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Capital

“Tiraram a vida dele e a minha junto”, diz viúva à espera do corpo de Wanderley

Após 4 dias do assassinato, corpo Wanderley está a caminho de Rondônia e família prepara velório para amanhã

Alana Portela e Bruna Marques | 16/03/2021 10:25
Fazendo pose para foto, Wanderley de Jesus da Silva tinha 32 anos. (Foto: Arquivo pessoal)
Fazendo pose para foto, Wanderley de Jesus da Silva tinha 32 anos. (Foto: Arquivo pessoal)

“Tiraram a vida dele e a minha junto”, lamenta Hozana Gomes, 26 anos, viúva de Wanderley Jesus da Silva, 32 anos, encontrado morto ao lado do corpo de Francisco Borges da Silva no dia 12 deste mês, em uma caminhonete abandonada na MS-010, na saída para Rochedinho, em Campo Grande.

Ela mora em Ariquemes, Rondônia, de onde o Wando, como gostava de ser chamado, saiu em busca de trabalho. De lá, veio para Campo Grande onde conseguiu emprego de motorista, para ajudar a esposa e a filha do casal, um bebê de 2 meses.

No último fim de semana, ela deu entrevista ao Campo Grande News relatando que a última vez que conversou com o esposo foi na manhã do dia em que o crime aconteceu.

No dia, ela ainda falou da desconfiança de Wando com relação ao novo trabalho. “Ele achava que tinha alguma coisa errada, só não sabia o que era”.

Desnorteada com a notícia do assassinato, a família pediu ajuda para angariar recursos e pagar o translado do corpo de Wando, que agora já está a caminho da cidade natal. “Saiu de Campo Grande ontem [segunda-feira 15], às 17h. Ainda não chegou. Está previsto para ser liberado pra nós na quarta-feira [17 de março] de manhã”, conta.

A tristeza toma conta da família e parece que o buraco no peito nunca mais vai cicatrizar. “Não tenho palavras que possam expressar como estou. Não sei o que dizer. Que tudo isso seja mentira”, implora Hozana.

Nesse momento, ela tenta ser forte já que precisa cuidar do bebê do casal. No entanto, a tristeza é maior ainda quando ela recorda que mal vai conseguir se despedir do amor de sua vida.

Local onde o crime aconteceu estava com vestígios de sangue e um boné jogado perto da porteira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Local onde o crime aconteceu estava com vestígios de sangue e um boné jogado perto da porteira. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Não poderemos nem abrir o caixão pelo fato de já terem se passado muitos dias”, relata. Além dessa situação de pandemia, a despedida não poderá ultrapassar as duas horas. “Por conta da pandemia esse é o tempo máximo e já será enterrado”.

Impossível segurar o choro ao lembrar dos planos do casal, dos sonhos de manter a família unida. Agora, resta o vazio no peito e o desejo de que tudo isso não tenha passado de uma brincadeira de mal gosto.

“Queria que fosse um engano, que ele chegasse aqui como sempre, pra dar meu beijo, brincar comigo e com nossa filha pra que essa dor que está dentro [do peito] suma e eu possa ser feliz novamente, pois ele me fez a mulher mais feliz desse mundo. Ele foi perfeito comigo sempre, tudo que uma mulher deseja receber de um homem, ele fez pra mim”, declara.

Na manhã de hoje (16), ela está organizando os últimos preparativos para o velório que vai ocorrer numa capela da igreja evangélica que o casal costumava frequentar juntos.

Investigações - O delegado Enilton Zalla da 2º Delegacia de Polícia Civil que está cuidando do caso relatou que,  pelas informações levantadas até agora com familiares, Wanderley não sabia o que estava acontecendo. "Veio para a cidade para fazer uma viagem com Francisco de carro, que foi trocado e não sabia o que estava acontecendo. Ele estava no lugar errado e hora errada".

Hotel - Wanderley e Francisco estavam hospedados em um hotel localizado na Vila Ipiranga, em Campo Grande. A proprietária do local, uma mulher de 50 anos que preferiu manter a identidade preservada, relata que procurou a polícia quando soube do assassinato.

Aos policiais ela contou que eles estavam hospedados em dois quartos, o 4 e o 14, e aparentavam ser tranquilos.  "Não tinham comportamento estranho, eram educados fizeram amizade", relata a dona do hotel à reportagem.

A empresária comenta que o primeiro a procurar abrigo no hotel foi Francisco, no dia 6 de fevereiro deste ano. "Ficou uma semana e foi embora. Depois retornou no dia 26 [do mesmo mês]", lembra.

Dez dias depois Francisco viajou e retornou para o hotel com Wanderley, onde ficaram hospedados até o dia do crime. Vez e outra, a empresária relata que eles saiam a noite. "Às vezes, mas geralmente ficavam por aqui. Conversavam com os hospedes, nunca trouxeram ninguém no quarto", comenta. "Eram gentis e educados", completa.

Ainda sobre o comportamento, ela recorda que era Francisco quem costumava conversar mais. "O mais novo ficava mais no celular, não era muito de conversar". No dia do crime, Francisco chegou a comentar com a dona do hotel que pagaria a diária dos dois no sábado, pois queria voltar para a cidade natal no fim de semana.  Contudo, não deu tempo.

Já na noite do dia 12, o corpo de Wanderley e Francisco foram encontrados e através das reportagens, a dona do hotel soube que se tratava de seus hospedes. "O pessoal viu e comentou. Aí fui olhar no livro de registro, eram os mesmos nomes. Aí fui na polícia, mas não encontraram nada suspeito nos quartos".

Os pertences de Wanderley e Francisco foram retirados do hotel,  que continua funcionando normalmente.

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