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O triste IDH de MS

Por Semy Alves Ferraz (*) | 05/08/2013 09:05

Nascido para ser modelo, o estado continua a ensaiar, ensaiar. Mas sem sair do lugar. E isso está constatado no mais recente IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), relativo ao ano de 2010, divulgado na semana passada pela Organização das Nações Unidas. Mato Grosso do Sul ficou em 10º lugar, a mesma posição de dez anos atrás. E para alívio do ego coletivo, uma posição à frente de Mato Grosso, contra o qual suas elites se insurgiram nas décadas anteriores à divisão. É bem verdade que, como todo ranking, tem seus perigos, sobretudo quando vira instrumento de propaganda política, que tende a amesquinhar o sentido da pesquisa, igual ao de uma corrida de cavalos, em que todos apostam em suas preferências.

Não é demais lembrar que esse importante indicador, comparativo, visa classificar o grau de desenvolvimento humano dos países (e, por extensão, estados e municípios), em “muito alto”, “alto”, “médio” e “baixo”. Essa estatística é feita com base na análise da longevidade, educação e distribuição da renda (renda per capita versus trabalho). Se observarmos outros indicadores oficiais, esse é o que mais se aproxima daquilo que os partidos de esquerda e os movimentos sociais sempre pretenderam, mas cuja execução é extremamente difícil por causa das pressões políticas dos setores hegemônicos da sociedade.

Mas, voltando ao desempenho medíocre de nosso estado, a estagnação em que se encontra, inclusive nas estatísticas, não é casual. É uma explícita decorrência da ausência de políticas sociais como educação e saúde, além de transferência de renda – a tão sonhada distribuição de renda que, em seu primeiro mandato, o então Governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, tentou, e enfrentou a ira dos segmentos sociais aquinhoados. Foi, aliás, nessa época que o então secretário de Estado de Planejamento, Ciência e Tecnologia, engenheiro Fausto Matto Grosso Pereira, realizou um importante trabalho de desenvolvimento estratégico, conhecido por “MS 2020”, no qual foram desenhados diferentes cenários e as estratégias para serem superados os gargalos históricos.

Nessa mesma direção, o Governo Federal esbarrou. Embora o Presidente Lula tivesse adotado as mais ousadas políticas de transferência de renda da história do Brasil – as quais culminaram com a emblemática adoção do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), inspirado no SUS (Sistema Único de Saúde) –, as tímidas transformações realizadas nos primeiros anos da Presidenta Dilma Roussef, até por conta das pressões dos governadores e prefeitos ligados aos partidos de oposição, acabaram diluindo essas conquistas. Reiterando: à exceção da Assistência Social (em processo de estruturação), a saúde e a educação, fundamentais no cálculo do IDH, são de responsabilidade do estado e do município, com os recursos repassados pelo Governo Federal.

Sobre a questão, o Ministro Aloizio Mercadante, da Educação, explicou, a propósito da divulgação do IDH, que “a educação é carro-chefe” da elevação da posição do Brasil nos últimos 20 anos, pois a educação foi responsável por uma evolução em 128% diante dos indicadores de duas décadas atrás. Ele esclareceu que é fundamental investir na formação educacional das novas gerações, para fazer com que o Brasil dê o salto qualitativo necessário, sobretudo quando o país já tem políticas sociais consistentes, próprias para alavancar o desenvolvimento social (ou humano) necessário. E aí, como a educação e a saúde têm sua interface estadual e municipal, todos os governantes, inclusive os da oposição, terão não apenas torcer a favor como trabalhar exaustivamente nessa direção.

(*) Semy Ferraz é engenheiro civil e secretário de Infraestrutura, Transporte e Habitação de Campo Grande.

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