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Interior

Bonito faz "folia antes da hora" ao pagar R$ 350 mil por carnaval de ONG

Zana Zaidan | 25/02/2014 16:06
ONG vai receber R$ 350 mil da prefeitura para organizar Carnaval de rua de Bonito (Foto: Divulgação)
ONG vai receber R$ 350 mil da prefeitura para organizar Carnaval de rua de Bonito (Foto: Divulgação)

O segundo maior carnaval de Mato Grosso do Sul passará por mudanças em 2014. Neste ano, a prefeitura de Bonito, a 257 quilômetros de Campo Grande, entregará a organização dos cinco dias de evento para o Idems (Instituto para o Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul). Para isso, a ONG vai receber R$ 350 mil, conforme o convênio publicado hoje (25), três dias antes de a festa começar, no Diário Oficial do município. Até então, o orçamento do Carnaval era de responsabilidade da Prefeitura.

A concorrência, aberta no dia 7 de fevereiro, não especificava as atribuições da entidade vencedora ou o valor do convênio. A publicação limitava-se a convidar “instituições sem fins lucrativos que tenham interesse em realizar o Carnaval Ecofolia – Carnaval da Natureza”, de 28 de fevereiro a 4 de março.

Mas o prefeito Leonel Brito, o Leleco (PT do B), explica que fica a cargo do Idems a segurança do evento (50 homens), limpeza, contratação de bandas, DJs e estrutura do palco. No entanto, o município já se comprometeu com uma despesa incluída no pacote da ONG, e contratou a banda “Swing Brasil”, por R$ 65 mil.

Além do Idems, participou da licitação a Associação Bonito Turismo Cultura, que realiza o Festival de Inverno da cidade. O vencedor foi escolhido pela Comissão Especial do Carnaval, criada pela prefeitura e composta por três funcionários designados por Leleco.

Polêmica – A mudança estabelecida pelo prefeito “fez barulho” na cidade. Leleco admite que nos anteriores a prefeitura “gastou um pouco menos” com o Carnaval, e considera que a Comissão criada por ele vai garantir a lisura do processo. “Como em toda inovação, a gente tem dificuldades. Alguns não entendem que isso é importante para facilitar gestão, e estão resistentes, mas o Idems tem que prestar contas para nossa comissão de acompanhamento”, disse. Questionado, ele disse não se lembrar do orçamento da festa no ano passado.

Outra polêmica é que o prefeito quer tornar lei a parceria público-privada no Carnaval em Bonito. Um projeto do Executivo, que ainda precisa passar pela Câmara, vai deixar “a organização a cargo do gestor público”, ou seja, vai permitir que, daqui para frente, o prefeito entregue a verba pública do Carnaval para a iniciativa privada.

Vereadores da oposição contestaram a legitimidade e o fato de ela ter sido implantada “às escuras”. “Eu mesmo não recebi o projeto até agora. E foi preciso fazer diversas reuniões, inclusive com a Procuradoria Jurídica da Câmara, para analisar a legitimidade do projeto”, diz o vereador Amir Peres Trindade, o João Ligeiro (PDT).

O projeto será votado hoje às 19h30. Até o momento, três dos 11 vereadores (João Ligeiro, Linda e Ozair) afirmaram votar contra.

Leleco garante que, mesmo sem aprovação do Legislativo, a verba será repassada ao Idems. “Não há necessidade de passar pela Câmara. É necessário apenas para virar lei. Neste ano, o dinheiro sai dos cofres da prefeitura, mas, a longo prazo, vai permitir que a gente consiga mais patrocínio”, finaliza o prefeito.

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