Dor após morte de filhas no exterior une mães
Terezinha Corrêa Lopes e Reinaldo Lopes, mãe e irmão da campo-grandense Valéria Lopes, 27 anos, que faleceu na Itália há 7 anos, resolveram procurar a família de Patrícia Nerino Penha, 23 anos, que morreu em Portugal na madrugada de segunda-feira, para prestar solidariedade.
Sensibilizados com o drama dos familiares de Patrícia e com a experiência de já terem passado por problema semelhante, é a terceira vez que Terezinha e Reinaldo ajudam parentes de pessoas que morreram no exterior.
Para Reinaldo Lopes, a falta de informações é o principal entrave enfrentado por quem perde um parente e fica no Brasil aguardando notícias.
"A gente entende muito bem a angústia desta mãe, o grande problema é que, além de perder alguém da sua família, você ainda tem que lidar com o fato de não ter informações a respeito do que acontece", afirmou o irmão de Valéria, que trabalhava na Itália lavando pratos em um restaurante e morreu tentando salvar os filhos da patroa de um incêndio.
A mãe de Valéria afirma que a morte de Patrícia a faz lembrar do problema que enfrentou com sua filha, há 7 anos.
"Volta tudo na minha cabeça. Só quem passou a mesma coisa que ela, pode sentir", afirmou.
Reinaldo e Terezinha ficaram sabendo da morte de Patrícia pela imprensa, e resolveram procurar sua família por já terem experiência na busca de informações no exterior.
Na época, eles mobilizaram políticos de Mato Grosso do Sul, a embaixada do Brasil na Itália e até o Itamaraty.
Por sorte, a prefeita da cidade onde Valéria faleceu viu imagens de sua mãe chorando em Campo Grande, se sensibilizou e pagou para que o corpo fosse trazido ao Brasil.
No caso de Patrícia, as coisas estão um pouco mais complicadas. Na próxima segunda-feira, faz uma semana de sua morte e até agora, há poucas informações sobre as circunstâncias de seu falecimento em Portugal.
Após dez dias de internação em hospitais psiquiátricos em Lisboa, Patrícia faleceu e nem a causa da morte foi esclarecida aos familiares.
Em busca do sonho de cursar uma universidade, Patrícia deixou o Brasil e foi trabalhar na Europa. Lá conheceu o douradense Diego Pavão, 20 anos, com quem passou a conviver.
A moça já estava com data da viagem de volta marcada porque não queria mais viver longe da família. Patrícia retornaria em 9 de setembro, segundo revelou a mãe Guilhermina Nerino, 43 anos.
Guilhermina conta que Diego levou Patrícia ao hospital público Curry Cabral porque estava muito deprimida. A intenção era que a jovem ficasse lá por poucos dias.
Porém, após cinco dias de internação, Patrícia foi transferida para o hospital Júlio de Matos.
O agravamento do quadro clínico de Patrícia levou o irmão Alexsander Nerino Penha, 28 anos, a Lisboa. A mãe afirma que na manhã do domingo, véspera da morte, o rapaz conversou com Patrícia.
Segundo Guilhermina, Patrícia estava bem, conversou com o irmão e o beijou. Alexsander disse à jovem que voltaria à tarde, quando teria novo horário de visitas.
Entretanto, ele não pôde mais ver a irmã. Mesmo estando no hospital, à espera de informações, não foi comunicado do falecimento de Patrícia.
No momento da visita, funcionários do hospital disseram a Alexsander que a moça não receberia visitantes porque dormia sob efeito de medicamentos.
Somente quando a mãe ligou do Brasil para o hospital, teve conhecimento da morte. "