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Capital

Vizinha denuncia pais e escola que amarram criança para ir às aulas

Mariana Lopes | 24/08/2012 13:57
Com a ajuda do motorista da van escolar, o pai usa uma corda para amarrar a criança(Foto: Divulgação)
Com a ajuda do motorista da van escolar, o pai usa uma corda para amarrar a criança(Foto: Divulgação)

Manhã de sexta-feira, 7h20, e uma cena choca moradores do bairro Buriti, em Campo Grande. Pais de um garoto de 11 anos, diagnosticado com um distúrbio de comportamento, usam uma corda para amarrá-lo e colocar na van escolar. Uma das vizinhas, indignada com a situação, tirou fotos da agressão.

Segundo a vizinha, o garoto frequentemente sofre agressões do pai. “A criança é agressiva às vezes, mas percebo que quando ele está com a mãe, até fica tranquilo, mas com o pai ele se descontrola, grita por socorro”, diz.

O garoto estuda na Escola Clínica Santa Terezinha, especializada em atendimento a pessoas com distúrbios mentais, e vai para a instituição todos os dias na van escolar.

O Campo Grande News conversou com o motorista responsável pelo transporte, que ajudou a amarrar e colocar o garoto dentro do veículo. Ele disse que o procedimento é feito por orientação da escola.

A psicóloga da escola, Tânia Moraes da Costa, afirma que são aplicados medidas de "contenção física" nos alunos quando eles estão com o comportamento muito agressivo. “Faz parte do tratamento”, diz.

Na manhã de hoje, a reportagem do Campo Grande News esteve na escola para conversar com os responsáveis. O garoto estava na sala de aula preso à cadeira por um cinto, assim como todos os outros alunos.

"O cinto é para eles lembrarem que precisam ficar sentados, que não podem levantar da cadeira para perturbar o colega, mas eles próprios conseguem soltar o cinto", explica a psicóloga.

O garoto agredido estava na sala de aula preso na cadeira por um cinto, assim como todos os outros alunos(Foto: Rodrigo Pazinato)
O garoto agredido estava na sala de aula preso na cadeira por um cinto, assim como todos os outros alunos(Foto: Rodrigo Pazinato)

Na escola, algumas crianças ficam presas com uma espécie de talas nos braços, que são chamadas de manchete, e, de acordo com Tânia, servem para evitar que elas se machuquem e agridam outras pessoas. A psicóloga garante que este método de contenção física é amparado pela ONU e por juízes.

Segundo o pai da criança, o garoto vai para escola todos os dias amarrado. "A psicóloga fala para eu amarrar ele para dormir também, mas eu não tenho coragem de fazer isso com meu filho", conta.

O garoto foi adotado pela família com dois dias de nascido, ainda de acordo com o pai. O distúrbio mental foi descoberto quando ele tinha 5 anos, quando começaram a perceber o comportamento agressivo.

“Ele já ameaçou a mãe dele com faca, é uma criança agressiva e eu não sei mais o que fazer com ele, não estou dando conta”, desabafa o pai, que nega bater no menino.

O pai diz que pretende procurar o Conselho Tutelar para entregar o filho à Justiça. "Não tenho estrutura para cuidar dele", afirma.

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