“A fronteira tem fome!”, gritam paraguaios para cobrar fim de bloqueio
Moradores de Pedro Juan Caballero e de outras três cidades paraguaias protestam hoje

Para cobrar a reabertura total da fronteira, pelo menos três mil pessoas protestaram nesta terça-feira (22) em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.
A maioria dos manifestantes era formada por empresários e trabalhadores ainda empregados e os demitidos do comércio local durante esses seis meses de fronteira fechada por causa da pandemia do novo coronavírus. Taxistas das duas cidades também participaram do ato.
- Leia Também
- Atacadista também fecha e sobe para 1.000 total de demissões em um dia
- Em protesto, rede de supermercados da Fronteira fecha e demite 700
Com cartazes, eles marcharam até em frente à Aduana paraguaia para cobrar a reabertura total da fronteira e não apenas medidas paliativas como as previstas no acordo assinado na semana passada entre Paraguai e Brasil, mas ainda não colocado em prática.
“A fronteira tem fome”, “A crise é pior que a pandemia”, “Abertura total já da fronteira” e “Necessitamos trabalhar” foram as frases mais escritas nos cartazes. A manifestação foi acompanhada por policiais e militares que desde março vigiam a Linha Internacional.
Veja o vídeo do protesto:
Além de Pedro Juan, os protestos ocorreram em Salto del Guairá, cidade vizinha de Mundo Novo (MS), Ciudad del Este, na Ponte da Amizade que liga o Paraguai a Foz do Iguaçu (PR), e Encarnación, na fronteira com a Argentina.
Não há números exatos, mas estimativas dos comerciantes locais indicam ao menos cinco mil lojas fechadas e 20 mil trabalhadores demitidos só em Pedro Juan Caballero.
Hoje, mais mil trabalhadores ficaram sem emprego na cidade. O Maxi Hipermercado e o Fortis Atacadista anunciaram suspensão total das atividades até a reabertura da fronteira.
Pertencente ao grupo Cogorno – dono do Shopping China e do Planet Outlet – o Maxi demitiu 700 pessoas. O Fortis deixou mais 300 sem emprego.
Felipe Cogorno, dono do Maxi, disse ao jornal ABC Color que o fechamento foi a única saída diante da queda nas vendas. Segundo ele, só existe uma saída para a crise em Pedro Juan Caballero: a reabertura da fronteira.
Citado como exemplo no combate à covid-19 no início da pandemia por causa das medidas duras que adotou, o Paraguai vê os casos da doença aumentando todos os dias. Na capital Asunción e no Departamento (equivalente a Estado) Central já há falta de leitos de UTI.
O Paraguai já registrou 34.260 casos do novo coronavírus, dos quais 18.629 estão recuperados. Foram 676 mortes até hoje. Apesar do aumento recente, o país de sete milhões de habitantes tem metade dos casos e dos óbitos registrados em Mato Grosso do Sul, Estado com 2,6 milhões de habitantes.