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Cidades

Decisão sobre despejo em Rio Brilhante deve sair até 19h

Redação | 27/05/2009 16:44

Pelo viva-voz do telefone celular, famílias guarani são informadas ao longo do dia pela procuradora regional da República, Maria Luiza Grabner, sobre a possibilidade de cair mandado de reintegração de posse da área onde estão acampados há 1 ano e meio.

O julgamento de recurso no Tribunal Regional Federal, impetrado pelo Ministério Público Federal, é esperado ainda para esta quarta-feira. O prazo para deixar o local venceu ontem, mas os índios decidiram permanecer na fazenda Santo Antônio, em Rio Brilhante, até que se esgotem todas as possibilidades jurídicas de permanência na área, reivindicada como tradicionalmente indígena. Para eles, a terra já tem outro nome: Laranjeira Nhanderu

Pela manhã, homens da Polícia Federal passaram pela propriedade, "mas não deram nenhuma ordem", conta o guarani Daniel da Silva, de 36 anos.

Ele, a esposa e o filho adolescente entraram na fazenda com outras 37 famílias e lutam pela posse de 430 hectares. Caso a decisão da Justiça Federal seja pelo despejo, todos devem mudar o acampamento para a beira da rodovia. "Não muda nada, a miséria continua a mesma. Aqui a gente já não pode plantar, fazer nenhum melhoria porque fica nesse impasse. Na estrada, a única dificuldade maior vai ser o perigo", avalia Daniel.

Segundo ele, no ano passado um jovem índio morreu atropelado na rodovia. Foi uma das seis mortes lamentadas nos últimos meses pela comunidade. "Outros três se enforcaram de desespero", relata o guarani.

Até às 19 horas, horário de Mato Grosso do Sul, a procuradora ficou de telefonar novamente, desta vez com o resultado da votação, esperam as famílias.

"Se for contra a gente, vamos sair pacificamente. Não vamos arrumar confusão. Temos de respeitar a lei e dar o exemplo", garante Daniel.

A fazenda é uma das propriedades abrangidas pelas portarias da Funai que estabelecem estudos antropológicos para demarcações na região sul do Estado. "Mas esse processo não anda", reclama o indígena.

Daniel conta que a Funai tentou negociar com as famílias a transferência para outras aldeias, em Dourados e Amambai, mas a comunidade não aceitou.

"Não vamos incomodar os outros, que já vivem lá apertados. Essa terra aqui é nossa, um direito, vamos lutar por ela", justifica.

A reintegração de posse foi determinada pela juíza titular da 2ª Vara Federal em Dourados, Kátia Cilene Balugar Firmino, em benefício do produtor rural Mario Cerveira. A decisão é de 29 de abril, quando a magistrada deu 15 dias de prazo para eles deixarem a propriedade.

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