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Capital

Suspeito de fraudar licitações é entusiasta da Lava Jato em rede social

Aline dos Santos | 22/03/2017 12:25
No ano passado, empresário divulgou apoio a Moro e operação contra corrupção. (Foto: Reprodução/Facebook)
No ano passado, empresário divulgou apoio a Moro e operação contra corrupção. (Foto: Reprodução/Facebook)

Suspeito de articular fraudes em licitações e alvo da operação Licitante Fantasma, o empresário Moisés Wisniewski é entusiasta da Lava Jato, ação de combate à corrupção; do juiz Sérgio Moro e do Partido Novo, que busca renovar a política. As predileções são registradas em posts de seu perfil no Facebook.

Em maio de 2016, por exemplo, deu publicidade ao fato de que assinou um abaixo-assinado virtual de apoio a Lava Jato. Na sua casa, no bairro Antônio Vendas, em Campo Grande, onde a PF (Polícia Federal) cumpriu mandado de busca e apreensão, mais um gesto de apoio à operação nacional. Na garagem, um veículo estava adesivado com “Eu apoio a Lava Jato”.

Ontem, Moisés foi preso por posse irregular de arma de fogo. Ele, que chegou a descer da viatura com uma sacola, indicativo de que levava pertences, foi solto ainda na terça-feira (dia 21). O empresário pagou fiança de R$ 10 mil. Ao ser preso, ele declarou que “está devendo até os cabelos”.

Em consulta ao Diário Oficial da União, Moisés aparece como procurador da empresa Mega Business Ltda., do qual era sócio. O contrato, que data de 2012, foi assinado com a superintendência regional no Mato Grosso do Sul do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O objetivo era atender a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para prestação de serviços de “braçagem na movimentação de carga e descarga dos produtos agropecuários e serviços correlatos e complementares nas unidade armazenadoras”. O valor estimado anual era de R$ 376.554,41.

Ontem, na operação Licitante Fantasma, em parceria com a CGU (Controladoria-Geral da União), a polícia cumpriu quatro mandados de buscas e apreensão nas residências e empresas de Moisés Wisniewski e José Mauro Viganó. Ambos foram presos por posse irregular de arma de fogo e pagaram fiança.

Esquema - Na avaliação de contratos de R$ 60 milhões, o prejuízo chega a R$ 25 milhões. O esquema foi descoberto após um empresário, que se negou a participar da fraude, fazer denúncia à Polícia Federal.

O grupo agia de três maneiras para maquiar e arrematar as licitações. No primeiro cenário, uma das empresas fraudadoras fazia proposta bem abaixo do teto da licitação. Desta forma, as que não estavam no esquema desistiam de concorrer. Porém, a que tinha oferecido menor preço desistia na fase de habilitação de documentos e abria caminho para que a empresa fraudadora, que tinha ofertado proposta mais cara, acabasse vencendo.

A segunda forma de atuação das fraudadoras consistia em uma delas procurar a empresa limpa e pedir para que ela desistisse da licitação, prometendo sublocar o serviço e dividir o valor excedente. Outra forma de atuação era quando todos os representantes das empresas se conheciam nas visitas técnicas e combinavam os valores do processo licitatório.

Os empresários são investigados por fraude à licitação, estelionato qualificado, formação de quadrilha e posse de irregular de arma de fogo. A reportagem não conseguiu contato com os os citados nesta quarta-feira (dia 22). O Partido Novo informa que Moisés não faz parte da direção do partido em Mato Grosso do Sul e nem consta na base de filiados.

Na casa de alvo da PF, adesivo manifesta apoio à operação Lava Jato.  (Foto: Marcos Ermínio)
Na casa de alvo da PF, adesivo manifesta apoio à operação Lava Jato. (Foto: Marcos Ermínio)
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