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Interior

“Marcos precisa ficar isolado para segurança das pessoas”, diz advogado

Ao Campo Grande News, advogado José Roberto Teixeira Lopes disse que rapaz é esquizofrênico e abandonou remédios em 2017

Helio de Freitas, de Dourados | 28/11/2018 15:21
Marcos deve ser trazido nesta tarde para a penitenciária de Dourados (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News)
Marcos deve ser trazido nesta tarde para a penitenciária de Dourados (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News)

Marcos Fioravanti Neto, 22, assassino confesso da namorada Maiana Barbosa de Oliveira, 20, e da filha do casal, Dandara, de um mês de vida, tem esquizofrenia e passou dois dos últimos quatro anos internado em clínicas para reabilitação de dependentes de drogas. Apesar da doença grave, ele tinha abandonado os medicamentos no ano passado.

Ao Campo Grande News, o advogado de Marcos, José Roberto Teixeira Lopes, disse que o rapaz não pode ficar solto ou preso junto com outros detentos, por medida de segurança dele próprio e das outras pessoas.

“Ele tem que ficar preso pelos crimes bárbaros que cometeu, mas precisa ficar isolado, para a proteção da vida dele próprio e das outras pessoas. Ele perder a vida não vai trazer a Maiana e a Dandara de volta”, afirmou o advogado, que é membro da família de Marcos Fioravanti Neto.

José Roberto Teixeira Lopes já entregou laudos comprovando os distúrbios psicológicos do rapaz aos delegados da Polícia Civil que investigam o duplo assassinato e os crimes de furto e roubo em Vicentina e Glória de Dourados.

Ele também apresentou os exames à juíza Carolinne Vahia Concy, na audiência de custódia, ontem, em Glória de Dourados. A juíza decretou a prisão preventiva de Marcos e determinou a transferência dele para o sistema penitenciário. Ainda nesta quarta-feira ele será trazido para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

Esquizofrenia e drogas – Segundo o advogado, Marcos foi diagnosticado com esquizofrenia em 2016, mas já apresentava problemas com o uso de drogas há mais tempo. “Dos últimos quatro anos, ele passou dois anos em clínicas de reabilitação”.

Em julho deste ano, ele foi detido pela Polícia Militar quando perseguia capivaras com dois cães da raça Rotweiller no Parque Ambiental Arnulpho Fioravanti (que leva o nome do pioneiro farmacêutico, bisavô do rapaz). Levado para a delegacia, enrolou e tentou acender um cigarro de maconha na frente dos policiais.

Neto do primeiro tabelião de Dourados e membro de família tradicional na cidade, Marcos matou a namorada e a filha, recém-nascida, com golpes de faca, na noite de domingo (25), na casa dele, no Jardim São Pedro, região sul da cidade. Os corpos foram encontrados na manhã de segunda.

Depois dos crimes, ele furtou uma bicicleta no Parque das Nações e fugiu para Vicentina, onde furtou uma moto e foi para Glória de Dourados. Lá, tentou assaltar uma mulher para abastecer a moto, mas foi preso.

Em depoimento ontem à delegada da Mulher de Dourados, Paula Ribeiro dos Santos, Marcos apresentou motivos desconexos para justificar o assassinato.

“Basta ver o depoimento para perceber que ele não é uma pessoa normal. Ele disse que queria fugir para Santos [litoral de São Paulo] para recomeçar a vida. Uma semana antes ele queimou todos os documentos”, disse o advogado.

José Roberto Teixeira Lopes disse que a família de Marcos está consternada com as mortes. “Só os familiares da Maiana sabem o que estão passando. Também estamos consternados com o ocorrido”.

Marcos com a filha Dandara no colo; ele a matou junto com a mãe da criança (Foto: Reprodução)
Marcos com a filha Dandara no colo; ele a matou junto com a mãe da criança (Foto: Reprodução)

Falta local para tratamento – Segundo o advogado, o caso envolvendo Marcos Fioravanti Neto era uma “tragédia anunciada” pela falta de instituições especializadas para internação de pessoas com problemas psiquiátricos iguais aos dele.

“A mãe tentou interná-lo no Hospital Universitário, mas lá só existem quatro vagas para esses pacientes. No ano passado, com muita dificuldade, a mãe conseguiu mandá-lo para um hospital psiquiátrico em Piraquara [PR], onde ele ficou por dois meses”, relata.

José Roberto afirma que Marcos vivia em conflito com a mãe, por ela insistir no tratamento da esquizofrenia e para tentar livrá-lo da dependência química. “Ele está sem tomar os medicamentos desde fevereiro de 2017, falava que estava bem”. O advogado afirma temer até mesmo pela segurança da mãe e da irmã de Marcos.

Maiana – O advogado contou que Marcos e Maiana se conheceram em uma roda de capoeira, que os dois frequentavam. Ela cursava o primeiro ano de história na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

“Eles não tinham um namoro aberto. Mas depois que a criança nasceu ele disse que queria morar com ela, queria criar a filha”, afirma José Roberto.

Para a delegada que o interrogou ontem em Glória de Dourados, Marcos disse que chegou a pensar em queimar os corpos da namorada e da filha e jogá-los na rua. Depois decidiu simplesmente abandoná-los um ao lado do outro em um colchão no quarto da casa onde ele morava com a mãe e a irmã e onde cometeu o duplo assassinato.

Maiana quando estava grávida de Dandara; estudante era militante em defesa da mulher e contra o racismo (Foto: Reprodução)
Maiana quando estava grávida de Dandara; estudante era militante em defesa da mulher e contra o racismo (Foto: Reprodução)
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