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Cidades

Índios e falta de indústria abrem abismo entre melhor e pior IDH de MS

Viviane Oliveira | 10/08/2013 12:20
Foto tirada no ano passado, quando centenas de índios ocuparam uma fazenda em Paranhos. (Foto: divulgação)
Foto tirada no ano passado, quando centenas de índios ocuparam uma fazenda em Paranhos. (Foto: divulgação)

Com grande concentração de população indígena, os municípios de Japorã, Paranhos e Coronel Sapucaia tiveram os piores números do IDHM (Índices de Desenvolvimento Humano Municipal), indicador que avalia a situação das cidades levando em conta a educação, a renda e a expectativa de vida da população.

Publicado uma vez a cada dez anos, o IDH, divulgado na segunda-feira (29) pelo PNUD (Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento do Brasil) é um dos indicadores mais utilizados para se medir a qualidade de vida de uma determinada cidade.

A pior pontuação ficou com Japorã que possui aproximadamente 7 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O IDHM atingiu 0,526 pontos e a renda per capita dos moradores é de R$ 241,32.

O prefeito da cidade, Vanderlei Bispo Oliveira, justifica o baixo desempenho dizendo que o município não tem investimento dos governos federal e estadual. Segundo ele, mais da metade da população é indígena, 35% de assentados e os restante fica com o núcleo urbano.

“Além de sofrer com a discriminação, os índios não tem terra para produzir, a cidade não tem mercado de trabalho para absorver mão de obra e gerar renda”, afirma, acrescentando que são esses fatores que coloca a cidade nesta posição vergonhosa.

Em 2º lugar, com pior índice de desenvolvimento, ficou o município de Paranhos, com IDH de 0,588 e renda per capita de R$ 271,52. A cidade não tem nenhuma indústria e também concentra uma grande população de índios, da etnia Guarani Kaiowá.

De acordo com o prefeito, Júlio César de Souza, a livre circulação de bebidas alcoólicas e drogas, somada aos conflitos de terra, são as principais causas de suicídio nas aldeias, o que acaba contribuindo para o baixo índice de desenvolvimento.

“Por ser localizado na fronteira com o Paraguai entra muita bebida e droga nas aldeias afetando, principalmente, as comunidades indígenas”, reclama. Segundo ele, para melhorar o desenvolvimento, a população de Paranhos espera com ansiedade a rodovia Sul-fronteira, que vai ligar de Ponta Porã a Sete Quedas, passando por Aral Moreira, Paranhos e Coronel Sapucaia.

Distante 420 quilômetros de Campo Grande, Coronel Sapucaia, que faz divisa com a cidade paraguaia de Capitan Bado, ficou com 0,580 e a renda per capita da população em R$ 350.37. Com aproximadamente 14 mil habitantes, o município por vários anos ocupou o posto de primeiro lugar no mapa da violência.

O sociólogo Paulo Cabral explica que todos os distritos sanitários indígenas apresentam dados inferiores em relação ao da população em geral. Ainda conforme Paulo, esses IDHs dos municípios que tiveram a pior pontuação mostra, claramente, como se opera o racismo entre nós. “Vejo nesses resultados como expressão clara de racismo contra os índios”, afirma.

Campo Grande lidera o ranking com índice de desenvolvimento de 0.784. (Foto: Marcos Ermínio)
Campo Grande lidera o ranking com índice de desenvolvimento de 0.784. (Foto: Marcos Ermínio)

No topo do desenvolvimento - O levantamento realizado no Estado traz, novamente no ranking, Campo Grande na primeira colocação com o índice de 0,784. Líder há 20 anos, a Capital mantém a liderança graças a geração de emprego e o aumento do salário mínimo.

As cidades com forte no agronegócio e nas indústrias, como por exemplos, Chapadão do Sul, Três Lagoas, Maracaju e São Gabriel do Oeste aparecem com o maior IDHM em Mato Grosso do Sul.

O fator principal da boa fase vivida pela produção da região, principalmente de Chapadão do Sul, se deve principalmente à imigração de gaúchos no final dos anos 1970. “Em busca de terras férteis, esses municípios nascem como resultado migratório de famílias empreendedoras e com capital”, explica Paulo Cabral.

Já Dourados, que também se destaca como detentora de um dos maiores índices de desenvolvimento humano, cresce por conta do esvaziamento dos municípios da grande Dourados, diz o sociólogo.

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