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CCR MSVia lucrou, contratou, investiu menos e ainda quer reajustar contrato

Empresa arrecadou R$ 291 milhões só com o pedágio em 2016 e teve lucro de R$ 57 milhões, mas quer revisão de contrato para ‘se livrar’ do prazo para duplicar rodovia

Anahi Zurutuza | 15/04/2017 09:40
BR-163 próximo à Capital, onde pista ainda não foi duplicada; rodovia federal é uma das mais movimentadas do Estado (Foto: Arquivo)
BR-163 próximo à Capital, onde pista ainda não foi duplicada; rodovia federal é uma das mais movimentadas do Estado (Foto: Arquivo)

Alegando precisar revisar o contrato com o governo federal para não ir a falência, a CCR MSVia lucrou R$ 57 milhões com a BR-163 no ano passado, contratou 269 pessoas e reduziu em 13,2% o total de investimentos em relação ao ano anterior.

Apesar de fechar 2016 com balanço financeiro positivo, diante da crise econômica, a empresa quer “se livrar” da obrigação de duplicar até 2020 toda a rodovia federal que corta Mato Grosso do Sul de norte a sul.

Conforme consta no balanço financeiro do ano de 2016, divulgado pela CCR no dia 7 de março, a receita da empresa foi de R$ 750 milhões, quase 30% a mais que o total arrecadado no ano anterior – R$ 580 milhões.

Só o pedágio – que custa por veículo entre R$ 4,60 e R$ 7,40 – rendeu à concessionária R$ 291 milhões, três vezes o total arrecado em 2015, quando motoristas pagaram R$ 89 milhões à empresa para trafegarem pela BR-163.

Em 2016, a CCR MSVia investiu menos, R$ 533 milhões em obras, equipamentos e veículos.

Segundo divulgou no relatório, foram 13,2% a menos que em 2015, quando gastou com R$ 637 milhões.

A empresa terminou o ano com lucro de R$ 57 milhões e novas contratações. Hoje, a concessionária emprega cerca de 3 mil pessoas no Estado, se contatos os terceirizados.

Crise – Em tempos de recessão, empresas de todos os setores da economia apertam os cintos e o economista Marcio Coutinho explica que apesar de estar aparentemente bem financeiramente não significa que a CCR MSVia ou qualquer outras empresa tenha de cortas gastos. “Numa análise geral, a gente perceba que o que a empresa quer é parar de investir e continuar arrecadando para ganhar fôlego, para não serem estrangulados no futuro. Empresas deste porte projetam lá na frente”.

O economista explica que é justamente por isso que grandes companhias dificilmente quebram, como aconteceu com o pequeno empresário.

Coutinho lembra ainda que o fato de ter contratado no ano passado também não é sinal de que a concessionária está passando ilesa pelos anos de recessão econômica. “Os gastos com pessoal tem impacto significativo nas despesas, mas é a última coisa que o empresariado corta, justamente porque saber que para recontratar, treinar vai gastar mais ainda”.

Trecho duplicado da rodovia federal (Foto: CCR MSVia/Divulgação)
Trecho duplicado da rodovia federal (Foto: CCR MSVia/Divulgação)

Estágio das obras – Em três anos, metade do prazo para que a CCR concluísse a duplicação da BR, nem um quinto da obra foi terminada. Até agora, só 138 km da rodovia têm pistas duplas, embora a empresa argumente que a quantidade de trechos duplicados ficou acima da meta – que era de 129 km – para o período.

A empresa tem o compromisso, firmado em contrato, de duplicar 806 km até o quinto ano da concessão, mas na quarta-feira (11), a concessionária anunciou a paralisação das obras na rodovia, ao menos até que o pedido de revisão contratual para que o prazo seja prorrogado por tempo indeterminado.

A proposta da empresa é repactuar o acordo de forma que entre o 10º e 15º ano de operação, metade da rodovia (400 km) esteja duplicada.

Revisão –  O presidente da CCR MSVia, Roberto Calixto, explicou que desde a assinatura do contrato, em março de 2014, as condições econômicas do país mudaram, as taxa de juros subiram de 5% para 7,5% no período e em 2013 quando as projeções foram feitas o Brasil não passava pelas dificuldades, que iniciaram em 2014.

Para as obras na BR-163, a empresa fez dívidas milionárias de longo prazo com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e com a Caixa Econômica Federal.

A CCR cogita rescindir o contrato caso não tenha o prazo ampliado, mesmo sob pena de multa, mas não detalha valores, estimados em milhões.

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