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Capital

Técnico de enfermagem desviava sangue de hospital para contaminar cachorros

Homem não gostava de cães e se incomodava com os animais da vizinha, alegando que faziam barulho excessivo

Dayene Paz | 12/09/2022 10:11
Sangue no portão da casa da vítima, no Jardim Los Angeles. (Foto: Divulgação PCMS)
Sangue no portão da casa da vítima, no Jardim Los Angeles. (Foto: Divulgação PCMS)

Técnico de enfermagem, de 34 anos, foi indiciado nesta segunda-feira (12) pela Polícia Civil após dois anos perseguindo a vizinha, no Jardim Los Angeles, em Campo Grande. Além de pedras e até sacos com fezes, de acordo com delegado Felipe Alvarez, o homem desviava sangue da Santa Casa, onde atuava, e jogava na casa da mulher para contaminar os cachorros.

As investigações foram conduzidas pela 5ª Delegacia da Capital. Conforme apurado, o desentendimento entre os vizinhos começou em agosto de 2020, logo que o suspeito se mudou para a região. Ele, supostamente, não gostava de cães e se incomodava com os três animais da vítima, alegando que faziam barulho excessivo.

Inicialmente, o técnico de enfermagem chutava a porta da garagem da vizinha tentando inibir os animais, mas com o passar dos dias as ações foram ficando mais graves. O homem começou a arremessar ampolas com sangue coletado de pacientes do hospital contra os muros e dentro da garagem da vizinha, no que parecia ser uma tentativa de contaminar os animais ou envenená-los.

O técnico também arremessava garrafas, pedras e até sacos com fezes no telhado da vítima, chegando a quebrar mais de 13 telhas nos dois anos de perseguição. No início do ano ele acabou desligado da Santa Casa, fato que não o impediu. O técnico começou a coletar sangue em laboratórios particulares nos quais trabalhava.

Com a perseguição aumentando, após algum tempo, a vítima instalou câmeras de segurança na frente de sua casa e no telhado, conseguindo flagrar o suspeito. Os arremessos, conforme a Polícia Civil, eram praticamente diários e o último ocorreu no início do mês de agosto.

Com o registro de boletim de ocorrência, a perícia foi até a casa e coletou o material, constatando que se tratava de sangue humano. O técnico de enfermagem foi indiciado por infração de medida sanitária preventiva majorada, peculato, maus-tratos de animais tentado, dano qualificado por motivo egoístico, perseguição majorada e violência psicológica contra a mulher. As penas máximas dos crimes podem atingir mais de 24 anos de prisão.

Trauma - Com a perseguição, este ano a vítima precisou iniciar tratamento psicológico semanal. O delegado Felipe Alvarez encaminhou pedido de medidas protetivas para o poder judiciário, solicitando aplicação excepcional da Lei Maria da Penha ao caso, inclusive com tratamento psicológico gratuito para a vítima.

A 3ª Vara da Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, entretanto, entendeu incabível a aplicação e encaminhou o caso para ser analisado pelo juízo comum.

A aplicação da Lei Maria da Penha entre vizinhos ainda não se encontra pacificada, sendo aceita em algumas decisões judiciais no Brasil e refutada em outras, pois a lei não é clara quanto à possibilidade. O tema já foi inclusive objeto de Projeto de Lei do Senado Federal, que visava incluir expressamente os vizinhos nô âmbito de proteção da lei.

Santa Casa - O hospital informou, por meio da assessoria de imprensa, que após saber que um funcionário, supostamente, estearia "desviando sangue da Santa Casa”, nvestigou o fato e descobriu que o técnico trabalhou na instituição até fevereiro de 2022, época em que houve a troca do laboratório terceirizado. "Vale destacar que não há relatos sobre desvio de sangue na instituição, tendo em vista que o laboratório da Santa Casa possui um controle de acesso rigoroso e os profissionais coletores não têm acesso a área técnica", completou.

(*) Matéria alterada para acréscido do posicionamento da Santa Casa, às 14h10.

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