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Interior

Com 1.500 famílias, acampamento em Japorã é o maior de MS

Acampamento começou com 300 famílias, mas número quintuplicou com sem-terra vindos de outros estados e até do Paraguai

Helio de Freitas, de Dourados | 24/04/2015 16:12
Acampamento de trabalhadores sem-terra liderados pelo MST em Japorã (Foto: Divulgação/MST)
Acampamento de trabalhadores sem-terra liderados pelo MST em Japorã (Foto: Divulgação/MST)

A formação do maior acampamento de famílias sem-terra de Mato Grosso do Sul atraiu nos últimos dias a Japorã, a 487 km de Campo Grande, os principais líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que foram ao município da fronteira com o Paraguai para ajudar na organização. Montado no distrito de Jacareí, o acampamento começou com 300 famílias, mas o número já chega a 1.500, segundo a assessoria do MST. Famílias de outros estados brasileiros e até do Paraguai acamparam no local.

Chamado "José Márcio Zoia", em homenagem a um militante histórico do MST, morto em novembro de 2010, o acampamento teve a sua primeira reunião de organização ocorreu no sábado passado, no ginásio municipal do distrito, pois o número de pessoas não cabia em outro lugar. Dirigentes do MST informaram as famílias sobre como funciona a organização de um acampamento, o motivo de a região ter sido escolhida e sobre as tarefas que deverão ser cumpridas por todos.

Jonas Carlos da Conceição, dirigente estadual do MST, afirmou através da assessoria que o acampamento reacende a esperança da fundação do movimento em Mato Grosso do Sul, em 1985, quando famílias que se encontravam em situação de risco em terras paraguaias retornaram para o Brasil.

"A história de fundação do movimento em Mato Grosso do Sul começou com a luta pelos direitos dos brasiguaios, por isso estamos aqui novamente, neste município de fronteira, onde muitos ainda vivem a mesma situação daquelas famílias, acreditando que ir para o Paraguai ainda é uma saída para melhorar de vida, conseguir o seu pedaço de chão. Quando chegam lá se deparam com uma realidade totalmente diferente, sem titulação de terra, sem direitos e na maioria das vezes são expulsos do local", afirmou.

Marco na história – O líder do MST afirmou disse que o acampamento montado em Japorã será “um marco na história do movimento”. Segundo ele, além de ser o maior de MS, resgata a história de luta dos brasiguaios e consolida a luta pela reforma agrária popular como forma de geração de renda e sustento familiar. "Em muitos estados, como no MS, temos municípios afastados, longe das mais diversas formas de geração de renda. Nestes locais existe um grande número de concentração de terra por poucos, o que prejudica o desenvolvimento da própria cidade, o comércio, diferentemente de um assentamento que pode movimentar o local, os mercados, as vendas, as lojas de produtos agrícolas e assim por diante, gerar de fato renda para as famílias que ali vivem, alimentando a economia local".

A acampada Zilda de Azevedo, 55, há sete anos em um barraco de lona, disse à assessoria do MST que o acampamento em Japorã dá um novo ânimo. "Um acampamento desse tamanho, com certeza, se persistirmos, iremos conseguir o nosso sonho de sermos assentados. Já estou nessa batalha, morando na lona, há mais de sete anos. Quando soube desse novo acampamento me mudei para cá, para ajudar a organizar e renovar a minha esperança junto com a deles".

Para o brasiguaio Cesar Xavier, 28, o acampamento permitiu que os brasileiros que estão lutando por terra no Paraguai tivessem esperança de dias melhores. "Lá não existe direito para nós, vamos só com o sonho nas mãos e pronto. A terra nunca vai ter documento, título e nunca será nossa de verdade, quando menos imaginamos somos expulsos. Aqui tenho esperança de ter meu pedaço de terra legalizado pelo governo brasileiro e construir minha vida e não tenho dúvidas que estar com o MST é o caminho para isso, prova disso, são os dois assentamentos do movimento na região".

Áreas improdutivas - Jonas da Conceição disse que na região de Japorã já existem os assentamentos Jacob Carlos Franciozi e Indianápolis, os dois ligados ao MST, mas há áreas improdutivas e proprietários dispostos a vender essas terras. Segundo ele, o próximo passo é fortalecer o acampamento e batalhar para que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ) assuma sua tarefa de comprar terras e criar e um novo assentamento.

(Com informações da assessoria do MST/MS)

Com reforço de sem-terra de outros estados e brasiguaios, acampamento já tem 1.500 famílias (Foto: Divulgação/MST)
Com reforço de sem-terra de outros estados e brasiguaios, acampamento já tem 1.500 famílias (Foto: Divulgação/MST)
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