquisa telefônica realizada pelo Ministério da Saúde, apontam que 7,7% da população campograndense recebeu diagnóstico de diabetes ano passado. No total, 21.146 pacientes diagnosticados tem cadastro na rede municipal de Saúde e recebem tratamento através do SUS.

A doença, segundo Ministério da Saúde, atinge 14 milhões de brasileiros, sendo que 500 novos casos são descobertos por dia. No mundo, o número é de 400 milhões, conforme dados da Federação Internacional de Diabetes.

O acompanhamento médico é primordial para o portador da doença, que é responsável entre 40% a 70% das amputações não traumáticas de membros inferiores, segundo o Ministério da Saúde.

E é essa conscientização que profissionais da saúde buscaram desenvolver na população, durante a semana, através de ações alusivas ao Dia Mundial do Diabetes, que acontece neste sábado (14).

As palestras e exames que podem ser feitos diariamente nas unidades básicas e da família da Capital, tem o objetivo de chamar a atenção, principalmente quanto à prevenção e tratamento adequados para evitar complicações mais severas, garantindo uma qualidade de vida ao paciente.

A intenção das atividades é trabalhar a divulgação de ações e informações que possam tornar mais saudável a vida da pessoa com diabetes. Para os anos de 2014 a 2016 o tema Vida Saudável e Diabetes foi escolhido pela IDF (Federação Internacional de Diabetes (IDF) em conjunto com a OMS (Organização Mundial da Saúde) para destacar as preocupações sobre os crescentes números de diagnóstico no mundo.

Segundo a Gerente Técnica do Programa de Saúde em Doenças Crônicas Não Transmissíveis da Sesau, Gabriela Dorn, em pelo menos 35 unidades de saúde é possível realizar o diagnóstico e se cadastrar para ter um acompanhamento.

Em muitas dessas UBs existem grupos que passam orientação e desenvolvem atividades, pelo menos uma vez na semana, para os pacientes, que periodicamente são atendidos por campanhas.

Nessas unidades é possível ser atendido com testes de glicemia, orientações de tratamento, avaliação do pé diabético, aferição de pressão e palestras.

Além disso, o paciente passa por consultas com endocrinologistas, nutricionistas e recebe medicamentos e, em casos de complicações em decorrência da doença, são encaminhados a outras especialidades, como cardiologistas. Palmilhas que tem o propósito de prevenir amputações, também são oferecidas, já que o organismo do diabético tem dificuldade em cicatrizar ferimentos, o que, em alguns casos, pode levar a amputação. 

Quem realiza o cadastro em alguma unidade de saúde, também é atendido por serviços como pressão arterial, processo importante para diagnóstico da hipertensão e exame de glicemia capilar, que consiste na retirada de uma gota de sangue da ponta do dedo para avaliar a quantidade de açúcar no organismo, o que ajuda a descobrir sinais do diabetes ou no monitoramento da doença.

Por acaso - Foi justamente esse exame que diagnosticou, há 20 anos, o diabetes da dona de casa Lindalva Toledo, que descobriu a doença, por acaso, em uma campanha semelhante a realizada pela rede municipal esta semana. “Fui levar minha filha recém-nascida para tomar uma vacina no posto e estavam coletando sangue para o exame. Por curiosidade eu fiz e constataram a doença”, conta.

Ela não nega que desde a descoberta seu estilo de vida mudou radicalmente, mas ela garante que, com o acompanhamento e tratamento adequados, é possível conviver com o diabetes. “Adotei uma dieta e comecei a tomar comprimidos, mas acabei tendo que usar insulina também, mas sempre mantive minha rotina”, ressalta.

No entanto, apesar de todos os cuidados, a falta de um diagnóstico correto quanto a retinopatia diabética, doença que pode levar a cegueira, acabou causando danos à visão de Lindalva, que hoje luta na Justiça para obter três aplicações de uma injeção que pode salvar uma de suas retinas e amenizar o problema, que já tomou conta da outra.

Como cada aplicação custa R$ 5 mil, ela precisou recorrer a Defensoria Pública, que já deu ganho de causa à dona de casa, obrigando a rede municipal a providenciar a medicação. “Eles tem até dia 5 de dezembro para providenciar as injeções”, revela.

Após as aplicações, ela ainda terá que passar por cirurgia. A retinopatia não apresenta sintomas em sua fase inicial, mas Lindalva conta que percebeu os primeiros sinais há pelo menos 10 anos, porém, os médicos na identificaram o problema, que é diagnosticado através de um exame chamado fundoscopia, que faz um mapeamento da retina.

Novamente foi uma campanha da rede pública que a alertou para o problema, após ela passar por vários médicos da rede particular. “Fui em uma campanha ano passado e fiz o exame com um oftalmologista, que deu o diagnóstico”, lembra.

Para Lindalva, é importante aproveitar essas ações e não ter preconceito pelo fato de os profissionais atuarem na rede pública.

“Sempre tomei todos os cuidados, fazendo exames a cada seis meses, mas falta conhecimento de alguns médicos. Uma médica chegou a dizer que não havia mais nada a ser feito. Se eu não fosse atrás de uma segunda opinião, não saberia que meu caso tem tratamento”, diz.

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