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Cidades

Evangélicos querem mais poder e miram inimigo: união homoafetiva

Plano é fortalecer a bancada politica, com indicação de candidatos a deputados federais e “trabalhar” um senador

Aline dos Santos | 11/12/2017 12:32
Segundo pastor Wilton Acosta (centro), igreja vai pressionar os senadores. (Foto: André Bittar)
Segundo pastor Wilton Acosta (centro), igreja vai pressionar os senadores. (Foto: André Bittar)

“Menino é menino, menina é menina e acabou”. A igreja evangélica quer ampliar a representatividade no poder político para manter seus princípios pétreos e, desta vez, o “inimigo” atende pelo número 612/2011. O projeto tramita no Senado e altera dois artigos do Código Civil, permitindo o reconhecimento legal da união estável entre pessoas do mesmo sexo.

“O primeiro projeto é de 1996 e seguramos esses anos todos. Mas quando chega ao Senado, em 2011, a Marta Suplicy apresenta de novo”, afirma a pastora Damares Alves, assessora jurídica da Frente Parlamentar em Defesa da Família e Apoio à Vida.

Nesta segunda-feira (dia 11), em Campo Grande, ela participou do Encontro Estadual de Pastores, realizado na igreja Sara Nossa Terra.

Na abertura, apresentada como pastora, advogada e educadora, Damares frisou que não a apresentam direito e emendou: “Sou mulher desde o nascimento, nasci mulher”. Ela destacou aos pastores que é tempo de guerra, pois o Congresso Nacional deve votar em breve o casamento homoafetivo, a legalização dos jogos de azar e da maconha.

Damares salienta que o tema aborto deve ser levado pelos pastores para as igrejas. “As feministas falam 'Meu corpo, minhas regras'. A mulher é dona do seu corpo, mas o que está na barriga não é o corpo dela. Temos que começar a ter frases de efeito também, estamos em guerra”, afirma.

Pressão - “A Marta volta com o projeto. Como houve decisão no Supremo, de reconhecer a união civil, agora o Senado vota o projeto que institui a união estável e a conversão em casamento. A Constituição prevê a união estável entre o homem e a mulher e devendo o Estado facilitar o casamento. Agora, o projeto vem com pessoas do mesmo sexo e o Estado devendo facilitar a conversão em casamento. Ora, o casamento é uma instituição religiosa”, afirma o pastor Wilton Acosta, que também preside a Funtrab/MS (Fundação do Trabalho).

De acordo com ele, os evangélicos farão pressão nos parlamentares. “Vamos apertar os senadores”, enfatiza. Os senadores por Mato Grosso do Sul foram convidados ao evento. A reunião teve a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB),  do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), e do senador Pedro Chaves (PSC). 

“Vamos ser obrigados a fazer casamento do mesmo sexo? Ele está definindo isso e, ao mesmo tempo, o projeto não é claro. Os padres vão ter que casar pessoas do mesmo sexo? A questão religiosa não influencia isso? Uma das primeiras coisas que Deus instituiu foi a família, criada pelo homem e uma mulher”, afirma Acosta.

Pastor na igreja Sara Nossa Terra, ele afirma que o templo não fecha as portas para os homossexuais, mas que os religiosos não podem se omitir e precisam também ter seus direitos respeitados. As críticas também vão para a ideologia de gênero.

“Agora é o seguinte, ninguém nasce com a sua identidade sexual já definida. Vamos aceitar isso? O menino é menino, a menina é menina e acabou. Você vai aceitar a ideologia de gênero porque um grupo, sem base científica, começa a dizer que a menina não nasce menina”, diz.

Ciente da polêmica, ele afirma não temer ser tachado de preconceituoso. “Nós somos tachado de crentão desde que nasce, não vou ficar preocupado”.

Damares destacou aos pastores que é tempo de guerra diante de projetos polêmicos. (Foto: André Bittar)
Damares destacou aos pastores que é tempo de guerra diante de projetos polêmicos. (Foto: André Bittar)

No civil - Pronto desde o último dia 5 para ir a plenário, o projeto de Lei 612/2011 altera o Código Civil para reconhecer como entidade familiar a união estável entre duas pessoas, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

E também para prever que a união estável poderá converter-se em casamento, mediante requerimento formulado dos companheiros ao oficial do Registro Civil, no qual declarem que não têm impedimentos para casar e indiquem o regime de bens que passam a adotar, dispensada a celebração, produzindo efeitos a partir da data do registro do casamento.

Na última terça-feira, em entrevista à Rádio Senado, a senadora Marta Suplicy (PMDB/SP), afirmou que o projeto, já aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, modifica o Código Civil para possibilitar a conversão da união estável em casamento. Ela negou que a proposta trate do casamento religioso, como alegam parlamentares da bancada evangélica.

Poder – Segundo Acosta, há um esforço nacional para fortalecer a representação evangélica em todas as esferas, incluindo a política. “Aumentamos a bancada da Câmara, temos cinco deputados estaduais bem afinados. Vamos indicar os candidatos [a deputados] federais e vamos trabalhar um senador”.

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