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Yago e a volta por cima: ele sobrevive forte e prova que morte não é o fim

Com 54 centímetros e 4,2 quilos, bebê guerreiro é caso raro no mundo ao ser gerado em ventre de mãe com morte cerebral.

Anahi Gurgel | 30/12/2017 10:01
Yago e a volta por cima: ele sobrevive forte e prova que morte não é o fim
Yago em casa, observando atentamente o movimento da câmera que o fotografava. (Foto: Marcos Ermínio)
Yago em casa, observando atentamente o movimento da câmera que o fotografava. (Foto: Marcos Ermínio)

Mesmo com os pulmões ainda em formação, ele chorou forte quando nasceu. Estava na 27ª semana e veio ao mundo por parto cesárea, feito na mãe com morte cerebral. O nascimento foi uma vitória; a sobrevivência uma luta intensa durante os 7 meses e 21 dias em que esteve internado na Santa Casa de Campo Grande: ele deu a volta por cima e é um dos personagens principais deste ano de 2017. 

Yago Souza Sodré de Noronha nasceu por volta das 11h da sexta-feira de 31 de março. Era muito pequenino com seus 34 centímetros e pouco mais de 1 quilo. 

Caso raro, 35º no mundo inteiro, terceiro do Brasil e inédito em Mato Grosso do Sul - , o bebê foi gerado durante dois meses no útero de Renata Souza Sodré, que sofreu um AVC hemorrágico aos 22 anos.

Eduardo de Noronho só sorrisos no dia da alta médica, em 21 de novembro. (Foto: Marcos Ermínio)
Eduardo de Noronho só sorrisos no dia da alta médica, em 21 de novembro. (Foto: Marcos Ermínio)

Renata deu entrada no hospital no dia 27 de janeiro e teve morte cerebral confirmada três dias depois, já entrando na 17ª semana de gestação. Numa arriscada decisão da equipe médica e da família, Renata foi mantida viva para que o primeiro filho tivesse a chance de vir ao mundo.

“Em 2017 aprendi a crer no impossível. Meu filho é um milagre”, descreve Eduardo de Noronha, 25.

Ele visitou a esposa grávida todos os dias. Acariciava a barriga dela e sentia os fortes chutes do bebê. Depois que nasceu, pelo vidro da incubadora, o pai tentava passar seu afeto ao pequeno, sem perder um só dia de visita. Foram cinco meses assim até conseguir segurar Yago no colo pela primeira vez.

Hoje, a rotina segue com seus melhores momentos do dia. "Poder acordar e dar um beijo antes de ir pro trabalho e depois quando eu chego, sentir o cheirinho dele", define o pai.

Mas ainda é muito tênue a linha entre a dor da perda e felicidade do nascimento.

A mãe de Renata, Adriana de Souza Ávalo, 44, numa espécie de confissão, disse que só viu o neto depois que a filha foi enterrada. "O nascimento dele representava a morte dela. Até pensei em pedir para não desligarem os aparelhos porque eu tinha esperança que ela fosse acordar a qualquer momento", lembra.

Yago no colo da avó, no sofá de casa, fica atento a tudo ao seu redor. "Gênio forte igual ao da mãe". (Foto: Marcos Ermínio)
Yago no colo da avó, no sofá de casa, fica atento a tudo ao seu redor. "Gênio forte igual ao da mãe". (Foto: Marcos Ermínio)

Campo de batalha - Ainda tão pequeno, o guerreirinho - como foi apelidado pela equipe médica - já enfrentou desafios enormes. O primeiro foi um problema respiratório assim que nasceu. Teve que ser entubado nas primeiras horas neste mundo. Pegou três infecções e fez cirurgias de hérnia, no olho e no coração.

Recebeu alta em 21 de novembro, quando atingiu 3,5 quilos e 51 centímetros. Foi uma festa!

Para sair do hospital, Yago precisou ganhar peso e aprender a sugar sozinho. Conseguiu!

Tanto tempo observando somente paredes de um hospital, hoje o bebê é atento a tudo que o rodeia. Está grandinho com seus 54 centímetros e 4,2 quilos, e cheio de personalidade.

"Parece com a mãe, principalmente no gênio forte", diz a avó, enquanto tentava distrair o neto, empenhado em alcançar a máquina fotográfica que o registrava. 

Oito dias após a alta, deu o maior susto na família quando se engasgou com medicamento. Motivo? Ficou bravo porque achou que era o "mamá" e se recusou a engolir. Mais uma batalhinha para a conta. 

E que venha o próximo desafio: enfrentar uma colher de papinha. Alguma dúvida de que nosso guerreirinho já está se preparando?

No colo da avó, Yago observa toda movimentação da equipe em sua casa. (Foto: Marcos Ermínio)
No colo da avó, Yago observa toda movimentação da equipe em sua casa. (Foto: Marcos Ermínio)

Confira a galeria de imagens:

  • No colo da avó, observando o movimento ao seu redor.
  • A vovó Adriana e netinho de mãos dadas.
  • Eduardo de Noronha e equipe médica no dia da alta.
  • Pai e avó observam Yago ainda na incubadora.
  • Tão miudinho, na incubadora.
  • Primeira vez que Eduardo segurou o filho no colo. (Arquivo Pessoal)
  • Renata Sodré, mãe de Yago. (Foto: Arquivo Pessoal)
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