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Capital

Vítima de cárcere, menina de 7 anos era acalmada pelo tio: "Respira"

Menina e o tio foram rendidos quando chegavam em casa no Parati e foram abandonados em matagal nas Moreninhas

Silvia Frias e Clayton Neves | 28/01/2020 12:11
Vítima de cárcere, a menina de 7 anos relembra
o que passou e como saíram de matagal (Foto: Marcos Maluf)
Vítima de cárcere, a menina de 7 anos relembra o que passou e como saíram de matagal (Foto: Marcos Maluf)

“Meu tio tentava me acalmar, falava que tudo ia ficar bem, para eu respirar, porque eu estava com medo”. A menina de 7 anos, vítima de cárcere privado com o tio, de 42 anos, durante roubo ocorrido na noite de ontem, no bairro Parati.

As vítimas ficaram cerca de duas horas com os bandidos, até que foram abandonadas em matagal no bairro Moreninha II, onde pediram ajuda aos moradores da região.

A mãe da menina, uma pedagoga de 37 anos conta que a filha saiu com o tio para ir à festa no bairro Taveirópolis, enquanto ela estava jogando vôlei, no fim da tarde, por volta das 18h. Quando chegou em casa, por volta da meia-noite, estranhou que eles não voltaram.

Ela começou a ligar para o cunhado, mas o número estava desligado. A pedagoga e o marido entraram em contato com familiares e a preocupação aumentou, pois ninguém tinha notícias dos dois. “Meu marido estava para enfartar, ter colapso de nervoso”, disse, lembrando, ainda, do sentimento de culpa dele, pois a menina não queira ir à festa e foi convencida pelo pai.

Mãe da menina mostra a camisa usada pelos bandidos para amarrar o cunhado (Foto: Marcos Maluf)
Mãe da menina mostra a camisa usada pelos bandidos para amarrar o cunhado (Foto: Marcos Maluf)

O casal e os familiares entraram em contato com Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para verificar houve algum acidente envolvendo carro Fiat Palio e com as características deles.

Somente à 1h40 ela recebeu ligação da PM (Polícia Militar) informando que os dois haviam sido vítimas de roubo, mas já estavam em segurança e sem ferimentos. "Hoje dormi agarrada nela", contou. A pedagoga disse que mora no bairro há dez anos e, nos últimos dois anos, tem notado o aumento do relato de roubos na região. 

Apreensão – O tio da menina conversou com a reportagem enquanto estava na Defurv (Delegacia Especializada de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos) aguardando informações sobre o carro roubado.

Ele contou que estava chegando à casa da cunhada e do irmão, por volta das 23h, quando foi surpreendido por três homens armados. “Eu falei que estava com minha sobrinha no carro, eles disseram que não queriam nem saber”.

A menina dormia no banco traseiro e a vítima foi colocada com ela, enquanto os criminosos assumiram o veículo.

A todo o momento, os bandidos ordenaram que ele ficasse abaixado e não olhasse para eles. Quando se mexia e levantava, mesmo que levemente a cabeça, era agredido a coronhadas.

Outro momento de tensão foi quando os bandidos pediram a senha do cartão de crédito dele, mas, nervoso, não conseguia se lembrar. “Fala a verdade, fala a senha certa”, ameaçavam e, novamente, o agrediam a coronhadas. “Achei que iam tirar minha vida”, disse.

Socorro – A menina foi acordada e, juntamente com o tio, levada para matagal. O homem foi amarrado com a camiseta que usava e a garota foi deixada solta, entre as pernas dele.

Os bandidos ameaçavam os dois, dizendo que não se mexessem. O homem tentava acalmar a sobrinha, que chorava muito. A menina lembra que os criminosos se viraram para ele e disseram que, se ela saísse do lugar, iriam matar o tio dela.

Os dois ficaram no local cerca de 10 minutos. Nesse tempo, ouviram barulhos na mata e achavam que podiam ser os bandidos voltando. “Ela falava para mim ‘não levanta, tio’”.

Depois, com ajuda da sobrinha, o homem se soltou da camiseta e os dois começaram a andar. “A mata era gigante”, disse a menina ao Campo Grande News. A menina contou que, depois que saíram da mata, olhava o tempo todo para a rua, com medo da aproximação de algum carro. “Achava que eles estavam voltando”.

Os dois conseguiram chegar em rua com várias casas e pediram ajuda em duas que estavam com as luzes acesas, mas, ninguém atendeu. Somente na terceira ele conseguiu ajuda e ligou para a ex-namorada, o único número que lembrava no momento.

Relembrar ainda é traumático para ele. “Graças a Deus conseguir dormir, mas fiquei com medo, porque eles falaram que sabem onde eu moro, a gente fica apreensivo”.

Os bandidos levaram o carro, o celular e a carteira dele. O caso foi registrado como roubo majorado pela restrição de liberdade da vítima, pelo concurso de pessoas e sob ameaça de arma de fogo.

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