ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 20º

Interior

Acostumados com cheias, ribeirinhos sabem quando abandonar as casas

Renata Volpe Haddad e Liana Feitosa, de Aquidauana | 15/01/2016 12:19
Água atingiu 6 metros na casa do Áureo. (Foto: Fernando Antunes)
Água atingiu 6 metros na casa do Áureo. (Foto: Fernando Antunes)

Ribeirinhos de Aquidauana, distante 135 km de Campo Grande, estão acostumados com as enchentes e sabem o momento certo de deixarem as casas: quando a água do rio atinge a calçada.

A rotina para eles é sempre a mesma e um vizinho ajuda o outro na hora de levantar os móveis ou de mandar algum eletrodoméstico para casa de parentes. Depois de serviço feito, os ribeirinhos vão para o abrigo preparado pela prefeitura.

Este é o caso da Nélia Paula Gomes, 80 anos. A idosa está na Escola Municipal Rotary Clube, junto com a irmã, a filha e dois netos. Ela conta que nasceu em Aquidauana e já presenciou várias enchentes na cidade. "Desta vez eu sai de casa na quarta-feira (13) quando a água chegou na calçada", alega.

Nélia mora na rua 16 de julho, próximo a Ilha do Pescador e como já imaginava que este ano teria enchente, mandou alguns móveis para casas de parentes e ergueu o que conseguiu. "Meus vizinhos sempre me ajudam e todos ficam em alerta", comenta.

A idosa fala sobre os perigos que a cheia do rio leva para a casa. A filha de Nélia esteve ontem (14) na residência que continua alagada e encontrou uma cobra. "Quando voltarmos temos que limpar cada cantinho, porque os animais ficam escondidos", alerta.

Sebastiana perdeu fogão, armários, colchão, praticamente todas as roupas, rack, utensílios domésticos e guarda roupa. (Foto: Fernando Antunes)
Sebastiana perdeu fogão, armários, colchão, praticamente todas as roupas, rack, utensílios domésticos e guarda roupa. (Foto: Fernando Antunes)

A doméstica Sebastiana Aparecida Benitez, foi a primeira ribeirinha a ir para o abrigo. Ela mora na região do Pirizal e mora sozinha. Apesar de perder muitas coisas, com bom humor ela relembra como tudo aconteceu. "Não achei que teria uma enchente e a água começou a subir muito rápido. Meus vizinhos tentaram me ajudar a erguer os móveis, mas não deu tempo", lembra.

Sebastiana perdeu fogão, armários, colchão, praticamente todas as roupas, rack, utensílios domésticos e guarda roupa. "Tenho fé que vou recuperar tudo, bens materiais a gente luta para comprar novamente e eu sei que Deus é maior na minha vida e na de todos que estão aqui", enfatiza.

Idosa está acostumada com cheia do rio e fala sobre a rotina de abandonar a casa. (Foto: Fernando Antunes)
Idosa está acostumada com cheia do rio e fala sobre a rotina de abandonar a casa. (Foto: Fernando Antunes)

A casa do senhor Áureo Quadros, 50 anos, está localizada há dois quilômetros do rio Aquidauana e fica atrás do córrego João Dias, na vila Trindade. O senhor conta que comprou a chácara há três anos e por medo de enchente, construiu um quarto num ponto alto. "Fiz isso para refúgio provisório mas não adiantou, pois o rio subiu 6 metros", conta.

Quando chove muito, o córrego não consegue dar vazão e não desemboca no rio, acumulando na região que inclui a casa de Quadros. "Agora quero construir uma casa mais alta ainda, para não ser mais prejudicado e não ficar com medo", diz.

Nos siga no Google Notícias