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Assembleia de credores da São Fernando tem protesto e portões fechados

Assembleia que tenta aprovar plano de recuperação judicial da usina da família Bumlai ocorre em Dourados; pelo menos 200 trabalhadores sem-terra protestam no local

Helio de Freitas, de Dourados | 09/03/2017 10:05
Assembleia de credores ocorre com portões fechados (Foto: Fabiane Dorta/TV RIT)
Assembleia de credores ocorre com portões fechados (Foto: Fabiane Dorta/TV RIT)
Trabalhadores sem-terra protestam no local (Foto: Fabiane Dorta/TV RIT)
Trabalhadores sem-terra protestam no local (Foto: Fabiane Dorta/TV RIT)

Após duas suspensões por ordem da Justiça no ano passado, começou por volta de 9h desta quinta-feira (9) em Dourados, a 233 km de Campo Grande, a assembleia dos credores da Usina São Fernando, de propriedade da família do pecuarista José Carlos Bumlai, condenado na Operação Lava Jato e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A assembleia ocorre no Cerrado Brasil, um centro de eventos localizado na Avenida Guaicurus. Os portões estão fechados e apenas representantes oficiais dos credores e da usina têm acesso ao local.

Pelo menos 200 trabalhadores rurais do MSTB (Movimento Sem-Terra do Brasil) protestam em frente ao local da assembleia. Eles são do acampamento montado na Fazenda São Marcos, na saída para Ponta Porã. A propriedade pertence aos filhos de Bumlai e é usada para plantio de cana.

Na segunda-feira, os sem-terra protestaram em frente à usina. Eles querem a desapropriação da fazenda para assentamento das famílias com base em uma portaria do governo federal que destina para a reforma agrária as terras de grandes devedores da União.

“Estamos aqui para defender o que é do povo. Se a São Fernando deve dinheiro também para bancos públicos, então também é assunto de nosso interesse”, afirmou Douglas Elias, um dos líderes nacionais do MSTB.

Ao Campo Grande News, ele disse que as famílias foram informadas por pessoas que organizam a assembleia que o evento poderia ser cancelado se os manifestantes permanecessem no local. “É sempre assim no Brasil, querem fazer tudo no escuro, às escondidas. Estamos aqui porque temos direito de protestar pelo que é nosso”.

Douglas Elias disse que os trabalhadores rurais esperam que a Justiça negue o pedido de reintegração de posse e permita que continuem na fazenda, onde estão cultivando alimentos. “Vamos continuar aqui durante toda a assembleia para saber qual será a decisão sobre a usina e para reivindicar a desapropriação da fazenda São Marcos”.

Dívida - A assembleia de credores tenta aprovar o plano de recuperação da São Fernando Açúcar e Álcool, São Fernando Energia I, São Fernando Energia II, São Marcos Energia e Participações e São Pio Empreendimento Participações – cinco razões sociais de empresas que funcionam no mesmo complexo da usina, que tem R$ 1,5 bilhão em dívidas e enfrenta vários pedidos de falência.

O processo de falência da São Fernando tramita na 5ª Vara Cível de Dourados. Os controladores da São Fernando pretendem aprovar a constituição de uma unidade produtiva isolada (UPI) a ser leiloada judicialmente. Até o momento, apenas a gestora de fundos Amerra, dos Estados Unidos, formalizou proposta.

Entre os credores estão o BNP Paribas, bancos como o Bradesco, Banco do Brasil e BNDES, empresas de transporte rodoviário e aéreo, fornecedores de pneus e combustíveis, empresas de telefonia, hotel, loja de acessórios, revendedoras de produtos agrícolas e fundos de investimento. Muitos credores são empresas pequenas de Dourados, que venderam produtos para a São Fernando e não receberam.

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