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Interior

Embrapa prevê que rio Paraguai vai passar dos 5 m em abril e alerta pecuaristas

Marta Ferreira | 31/03/2011 22:09
Fazendas inundadas na região do Pantanal.
Fazendas inundadas na região do Pantanal.

Pesquisadores da Embrapa Pantanal divulgaram na tarde desta quinta-feira a nova previsão de cheia para o rio Paraguai, de acordo com o Modelad (modelo de previsão de cheias com base na régua de Ladário-MS). Conforme a previsão o rio chegará ao pico entre os dias 22 de abril e 5 de maio.

A previsão é que o nível fique entre 5,1 metros e 5,9 metros, mas os pesquisadores evitaram falar em supercheia, usando o argumento de que isso vai depender de vários fatores. É uma previsão menor do que a que havia sido divulgada anteriormente, que falava na chegada do nível do rio até 6,4 metros.

Apesar disso, alertaram para que os pecuaristas acelerem a retirada do gado das áreas alagáveis. Muitas já estão alagadas, com população e animais ilhados, o que provocou a decretação de estado de emergência na região.

Segundo o pesquisador Ivan Bergier, responsável pelo Modelad, o mais provável é o pico do rio fique em 5,53, um dos maiores desde a década de 1990. Bergier disse que “desde o dia 15 de março o rio vem subindo 4cm por dia”.

De acordo com Carlos Padovani, também pesquisador da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), neste ano a cheia está “diferente” em função do excesso de chuvas que ocorreu entre janeiro e a primeira quinzena de março.

“Devemos esquecer o conceito de normal porque no Pantanal cada ano é diferente do outro”, disse. Não se sabe ainda como será o efeito de duas ondas de cheia que atingem a planície pantaneira. Uma delas, que já ocorreu, é a cheia que veio das bacias dos rios Miranda e Aquidauana, provocada pela chuva de aproximadamente 900mm do início do ano. “Esses rios de planalto têm uma resposta mais rápida. Choveu eles sobem”, afirmou Padovani.

Conforme as informações divulgadas pela Embrapa, a cheia anual do rio Paraguai, provocada pelas chuvas que atingem a borda do Pantanal entre o final de um ano e início de outro, ainda não chegou a Corumbá (e consequentemente à régua de Ladário). Essas águas levam cerca de três a quatro meses para atingir a planície. Segundo os pesquisadores, quanto maior a cheia, mais cedo ocorre o seu pico.

Retirada-O pesquisador Urbano Gomes alertou pecuaristas da região do Nabileque para que, ao primeiro sinal de chegada das águas, comecem a retirar o gado das fazendas. Naquela subregião do Pantanal existem cerca de 300 mil cabeças de gado. Na região do Abobral, que já inundou, havia cerca de 100 mil cabeças e muitos animais morreram porque não houve tempo para a movimentação.

O prejuízo calculado por Urbano Gomes para os seis municípios do Pantanal é de R$ 190 milhões. Só em Corumbá, o cálculo aponta perdas de R$ 120 milhões.

Outra previsão divulgada é de que o fenômento da decoada deve continuar até o pico da cheia, segundo esquisadora Márcia Divina de Oliveir. A decoada está relacionada ao ciclo de inundação. A matéria orgânica se decompõe e altera a quantidade de oxigência da água, podendo provocar a mortandade de peixes. “As águas vindas do norte do Pantanal ainda não chegaram e já houve registros de morte de peixes em algumas regiões”, disse Márcia.

Cautela e pedido de apoio -Os quatro pesquisadores disseram que é difícil fazer previsões precisas sobre a cheia. “São muitas variáveis e trabalhamos muito com hipóteses”, disse Padovani.

Ele pediu apoio do Sindicato Rural de Corumbá, para que os pecuaristas, que estão sempre no campo, passem mais informações a Embrapa Pantanal.

Padovani também solicitou ao presidente do sindicato, Raphael Kassar, e ao comandante Eduardo Almeida, do Serviço de Sinalização Náutica do Oeste da Marinha (6º Distrito Naval), apoio para a implantação de mais estações para medir o nível do rio Paraguai.

A Marinha é responsável por seis estações. “Se tivermos mais dados e com a constância da régua de Ladário, poderemos oferecer previsões mais precisas”, disse o pesquisador.

Kassar disse que vai buscar o apoio do governo do Estado de Mato Grosso do Sul e dos senadores do Estado para a implantação de mais estações de medição. “Esse é o momento. Os canais estão abertos e todos já perceberam que as perdas para o país são muito grandes”, afirmou o presidente do sindicato.

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