ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, DOMINGO  05    CAMPO GRANDE 22º

Interior

Dois lados têm responsabilidade, diz MPF sobre confronto com feridos

Investigação, ainda em andamento, apontam cinco indígenas feridos e um segurança de fazendeiro

Tainá Jara | 07/01/2020 16:18
Policiais do DOF foram recebidos a tiros em área de conflito em Dourados (Foto: Sidnei Bronka/Ligado na Notícia)
Policiais do DOF foram recebidos a tiros em área de conflito em Dourados (Foto: Sidnei Bronka/Ligado na Notícia)

O MPF (Ministério Público Federal) defende a responsabilização de índios e fazendeiros envolvidos no confronto com cinco feridos, ocorrido na última sexta-feira (3) nas imediações da reserva indígena de Dourados, município distante 235 quilômetros de Campo Grande. Ainda em investigação, o caso aponta como feridos um segurança de proprietário rural e quatro guaranis-kaiowas, sendo um dos casos o de um menino de 12 anos que perdeu os dedos com a explosão acidental de uma granada.

De acordo com o procurador Marco Antônio Delfino de Almeida, os dois lados devem ser punidos pelo crime. “Preliminarmente, o MPF entende que o monopólio da força é do Estado e que os envolvidos (indígenas e fazendeiros) devem ser responsabilizados, na medida de sua atuação no conflito".

Apesar das cinco vítimas apuradas pela reportagem do Campo Grande News, o MPF afirma que o confronto resultou em três feridos. Estas vítimas devem passar por exame de corpo de delito ainda nesta terça-feira. A coleta de depoimentos pela Polícia Federal também será feita a partir de hoje. Perícia dos vídeos do conflito fundiário será feita para verificação de autenticidade.

Na ocasião, ficaram feridos durante a troca de tiros os índios Modesto Fernandes, 47, Gabriel Vasque e Paulo Gonçalves Rolim. Modesto e Paulo levaram tiros no rosto e no peito, enquanto Gabriel foi ferido na perna. Também ficou ferido o segurança Wagner André Carvalho, 31, atingido com tiro no tórax.

Também é investigado caso de menino de 12 anos que perdeu dedos da mão esquerda ao manipular uma granada usada pela polícia e encontrada em local de conflito entre índios e seguranças de sitiantes.

Familiar do menino relatou a viagem do Campo Grande News relatou que a criança achou a granada na estrada e levou escondido para a casa. Na sequência, o menino cortou o artefato, acendeu um isqueiro e teve três dedos da mão esquerda decepados na explosão. Ele foi levado para o Hospital da Vida.

Grupos indígenas vindos de várias partes de Mato Grosso do Sul estão acampados nos arredores dos sítios desde outubro de 2018. Eles reivindicam a inclusão das terras na reserva de Dourados, criada em 1917.

Pouco espaço, muita gente - Conflitos na região se intensificaram desde 2016, quando a presidente Dilma Roussef foi tirada da presidência. Com receio de ter os processos de demarcação paralisados com o novo governo, os indígenas voltaram a tentar ocupar áreas onde estão localizadas propriedades rurais.

Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do País, são cerca de 70 mil pessoas de diversas etnias. A maior parte é de guarani-kaiowás, mais de 40 mil. Boa parte está em Dourados, na reserva indígena formada pelas aldeias Jaguapiru e Bororó. De alta densidade demográfica, os 3,6 mil hectares, constituídos por volta de 1920, abrigam mais de 13 mil pessoas. Para estudiosos, a situação é de verdadeiro confinamento humano.

Nos siga no Google Notícias