Vizinha denuncia pais e escola que amarram criança para ir às aulas
Manhã de sexta-feira, 7h20, e uma cena choca moradores do bairro Buriti, em Campo Grande. Pais de um garoto de 11 anos, diagnosticado com um distúrbio de comportamento, usam uma corda para amarrá-lo e colocar na van escolar. Uma das vizinhas, indignada com a situação, tirou fotos da agressão.
Segundo a vizinha, o garoto frequentemente sofre agressões do pai. “A criança é agressiva às vezes, mas percebo que quando ele está com a mãe, até fica tranquilo, mas com o pai ele se descontrola, grita por socorro”, diz.
O garoto estuda na Escola Clínica Santa Terezinha, especializada em atendimento a pessoas com distúrbios mentais, e vai para a instituição todos os dias na van escolar.
O Campo Grande News conversou com o motorista responsável pelo transporte, que ajudou a amarrar e colocar o garoto dentro do veículo. Ele disse que o procedimento é feito por orientação da escola.
A psicóloga da escola, Tânia Moraes da Costa, afirma que são aplicados medidas de "contenção física" nos alunos quando eles estão com o comportamento muito agressivo. “Faz parte do tratamento”, diz.
Na manhã de hoje, a reportagem do Campo Grande News esteve na escola para conversar com os responsáveis. O garoto estava na sala de aula preso à cadeira por um cinto, assim como todos os outros alunos.
"O cinto é para eles lembrarem que precisam ficar sentados, que não podem levantar da cadeira para perturbar o colega, mas eles próprios conseguem soltar o cinto", explica a psicóloga.
Na escola, algumas crianças ficam presas com uma espécie de talas nos braços, que são chamadas de manchete, e, de acordo com Tânia, servem para evitar que elas se machuquem e agridam outras pessoas. A psicóloga garante que este método de contenção física é amparado pela ONU e por juízes.
Segundo o pai da criança, o garoto vai para escola todos os dias amarrado. "A psicóloga fala para eu amarrar ele para dormir também, mas eu não tenho coragem de fazer isso com meu filho", conta.
O garoto foi adotado pela família com dois dias de nascido, ainda de acordo com o pai. O distúrbio mental foi descoberto quando ele tinha 5 anos, quando começaram a perceber o comportamento agressivo.
“Ele já ameaçou a mãe dele com faca, é uma criança agressiva e eu não sei mais o que fazer com ele, não estou dando conta”, desabafa o pai, que nega bater no menino.
O pai diz que pretende procurar o Conselho Tutelar para entregar o filho à Justiça. "Não tenho estrutura para cuidar dele", afirma.