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Cidades

Favelas crescem perto de novos residenciais

Redação | 29/07/2010 16:03

Na cabeceira da nascente do córrego Segredo, famílias tentam reverter despejo que ainda é negociado com a prefeitura de Campo Grande para realização de obras de um parque linear na região. Enquanto um acordo não é feito, cada vez mais pessoas chegam ao local, na tentativa de pressionar a Emha (Empresa Municipal de Habitação) por uma casa popular.

Na Capital que quer o título da primeira sem favelas no País, esse é um detalhe importante nos planos que parecem ameaçados pelos barracos que se proliferam. A realidade preocupa, segundo o presidente da Emha, Paulo Matos.

Ele diz que o órgão observa a ocupação crescente de áreas em torno de conjuntos populares entregues pela prefeitura, como forma de fazer pressão das famílias por um imóvel. O problema maior, na avaliação de Matos, é que a situação de pobreza não é real, porque muitos já foram atendidos e venderam as casas da Emha.

Na favela do Morada Verde, os próprios moradores denunciam os "neo-invasores", que montaram barracos recentemente. De acordo com os vizinho, eles montam o barraco mas não moram neles. "Eles ficam ai para ganhar casa também", diz Lidiane Balice.

Algumas desses barracos têm ligação elétrica irregular e a reportagem verificou que estavam trancados com a luz acesa, mas sem nenhum morador.

O diretor da Emha garante que tem informações sobre pessoas que vendem e voltam para os barracos, na tentativa de ganhar outra casa. Como marido, esposa e até alguns dos filhos fazem cadastro e por isso a mesma família pode ser contemplada mais de uma vez, justifica.

"Eu fico triste com essas coisas. Atrapalha quem quer uma casa de verdade. O problema é que, às vezes não é só tirar a pessoa da miséria, é tirar a miséria da pessoa", comenta.

Retirada - Na proximidade do conjunto Morada Verde, zona norte da Capital, a dor de cabeça das famílias agora é o medo do despejo por ordem judicial.

Sonia Regina Lucas relata que mora no local há 2 anos, porque tinha a promessa de que todos seriam contemplados com casas populares, nos bairros Dom Antônio e Santa Emília.

"Mas as casas não estão prontas, eles queriam que nós fossemos para lá de qualquer jeito, sem casa nem nada", protesta.

Moradores dizem que a Emha já ofereceu até veículos para a mudança do local, para obras do Parque Linear do Segredo. "Eles querem que a gente vá para o Dom Antônio", relata um dos moradores que pede para não ser identificado.

O diretor-presidente da Agência confirma que tentou negociar que as famílias saíssem da área. "Nós propusemos que eles assinassem um termo de compromisso conosco, para sair da região o mais rápido possível. Tentamos acordo amigável com os moradores", explica, o que ainda não ocorreu e deve acabar na Justiça.

Matos vê essa atitude como "política". "Começa esse período eleitoral, acontecem essas coisas. Nós tentamos fazer acordo com eles. Depois vão perder a oportunidade, por que daqui a pouco sai uma ordem judicial, o oficial de justiça vai lá e acabou. Nós tivemos situação parecida, no bairro Taquaral Bosque e demos um jeito. Até emprestamos casas de outros conjuntos. Mas não dá para eles ficarem lá, as obras vão passar", explica.

Na espera de uma casa há 3 anos, Françoise de Souza Leal, também lembra que houve reunião com funcionários da Emha, que queriam que eles assinassem um termo em que se comprometiam a sair da área e ir para o Dom Antônio, em troca de uma casa no futuro. "Não entendo, eles querem que a gente vá criar outra favela em outro lugar?", questiona reforçando a informação de que a favela está crescendo. "Tem gente que chegou há seis meses".

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