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Interior

Com Fahd Jamil na cadeia, família de jornalista relembra execução há 30 anos

“Rei da Fronteira” é acusado de ser mandante da morte de Santiago Leguizamón, em 1991

Helio de Freitas, de Dourados | 20/04/2021 09:24
Manchas de sangue na porta do carro em que estava jornalista paraguaio (Foto: ABC Color)
Manchas de sangue na porta do carro em que estava jornalista paraguaio (Foto: ABC Color)

Familiares do jornalista paraguaio Santiago Leguizamón aproveitaram a prisão de Fahd Jamil para relembrar o crime, até hoje não esclarecido pela polícia do país vizinho. Ele foi metralhado no centro de Pedro Juan Caballero no dia 26 de abril de 1991. Jamil se entregou ontem (19) em Campo Grande, dez meses depois de ter a prisão decretada acusado de integrar o grupo de extermínio do bicheiro Jamil Name.

Conhecido no Paraguai como “Rei da Fronteira” e “Padrinho” por comandar o crime organizado por quase meio século, Fahd é acusado de ter mandado matar Leguizamón após o jornalista revelar em série de reportagens o envolvimento do empresário fronteiriço com o tráfico de drogas.

Um dos filhos do jornalista, Dante Leguizamón, disse em entrevista ao jornal ABC Color que a ordem para assassinar seu pai foi dada por Fahd Jamil, com aval do então presidente do Paraguai Andrés Rodriguez, compadre do “Rei da Fronteira”.

“Há pessoas que falam em justiça por Fahd Jamil estar preso, mas a realidade é que está detido por qualquer coisa, menos pelo assassinato de Santiago”, afirmou Dante. Segundo ele, mesmo com o chefão do crime na cadeia, há “imperturbável ambiente de impunidade” em torno do assassinato de seu pai.

Segundo Dante Leguizamón, a investigação sobre a morte de seu pai foi simples formalidade e se perdeu na burocracia. Ele relembra que um mês antes de ser executado no centro de Pedro Juan Caballero, Santiago havia revelado negócios ilícitos e de fachada da associação de produtores de soja da região.

Em agosto do ano passado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos concluiu que o governo do Paraguai foi responsável pelo assassinato de Santiago Leguizamón. Ele foi morto com 21 tiros dentro do carro quando voltava para casa.

Um mês antes, como correspondente do jornal diário “Noticias”, Santiago ajudou a elaborar a série de reportagens investigativas apontando cumplicidade de integrantes do governo paraguaio com os “barões” do tráfico de drogas, da lavagem de dinheiro, do contrabando de soja e do roubo de veículos.

O relator especial para liberdade de expressão da Comissão Interamericana, Edison Lanza, publicou em sua conta no Twitter que a investigação responsabiliza o Estado paraguaio por falta de proteção ao jornalista e por impunidade, já que o crime nunca foi esclarecido.

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