ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 31º

Interior

Brasileiros são acusados de queimar aldeia de índios paraguaios perto de MS

Ataque ocorreu na zona rural de Ytakyry, no departamento de Alto Paraná, a 170 km de Sete Quedas (MS); índios acusam usina de querer as terras para plantar cana

Helio de Freitas, de Dourados | 09/05/2017 13:30
Casa queimada em aldeia indígena no Paraguai (Foto: ABC Color)
Casa queimada em aldeia indígena no Paraguai (Foto: ABC Color)

Pistoleiros brasileiros são acusados de atacar uma aldeia indígena na zona rural do distrito de Ytakyry, no Alto Paraná, um dos departamentos (equivalente a estado) do Paraguai. O local fica a 170 km de Sete Quedas (MS) e a 100 km de Ciudad Del Este, que faz fronteira com Foz do Iguaçu (PR).

O primeiro ataque ocorreu domingo (7) e o segundo na madrugada de ontem (8). Vários barracos foram queimados e a única escola da comunidade foi destruída. Um garoto índio teria sido ferido de raspão no braço por um dos tiros disparados pelos jagunços para afugentar os moradores da área de 120 hectares.

Em vídeo agravado após o ataque, os índios acusam uma indústria de álcool e açúcar do Paraguai de contratar pistoleiros brasileiros para atacar a aldeia. O objetivo seria tomar posse das terras para o plantio de cana. A comunidade 3 de Julho Ysatî tem 20 famílias da etnia Avá Guarani.

Cacique se vendeu – Os índios acusam o cacique Luciano Acosta Villalba, principal liderança do grupo, de se vender para a Indústria Paraguaia de Álcool. Em troca de dinheiro, ele teria prometido retirar os índios das terras, mas várias famílias se recusaram a deixar a área que ocupam há pelo menos dez anos.

De acordo com o governo paraguaio, tanto a indústria quanto o Instituto Nacional Indígena do país vizinho apresentam títulos das terras em disputa.

Conforme o jornal ABC Color, após o ataque os índios estão desamparados. O advogado Reinaldo Lugo, que representa os índios, acusa o gerente da indústria, identificado como Roberto Sosa, de liderar o ataque.

Ele também acusa a polícia do país vizinho de fazer vistas grossas ao ataque. “Claro que ele nega [ter liderado o ataque], porque é evidente a amizade dele com os policiais que estavam lá ontem e nada fizeram”.

“Há uma ausência total da Polícia Nacional, que ignora as denúncias dos nativos. As autoridades, que deveriam intervir e protegê-los, os abandonaram”, afirmou Reinaldo Lugo.

Nos siga no Google Notícias