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Cidades

Família denuncia uso de arma de choque na Expogrande

Redação | 23/03/2010 09:15

Com o filho internado na Santa Casa desde sexta-feira passada, o pai do estudante Marcelo Henrique Roza Calves, 22 anos, ainda tenta entender o que ocorreu com o rapaz na noite do dia 19, na Expogrande.

Durante briga, dentro da barraca do curso de Veterinária, o jovem foi atingido por uma arma que emite choques elétricos, caiu e teve três fraturas na face e um coágulo no cérebro. Marcelo acabou no CTI.

Passados quase 4 dias, a família ainda não sabe quem disparou o choque. Na versão dos amigos, seguranças particulares e policiais militares foram chamados para controlar a confusão, um deles disparou o choque que atingiu Marcelo na barriga.

"Não vimos quem foi, tinha muita confusão e foi tudo muito rápido, mas foi alguém da segurança", conta o amigo Yan, de 20 anos, que pediu para ter o sobrenome preservado por medo de retaliação.

Quem viu a cena garante que o rapaz não tinha siso agredido até a intervenção da equipe de segurança. "Ele caiu e ai que bateram nele, no chão", diz o colega.

A primeira impressão, segundo ele, foi que a arma foi usada por um PM, mas ele demonstra dúvida, dizendo que muitos seguranças particulares também estavam no local.

Segundo Yan, a briga começou porque o outro grupo chutou e quebrou uma garrafa de bebida dos amigos de Marcelo. Os universitários revidaram e iniciou o primeiro confronto, logo dominado por seguranças que estavam na barraca da Veterinária.

Minutos depois de tudo voltar ao normal, novamente um grupo incitou o outro a brigar e começou a segunda confusão. "Foi aí que apareceu a PM e deram o choque. Mas foi bem no começo da briga, ninguém nem tida batido ainda", conta Yan.

Na confusão, um outro estudante, que pediu para não ter o nome revelado, também foi atingido por choque, na perna direita. "Encostaram a arma na minha perna e dispararam. A dor é terrível, mas nem liguei muito porque o Marcelo estava caído no chão e todo mundo ficou assustado", relata.

O pai de Marcelo, Mario Nelson Calves, soube detalhes do tumulto por relatos dos colegas do filho. O jovem já deixou o CTI e deve receber alta ainda hoje, com o filho restabelecido, o empresário diz que vai procurar o advogado e estudar medidas judiciais para punir os responsáveis.

"Não sei quem disparou, fica um jogando para cima do outro. O que sei é que meu filho foi parar no hospital por causa dessa arma", diz revoltado.

Ele diz que não tem dúvidas sobre o que levou Marcelo ao CTI. "Não foi a briga com os outros garotos, foi o choque, depois a queda e o pior, ele foi agredido quando estava no chão, e os amigos dizem que quem bateu foi quem deveria estar cuidando da segurança", protesta.

Na opinião do pai, a forma de intervenção deve ser revista. "Ninguém pode usar essa arma indiscriminadamente. Tinha mais de 30 policiais lá, era fácil imobilizar, não precisava disparar choque".

Respostas - O Comando da Polícia Militar garante que não usa qualquer equipamento de choque, por considerar muito perigoso. Esse tipo de arma pode ser letal se disparada contra alguém que usa marcapasso, por exemplo, justifica a PM.

Atualmente, a Polícia Militar treina homens do Cigcoe para uso de "teaser", armas que emitem ondas elétricas que paralisam os músculos, mas o Comandante da PM, coronel Carlos Alberto David, garante que nenhum policial saiu ainda às ruas com o equipamento.

Apesar das ondas elétricas, não há sensação de choque, apenas a musculatura é paralisada por alguns segundos.

"Estamos ainda em treinamento e a arma tem de ser disparada a uma distância de 5 a 7 metros, não tem como funcionar de muito perto", esclarece. Um dos amigos de Marcelo garantiu que a arma foi encostada na perna.

Segundo a PM, a suspeita é de que o disparo tenha sido feito por seguranças particulares que trabalham na expogrande, da empresa Estilus. A Polícia diz que rapazes envolvidos na confusão foram chamados para reconhecer os seguranças que usaram a arma, mas não conseguiram identificar ninguém.

Já segundo o presidente da Acrissul, responsável pela Feira, Francisco Maia, os seguranças contratados pela Expogrande ficam apenas nas bilheterias. Ele admite que no caso da confusão de sexta o que pode ter ocorrido é que homens contratados pela barraca de Veterinária agiram para conter a confusão.

Os diretores da Estilus não foram localizados para falar sobre o assunto.

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