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Capital

Vizinhos contam desespero da mãe e se revoltam com crime brutal

Aliny Mary Dias e Francisco Júnior | 19/09/2014 07:52
Casa onde pais de Fernando e ele vivia com a mulher e enteados (Foto: Marcos Ermínio)
Casa onde pais de Fernando e ele vivia com a mulher e enteados (Foto: Marcos Ermínio)

A rua Vitor Horta, no Bairro José Abrão, amanheceu diferente. Vizinhos revoltados com a morte brutal da menina de 2 anos, que a polícia suspeita ter sido estuprada e agredida, tentam entender a tragédia e principalmente a atitude de um homem que cresceu no bairro e agora é acusado de ser o responsável pela morte da enteada. O crime aconteceu na tarde de ontem (18) e Fernando Floriano Duarte, de 33 anos, continua preso.

Entre os moradores o sentimento de espanto é compartilhado. A diarista Shirlei Maria de Souza, 52 anos, presenciou o desespero da mãe e ainda a ajudou a socorrer a filha. Ela conta que estava em frente de casa tomando tereré com o marido quando viu a mãe sair de casa com a criança no colo e pedindo socorro.

A menina estava desfalecida, sem roupas, suja de fezes e com hematomas pelo corpo. Shirlei correu até a mãe e acionou a Polícia Militar. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também foi chamado, mas um vizinho passou de carro pelas mulheres e a criança acabou sendo socorrida por ele. Apesar das tentativas da equipe da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, a criança não resistiu aos ferimentos.

Para quem presenciou o desespero de uma mãe e a morte de uma criança, o que resta é a indignação. “Estou chocada com o que eu vi ontem, nunca pensei na minha vida que isso iria acontecer do meu lado. Ele é um psicopata, foi criado no meio de todo mundo e ninguém poderia imaginar que um dia isso pudesse acontecer”, desabafa a diarista.

A casa amanheceu vazia nesta sexta e há brinquedos espalhados pelo local (Foto: Marcos Ermínio)
A casa amanheceu vazia nesta sexta e há brinquedos espalhados pelo local (Foto: Marcos Ermínio)

Fernando vivia com a mulher e os dois enteados em uma casa dos fundos do terreno dos pais dele. O casal de feirantes é bastante conhecido no bairro e mora com os três filhos de Fernando com outra mulher.

Outra que teve contato com a família agora atingida pela tragédia é a auxiliar de serviços gerais Daniele Oliveira da Silva, 29 anos. Ela foi babá dos filhos de Fernando com a antiga mulher e revela que o homem sempre se comportou de forma agressiva e que já tentou bater nela uma vez.

“Isso é revoltante, a gente não pode imaginar uma coisa dessa. Como que ele pode fazer isso sendo criado pelos pais que tem?, questiona. Daniele conta ainda que os problemas com álcool pioravam a agressividade de Fernando.

O vendedor Vinícius Neves, 32 anos, é amigo de infância de Fernando. Ele confirma a “loucura” que atingia o amigo toda vez que tinha contato com a bebida. Pai de uma criança de 1 ano e meio, o vendedor ainda não acredita no que aconteceu. “Quem faz isso com uma criança não merece perdão. Não se faz com ninguém, muito menos com criança”, desabafa.

Fernando foi preso no início da noite de ontem e continua detido na Depac Centro (Foto: Liana Feitosa)
Fernando foi preso no início da noite de ontem e continua detido na Depac Centro (Foto: Liana Feitosa)

Crime - Fernando foi preso logo depois do crime e, ouvido na delegacia, negou ter agredido ou estuprado a menina e o enteado de 6 anos, a criança também possui hematomas pelo corpo. Fernando disse que estava limpando o jardim da casa onde vivia com os enteados e a mulher, mãe das crianças, quando a menina de 2 anos chegou e atrapalhou. Ele contou à polícia que mandou a criança ir para dentro da casa, foi aí, segundo ele, que a menina teria tropeçado e batido a cabeça no sofá.

Essa é a justificativa do suspeito para o grande hematoma encontrado na parte de trás da cabeça da menina. No entanto, os levantamentos iniciais da perícia dão conta de que há vários hematomas nos braços da criança. O enteado de 6 anos contou aos policiais que também foi agredido com um soco na boca, mas o suspeito nega. Depois do crime, o homem trocou de roupa, saiu de casa foi até um bar beber e ainda raspou a cabeça.

O corpo da criança só passará por exame necroscópico a partir das 8 horas, no IMOL (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), e o velório deve acontecer em Bandeirantes, distante 70 quilômetros da Capital. O caso deve ser repassado à DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) ainda hoje.

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