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Cidades

Com 1/3 do efetivo necessário, associação dos peritos reclama da desvalorização

Paula Vitorino | 02/12/2011 14:43

Associação frisa que profissão de perito é essencial para resolução de crimes, mas não é reconhecida. Em comemoração ao Dia Nacional do Perito, Associação lança primeiro manual criminalístico

Presidente da Associação diz que profissão acaba sem reconhecimento do poder público e da população. (Foto: Simão Nogueira)
Presidente da Associação diz que profissão acaba sem reconhecimento do poder público e da população. (Foto: Simão Nogueira)

Com apenas 1/3 da quantidade de peritos necessários para atender Mato Grosso do Sul, o presidente da Associação dos Peritos Oficiais do Estado, João Ricardo Parreira, afirma que a profissão não é valorizada, apesar de sua importância.

“Nosso trabalho é fundamental para a resolução de um crime, mas como ele é mais feito nos bastidores, o ofício do perito acaba não sendo de conhecimento da população e nem prioridade dos órgãos de segurança pública”, avalia.

Segundo a Associação, o Estado conta hoje com 166 peritos, sendo 120 criminais e 40 médicos legistas. No entanto, João aponta que seria preciso ao menos triplicar esse número para atender a demanda nos trabalhos, considerando a proporção recomendada de 1 perito para cada 5 mil habitantes.

A situação é precária também em todo o país, que conta com cerca de 6.500 peritos, sendo que o ideal seria um efetivo de aproximadamente 35 mil.

O perito atua na materialização de vestígios para produzir a prova material que pode solucionar um crime. “A perícia é a rainha das provas, que traz a verdade sobre os fatos. Trabalhamos com o real, a verdade”, diz João.

Na resolução de um crime, as investigações contam principalmente com os laudos periciais e os depoimentos de testemunhas, mas João ressalta que a precisão da perícia é a única prova material.

“Os depoimentos de testemunhas podem ser mentirosos, mas a perícia não. Ela é a grande prova, que pode colocar na cadeia ou inocentar um acusado”, diz.

Entre os casos em que a perícia foi fundamental para a resolução, João lembra do caso Rogerinho, onde o menino de 2 anos morreu em uma briga de trânsito há 2 anos, na Capital.

O perito explica que o trabalho das perícias, com reproduções simuladas no local do crime e outros laudos, foi fundamental para comprovar que o jornalista Agnaldo Ferreira Gonçalves, de 62 anos, teve intenção de matar e foi o autor dos tiros. Ele foi condenado na última terça-feira a mais de 14 anos de prisão.

Manual - Com o objetivo de aprimorar os trabalhos dos peritos no Estado, nesta sexta-feira (2) foi lançado o livro “Manual de atendimento a locais de morte violenta”, escrito pelo perito criminal Amilcar da Serra e Silva.

O evento aconteceu durante o XII Seminário Regional dos Peritos Oficiais, que contou ainda com palestras sobre as novas tecnologias. A iniciativa é em comemoração ao Dia Nacional do Perito - 4 de dezembro.

O livro é uma novidade na área criminal no Estado e todo o conteúdo é baseado em experiências reais de casos ocorridos MS e alguns com grande repercussão na mídia local.

O autor explica que o objeto é justamente proporcionar ao perito um manual, baseado no material recolhido ao longo de 23 anos de profissão. Entre as dicas para a atuação do profissional no local de crime, Amilcar frisa a importância das fotos.

“São vários fatores essenciais e que devem ser considerados no local, mas as fotos são primordiais. Depois, se o perito precisar rever algum detalhe ou tiver dúvidas, vai ter a sua disposição as imagens”, frisa.

A carreira de perito é iniciada mediante aprovação em concurso público e o profissional pode atuar em diversas áreas dentro da perícia. O salário inicial no Estado, segundo a Associação, é de R$ 3.650 para 40h semanais. Mais informações sobre a profissão podem ser obtidas pelo site: www.apoms.org.

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