ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 23º

Cidades

Da dor da perda inesperada, surgiu a decisão de ver Jardel em outras vidas

O rapaz atirou na própria cabeça no feriado de Natal e sofreu traumatismo craniano, que evoluiu para morte cerebral constada por uma equipe médica

Viviane Oliveira | 29/12/2017 17:15
Jardel teve morte encefálica (Foto: reprodução/Facebook)
Jardel teve morte encefálica (Foto: reprodução/Facebook)

A família de Jardel Lopes, 18 anos, decidiu doar os órgãos do jovem para cinco pacientes que aguardavam na fila de transplante. O rapaz atirou na própria cabeça no feriado de Natal, em uma fazenda de Bonito, onde morava.

Ele sofreu TCE (Traumatismo Craniano Encefálico), que evoluiu para morte cerebral constatada por uma equipe médica da Santa Casa de Campo Grande. 

Cinco órgãos do jovem foram captados na última quarta-feira (27). O coração foi levado para Brasília. O fígado e um dos rins foram para São Paulo. O outro rim permaneceu na Santa Casa e foi doado para um paciente de 55 anos, que desde os 52 fazia hemodiálise.

Segundo a Santa Casa, neste ano foram registradas 35 doações de órgãos. A enfermeira Ana Paula Silva das Neves, coordenadora da OPO (Organização de Procura de Órgãos), explica que o consentimento das famílias é de grande importância para que o sistema de transplantes beneficie mais pessoas. 

Ainda conforme a unidade de saúde, apenas 30 das 75 famílias de pacientes com morte encefálica autorizaram a doação. No entanto, se comparados com o mesmo período do ano passado, o número de autorização aumentou. 

O processo de doação acontece depois da confirmação de morte cerebral constatada após três exames, com intervalo de 6h cada um. As buscas por receptadores são feitas no Estado e no Sistema Nacional de Transplantes.

Na tarde de Natal, equipes médicas do Hospital Universitário Maria Pedrossian, em Campo Grande, fizeram o primeiro procedimento cirúrgico de captação de órgãos. A doação foi autorizada pela família de um paciente de 36 anos.

Inesperado - A morte de Jardel chocou a cidade onde ele vivia. Nas redes sociais, amigos, professores e conhecidos comentaram sobre a partida precoce. “Ele nunca demonstrou tristeza e estresse. Era muito querido e extremamente educado”, comentou por telefone Loiva Heidecke Schiavo, ex-coordenadora da Escola Estadual Bonifácio Camargo Gomes, onde o rapaz estudava. 

A reportagem tentou, sem sucesso, falar com os pais de Jardel, mas não conseguiu contato justamente porque eles vivem na área rural. Fato é que mesmo sofrendo com a perda do jovem, a família decidiu doar os órgãos do filho. 

Suicídio  - De janeiro até agora, foram registrados pela Secretaria de Estado de Saúde, 232 casos de suicídio, quatro casos a mais que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram 228. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), o suicídio é, hoje, uma epidemia e uma das principais causas de morte em todo o mundo, principalmente entre adolescentes e jovens. 

Atenção - Segundo capitão do Corpo de Bombeiros e capelão Edílson Reis - que desenvolve trabalhos de orientações e prevenções - nenhum suicídio é um caso isolado. A pessoa dá sinal. “O que precisamos fazer é ver o que esse jovem está postando nas redes sociais, como ele se comporta e oferecer apoio”, alertou em um dos textos postados pelo site do Corpo de Bombeiros.

Prevenção - O CVV (Centro de Valorização da Vida) funciona como um canal de prevenção ao suicídio. Pessoas que pensam em tirar a própria vida podem fazer contato pelo número 141, e-mail, Skype ou até pessoalmente. Os voluntários estão dispostos a ouvir e o sigilo é garantido.

Nos siga no Google Notícias