Comunidade que leva nome de José Anchieta comemora canonização
Um grupo especial de católicos em Campo Grande teve motivos a mais para comemorar a canonização do Padre José de Anchieta, anunciada ontem (3) pelo papa Francisco. Os fiéis fazem parte da comunidade que leva o nome do jesuíta, agora santo para a Igreja Católica.
Para celebrar o anúncio da canonização, haverá procissão em honra ao santo, no próximo domingo (6), às 18h30. Em seguida, o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara, vai celebrar uma missa no local. Em 1982, foi realizada a primeira missa na comunidade.
A capela, na Vila Piratininga, recebe cerca de 450 devotos que participam da missa dominical regularmente.
Lá, os católicos esperavam há muito tempo pela cerimônia no Vaticano. “Foi uma alegria muito grande”, contou a coordenadora administrativa da comunidade, Elza Aniceto da Cunha, 59 anos.
Conforme a Igreja, a assinatura do decreto de canonização estava prevista para quarta-feira (2), mas foi adiada para ontem (3), em razão da agenda do papa. Apesar disso, a comemoração na comunidade da Capital não foi adiada, e um grande bolo marcou a celebração.
A coordenadora Elza ajudou a engrossar os pedidos enviados ao Vaticano, clamando a canonização. Como muitos fiéis, ela enviou uma carta, há dois meses, atribuindo milagres ao então beato José de Anchieta.
“Eu atribuo a ele as graças que eu consegui com o restabelecimento do meu sobrinho que está internado na Fazenda Esperança. Hoje ele está ótimo e já vai fazer a primeira comunhão”, contou.
Segundo ela, muitos pedidos feitos para a comunidade são atendidos pelo santo. "Nós acreditamos e confiamos na intercessão dele junto a Deus".
Porém, apesar dos testemunhos e narrativas históricas, não há nenhuma confirmação sobre milagres atribuidos ao beato. Tradicionalmente, são necessários pelo menos dois milagres - um para a beatificação e outro para a canonização -para que alguém seja declarado santo.
Mas o papa João Paulo II dispensou essa necessidade quando beatificou o padre em 1980. O papa Francisco fez o mesmo e assinou o documento.
A solenidade deste quinta-feira encerrou um longo processo iniciado em 1597, logo após a morte de José de Anchieta. Nascido nas Ilhas Canárias, ele veio para o Brasil em 1553. Conhecido como "apóstolo do Brasil", ele participou da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, considerado berço da capital paulista.
De acordo com a Igreja Católica, a difamação sofrida pelos padres jesuítas, ainda no século 18, retardou o processo de beatificação e, posteriormente, de canonização. A ordem chegou a ser expulsa do país em 1759, conforme dados históricos.
Santos brasileiros- Além de Padre Anchieta, o Brasil tem outros dois santos. Frei Galvão, o único nascido no país e Madre Paulina, natural da Itália, mas que viveu muitos anos em terras brasileiras .
Madre Paulina foi canonizada em 2002, 60 anos após sua morte. Frei Galvão recebeu o título 2007, 185 anos depois ter início o processo na Igreja.
A comunidade Padre José de Anchieta pertence a paróquia São Judas Tadeu.