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Capital

Último réu pela morte de Maksoud adota silêncio durante júri

Mariana Lopes | 15/02/2013 11:34
Rafinha preferiu não se pronunciar e também não quis assistir aos debates (Fotos: Luciano Muta)
Rafinha preferiu não se pronunciar e também não quis assistir aos debates (Fotos: Luciano Muta)

O último réu pela morte do advogado Willian Maksoud Filho, ocorrida em abril de 2006, foi a júri popular na manhã desta sexta-feira (15). Acusado de ser o autor dos disparos, Rafael Carlos Mosqueda preferiu não se pronunciar e não respondeu a nenhuma pergunta. Ele também não quis ficar durante os debates e foi levado de volta ao presídio antes da fala de acusação do promotor de Justiça Humberto Lapa Ferri.

Rafinha estava foragido desde o crime e foi preso no ano passado em Assunção, no Paraguai. Como ele fugiu, o processo e o prazo do crime foram suspensos e a ação penal foi reaberta em março do ano passado. O réu foi extraditado e, em juízo, confessou o crime.

Na acusação, o promotor de Justiça ressaltou aos jurados o envolvimento de Rafael com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e foi enfático ao dizer que o assassinato foi encomendado pela organização. “A sociedade não pode ser benevolente ao crime”, alertou Lapa Ferri.

O promotor frisou o tempo inteiro que o caso se encerrava com o julgamento de Rafinha. “Agora é a hora do pistoleiro, que merece uma pena do tamanho do ato que fez”, pontuou.

Também no uso das palavras, o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, que na ocasião estava como assistente de acusação, leu parte do depoimento de Rafael aos jurados, no qual ele confessa ser o autor dos disparos.

No depoimento, ele contou que o mandante do crime foi Edmilson dos Santos Pires, conhecido por Dê, e que o motivo seria por causa de uma transferência de dinheiro que o advogado não fez, no valor R$ 100 mil.

“Eu não tinha nada contra ele, nem o conhecia, só sei que ele usou o dinheiro com irresponsabilidade e que devia para o Dê”, diz um trecho do relato de Rafael, lido pelo advogado José Roberto.

Em outra parte do depoimento, Rafael disse que sabia que Maksoud andava com seguranças armados e por isso também tinha consciência de que estava mexendo com quem não deveria.

“Ele disse isso para tentar desqualificar o homicídio, alegando que o advogado andava protegido e tinha como se defender”, acusou José Roberto. O juiz responsável pelo caso, Aluízio Pereira dos Santos, manteve as qualificadoras de motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Aluízio apresentou que Rafael é acusado por formação de quadrilha armada e porte ilegal de arma de fogo, mas que foram consideradas porque essas irregularidades estão sendo apuradas em procedimento próprio.

Rafinha também confessou em depoimento, conforme leitura do advogado, que ele tinha ido ao escritório de Maksoud outras duas vezes antes de matá-lo, para conhecer a rotina do escritório.

No dia do crime, o comparsa dele, Edson Ferreira, entrou e se passou por cliente. Antes de entrar na sala do advogado, que estava acompanhado de uma pessoa, Edson rendeu o segurança e, da porta da sala, Rafinha disparou os três tiros. “Estava a mais ou menos dois metros de distância dele”, diz relato do réu. Ele foi socorrido para a Santa Casa e morreu dias depois.

Doze pessoas foram denunciadas por envolvimento com o crime, mas somente quatro foram pronunciadas e três foram a júri popular. Edmilson dos Santos Pires foi condenado a 26 anos de prisão; Edson Ferreira, o Rato, a 23 anos e 8 meses de prisão; e Paulo Eduardo Nepomuceno Alves, o Peréu, a 20 anos.

Motivo - Conforme o processo, William Maksoud Filho advogou para o PCC, recebendo como pagamento um veículo S-10 e cerca de R$ 100 mil para transferir um integrante do grupo aos estabelecimentos prisionais de Campo Grande.

Como o advogado não obteve êxito na transferência, o grupo exigiu a devolução do pagamento efetuado. A vítima, conforme o processo, reembolsou somente R$ 30 mil, tendo por imposição do PCC que arcar com o restante da dívida mediante a prestação de serviços. Todavia, Maksoud negou-se e foi assassinado.

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