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Cidades

Encontro de motoqueiros foi "legal", tinha caráter social, mas não deu certo

Elverson Cardozo | 19/08/2013 15:52
Cercado pelos amigos, também organizadores do evento, Marcelo, mais conhecido como "Nata" (no centro), mostra a autorização da Agetran. (Foto: Cleber Gellio)
Cercado pelos amigos, também organizadores do evento, Marcelo, mais conhecido como "Nata" (no centro), mostra a autorização da Agetran. (Foto: Cleber Gellio)

Realizado neste domingo (18), o encontro de motoqueiros, que terminou com a presença da PM (Polícia Militar), na rua 16, embaixo do viaduto Márcio Carvalho Desidério, na entrada do bairro Popular, em Campo Grande, tinha caráter social, mas nem tudo saiu como o planejado.

Os organizadores, todos jovens, que dizem integrar uma associação de manobras radicais, se prepararam durante 3 meses, conseguiram autorização da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), e esperavam que tudo desse certo.

Nem tudo deu errado. Houve pontos positivos. Como a entrada era um quilo de alimento não perecível ou R$ 10,00, eles garantem que conseguiram arrecadar pelo menos 3 carros lotados de mantimentos.

A mercadoria, afirmou o porta-voz, Marcelo de Almeida, de 20 anos, mais conhecido como “Nata”, será doada a instituições de caridade. “Fiquei três meses correndo atrás disso. Faltei até serviço”, disse o rapaz, ontem, ao comentar que trabalha como entregador, mas possui um lava jato de moto no bairro.

Entre os organizadores, talvez por medo, durante a entrevista, concedida ao Campo Grande News e a uma TV local, ficou evidente o desencontro de informações.

Marcelo, a princípio, tentou esconder, utilizando a ação social como argumento, que o evento também foi pensado para reunir motociclistas, amantes de manobras, a brincar no meio da rua, mas o amigo, Marlon Cândido da Luz, de 21, anos, que também integra a associação, entregou o “esquema”. “Não temos um espaço para se divertir, porque tiraram a gente da Afonso Pena e de perto do Aeroporto”, disparou.

Sem saída, “Nata” se viu obrigado a concordar, mas disse, ainda assustado, que não fez nada errado porque, de tão certo que foi, “até o cara da Agetran autorizou”, disse ele, exibindo o documento, com data recebimento no dia 7 e despacho do dia 8 de agosto de 2013.

Documento foi solicitado em nome do Sindicato de Motociclistas de MS. (Foto: Cleber Gellio)
Documento foi solicitado em nome do Sindicato de Motociclistas de MS. (Foto: Cleber Gellio)

Assinado pelo Chefe da Divisão de Operações e Coordenador de Fiscalização e Trânsito do órgão, Carlos Gomes Guarini L. da Silva, o documento aponta que a autorização para interdição e utilização da rua foi solicitada em nome do SIPROMES-MS (Sindicato Representante dos Interesses dos Trabalhadores em Motocicletas do Estado de Mato Grosso do Sul), e foi classificado como “Evento Beneficente de Manobras Radicais”.

Foi beneficente mesmo, ressaltou Marcelo. Ontem foi só uma experiência oficial, explicou. A mesma ação já havia sido realizada, meses antes, mas na rua da casa dele e reuniu pelo menos 500 pessoas.

Com o objetivo de incentivar e tentar achar um local para os encontros, o rapaz resolveu reunir os interessados debaixo do viaduto. Como veio motociclistas de várias regiões, inclusive de outras cidades, como Terenos, a situação fugiu do controle. Ele não conseguiu prever, por exemplo, o impacto que o convite, no Facebook, teria. “Nata” estima que mais de 3 mil foram parar no local, que ficou pequeno para tanta gente. Faltou espaço.

O início da confusão - Foi aí que tudo começou a dar errado. Participantes contaram à reportagem que muitos motociclistas, alguns inexperientes, começaram a cair e se machucar. Há relatos de um jovem quem teria ficado gravemente ferido e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas os organizadores preferiram não entrar em detalhes.

Com a chegada da PM e Cigcoe, participantes se assustarem e correram. (Foto: Cleber Gellio)
Com a chegada da PM e Cigcoe, participantes se assustarem e correram. (Foto: Cleber Gellio)

Marcelo, na versão de alguns envolvidos, teria se estressado por ter pedido o controle e saiu, levando consigo a autorização da Agetran. Ele não confirma.

Nesse meio tempo, a PM (Polícia Militar), com apoio da Cigcoe (Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais), chegou, após denúncia de moradores, que se incomodaram com o barulho e com a “bagunça”, já que, no local, também havia carros de som.

A situação foi resolvida sem confronto. A presença dos policiais, que chegaram por volta das 16h, foi o suficiente para assustar e botar todo mundo para correr, literalmente.

Apesar da evidência clara, dos depoimentos dos próprios organizadores e dos envolvidos, o comandante da Cigcoe, que não se identificou, mas afirmava ser o responsável pela operação, disse à imprensa que a Companhia só foi acionada porque houve denúncia de carros e motos estacionados em locais proibidos e que alguns motoristas estavam em situação irregular.

Rua dezesseis ficou vazia depois da chegada da polícia, mas lotada de sujeira. (Foto: Cleber Gellio)
Rua dezesseis ficou vazia depois da chegada da polícia, mas lotada de sujeira. (Foto: Cleber Gellio)

A situação, se foi essa, é atípica para o grupo que geralmente é chamado a atuar em situações mais tensas. Talvez a Cigcoe esteja presente no próximo encontro, que não tem data marcada, mas vai acontecer “com certeza”, como garantiu o organizador, Nata. O local, ao que tudo indica, também não será próprio. Alguns carros, não se sabe, podem ficar em locais proibidos. É esperar para ver.

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