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Cidades

Droga mais letal pode estar "camuflada" em estatísticas do crack, diz delegado

Angela Kempfer | 30/04/2011 11:39
Oxi apreendido em Rondônia, no ano passado.
Oxi apreendido em Rondônia, no ano passado.

Neste ano, o tráfico criou uma nova dor de cabeça para a polícia brasileira, a introdução do Oxidado ou Oxi. Segundo reportagens veiculadas pela imprensa em todo o País, já foram feitos registros de apreensões em Rio Branco, Manaus, Belém, Macapá, Porto Velho, Goiânia, Distrito Federal, Recife, Teresina e recentemente em São Paulo.

O futuro superintendente da polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Edgar Paulo Marcon, diz que o problema assusta porque o efeito da droga, subproduto da cocaína, é mais devastador do que de entorpecentes como o crack.

No entanto, ele diz que a Polícia Federal ainda não fez apreensões da substância em Mato Grosso do Sul, pelo menos não há laudo que comprove a entrada da droga no Estado.

“Nós não temos contato direto com o usuário, só com os traficantes, mas em apreensões no Estado não há registros”.

Ele explica que o Oxi é muito parecido com o crack, apesar de conter química ainda mais nociva à saúde. “Por enquanto, os laudos não fazem a separação entre uma e outra, porque é muito tênue a diferença”.

A novidade pode ser uma das explicações para registros cada vez maiores do uso do crack, já que muitas vezes os dois entorpecentes são confundidos.

“Não temos dados científicos, mas os alarmantes dados sobre a proliferação do crack podem ser conseqüência da entrada do oxi, porque as apreensões não fazem esse tipo de distinção.”

Em São Paulo, o delegado teve contato com o entorpecente, cujo efeito dura cerca de 15 a 20 minutos, tempo muito menor que as outras drogas, motivo central da preocupação. Para exemplificar melhor, o efeito da cocaína, por exemplo, dura entre 30 e 45 minutos.

“Por isso, o usuário consome mais, em espaço de tempo menor. Além do mal ao organismo, o vício chega mais rápido”, alerta.

O custo, com preço menor que os derivados da cocaína, é outro atrativo.

Membro do grupo Narcóticos Anônimos, em Campo Grande, dependente químico que participa regularmente das reuniões do grupo de ajuda conta que ainda não foram feitos relatos em Campo Grande do uso de oxi, pelo menos pelos que busca a reabilitação. “É uma novidade até para quem só conversa sobre isso”, diz.

No Brasil, a nova droga foi introduzida pelo Acre, pela fronteira boliviana no Norte, onde se encontra o extrato de Cocaína.

Ainda desconhecido pela maioria da população, o oxi também é inalado ou fumado, mas se diferencia porque o crack é a mistura e queima da pasta base com bicarbonato de sódio e amoníaco e ele também é composto por cal virgem e combustível, como querosene, gasolina e até álcool de bateria.

Mortes - Só no Piauí, foram confirmadas 18 mortes neste ano por conta do uso do oxi, segundo levantamento da Fundação Oswaldo Cruz que começará mapeamento do uso da droga no Brasil, depois de concluir levantamento igual sobre o crack.

A droga inalada chega ao cérebro entre 7 e 9 segundos, apenas, e acelera o metabolismo do usuário, causando sensações de euforia, depressão, medo e paranóia.

São substâncias com alta toxicidade, que causam dificuldades na respiração, fibroses e endurecimento do pulmão. Muitos usuários têm perda de consciência, o que leva a uma parada cardíaca e ao coma.

Estudos mostram que em média 30% dos usuários da droga não sobrevivem após um ano de uso.

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