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Capital

Trânsito caótico faz motorista gastar até meia hora em pouco mais de 1 km

O Campo Grande News fez o teste e, alguns trechos, andar a pé pode ser mais rápido que de carro

Liniker Ribeiro | 28/03/2019 10:58
Lentidão no trânsito ao longo do trecho da Ceará entre Afonso Pena e Joaquim Murtinho:  (Imagem  Gabriel Rodrigues)
Lentidão no trânsito ao longo do trecho da Ceará entre Afonso Pena e Joaquim Murtinho: (Imagem Gabriel Rodrigues)

O retorno para casa tem sido estressante para motoristas que precisam passar pela região das Ruas Ceará e Joaquim Murtinho, nas proximidades do bairro Antônio Vendas, em Campo Grande, no fim do dia.

A principal reclamação tem sido quanto ao tempo gasto para percorrer pouco mais de 1 km, no trecho que vai da Rua 15 de Novembro, pela Ceará, até a Marques de Lavradio, pegando a Joaquim Murtinho.

Um teste do Campo Grande News indicou que, de carro, o tempo gasto no trajeto é de pouco mais de 20 minutos, levando em consideração o fluxo de veículos na região por volta das 17h30. Mas quem passa pelo local diariamente garante que a demora é ainda maior entre às 18h e 19h.

“É um transtorno total! Passo por aqui todos os dias e gasto de vinte e cinco minutos para mais só atravessando esse trecho”, revelou o motorista Fábio Davanço, que mora na região da Lagoa Itatiaia, no bairro Tiradentes.

E não precisa muito esforço para saber que o percurso poderia ser feito em muito menos tempo. Pela internet, por meio do serviço de mapas do Google, o calculo estimado indica que o motorista gastaria cerca de apenas 3 minutos para concluir o trajeto. 

Fábio Davanço, motorista que gasta de 25 minutos para atravessar trecho caótico (Foto: Kisie Ainoã)
Fábio Davanço, motorista que gasta de 25 minutos para atravessar trecho caótico (Foto: Kisie Ainoã)
Moto e caminhonete virando à esquerda em trecho da Ceará onde o tipo de conversão é proibido (Foto: Kisie Ainoã)
Moto e caminhonete virando à esquerda em trecho da Ceará onde o tipo de conversão é proibido (Foto: Kisie Ainoã)

Motoristas de ônibus também enfrentam a demora diária. “Normalmente o congestionamento começa no pontilhão [da Ceará com a Afonso Pena] e vai até a altura do ‘Vovó Ziza’”, confirma o trabalhador Alex Bueno.

No meio do percurso, diversos obstáculos, e até a imprudência de alguns condutores, contribuem para o atraso ser maior. Na altura da Rua Ceará com a Rua Luís Freire Benchitrit, por exemplo, é proibido que veículos que seguem sentido Uniderp/Escola Hércules Maymone virem à esquerda, mas a sinalização horizontal não impede que a conversão seja feita.

Em apenas cinco minutos no local, a reportagem flagrou 15 carros e seis motos virando à esquerda. Parados, esperando que os carros que descem no sentido contrário passem, os veículos acabam travando o trânsito para quem deseja seguir em frente.

Mais para cima, o mau uso das rotatórias passa a ser o problema. Motoristas mais “apressados” não respeitam o sentido das faixas e usam a da direita, que normalmente garante o acesso rápido para quem vai seguir em frente, para aguardar os carros que estão na rotatória - e por isso têm preferencia - para só então acessarem.

E ainda tem quem encontre outra dificuldade na região. Para o taxista Carlos Almeida de Rezende, de 64 anos, os canteiros, e até o terminal de ônibus instalado em frente à Escola Hércules Maymone, diminuem o espaço para os veículos. “Esse terminal no meio de tudo piora ainda mais a situação. A rua já é estreita, com canteiros largos, essa parada para ônibus tira ainda mais espaço”, opina.

Terminal Hércules Maymone; motorista acredita que parada para ônibus ocupa espaço que poderia ser usado por carros (Foto: Kisie Ainoã)
Terminal Hércules Maymone; motorista acredita que parada para ônibus ocupa espaço que poderia ser usado por carros (Foto: Kisie Ainoã)

Carlos ainda arrisca dizer que falta planejamento no local. “Os engenheiros de trânsito precisam pensar grande, como o próprio nome da cidade diz. Por que não um túnel ou outra via de acesso aqui na região?”, questiona.

E quando o motorista acredita que terá alívio no congestionamento, a situação fica ainda pior na continuação da Joaquim Murtinho, na altura da Avenida Eduardo Elias Zahran, até a Marques de Lavradio.

Apenas quatro quadras compõem o trajeto, mas o tempo gasto chega a ser considerado como “absurdo” pelos motoristas. Um novo teste feito pela reportagem apontou que a chance de quem anda a pé percorrer essa distância mais rápido que um veículo é grande. Caminhamos ao lado de uma carreta e, em vários momentos, o veículo não conseguia acompanhar nossos repórteres.

Foram pouco mais de cinco minutos andando de um ponto ao outro, tendo a carreta chegado junto com a equipe na região do Centro de Convenções do Idoso – Vovó Ziza. “O problema aqui é a falta de sincronização dos semáforos. Enquanto o da Joaquim Murtinho com a Rua São Vicente de Paula abre, o que fica na Marques de Lavradio – na quadra seguinte – ainda está fechado, ou seja, você anda um pouco e logo já para de novo”, aponta mais uma vez o taxista Carlos.

Susto – A reportagem também ouviu quem não costuma passar pela região diariamente. “Estou assustada! Quero chegar em casa rápido e não estou conseguindo. Está até parecendo São Paulo”, brincou uma motorista que se identificou apenas como Luciene.

Opinião compartilhada por outro condutor. “Eu nem costumo passar por aqui porque eu sei que é horrível e, por isso, tento fugir”, afirma.

O Campo Grande News esteve no local por dois dias. Na terça-feira (26), nenhuma equipe da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) ou da Polícia de Trânsito foi encontrada no local.

Já no fim da tarde de ontem (27), duas equipes acompanhavam a movimentação na região, estando dois agentes na rotatória da Joaquim Murtinho com a Ceará e outros dois na rotatória com a Avenida Eduardo Elias Zahran.

Indicação no Google de tempo que motorista gastaria para percorrer trajeto testado pela reportagem (Foto: Reprodução/Internet)
Indicação no Google de tempo que motorista gastaria para percorrer trajeto testado pela reportagem (Foto: Reprodução/Internet)
Fila de carros em congestionamento na continuação da Rua Joaquim Murtinho - próximo ao "Vovó Ziza" (Foto: Kisie Ainoã)
Fila de carros em congestionamento na continuação da Rua Joaquim Murtinho - próximo ao "Vovó Ziza" (Foto: Kisie Ainoã)
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