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Interior

Ex-genro escapou após legista se recusar a examinar apresentador

Delegado titular da 1ª DP de Dourados disse que um boletim de ocorrência será feito contra médico legista por prevaricação

Helio de Freitas, de Dourados | 05/11/2015 12:11
Delegado Adilson Stiguivitis Lima disse que legista vai responder por crime de prevaricação (Foto: Arquivo)
Delegado Adilson Stiguivitis Lima disse que legista vai responder por crime de prevaricação (Foto: Arquivo)

O comerciante Marcelo Vianna Andreatta, 36, pode ter escapado da prisão em flagrante pela agressão contra o ex-sogro, o professor e apresentador de televisão Benedito Cantelli, o Benê, devido à falta do exame de corpo de delito. O médico legista, servidor concursado do Estado, teria se negado a ir ao hospital para fazer o exame.

Sem o laudo, o delegado plantonista, Humberto Perez Lima, não teve outra saída a não ser tratar o caso como “lesão leve” e liberar o acusado após a elaboração do TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), um compromisso de comparecer à delegacia para prestar depoimento, futuramente. Caso fosse confirmada a lesão corporal grave, Andreatta teria sido autuado em flagrante e ficaria preso.

Nesta quinta-feira (5), o Campo Grande News apurou que após a prisão de Marcelo Andreatta, feita por policiais militares em um bar na Rua Major Capilé, o comerciante foi levado para a 1ª Delegacia de Polícia. O delegado Humberto Perez Lima teria entrado em contato com o legista, que se recusou a ir ao hospital para fazer o exame.

Houve uma discussão entre os dois servidores do Estado e o médico teria alegado que estava amparado pela lei, pois só faria o exame na própria delegacia. Sem o laudo, Humberto Lima ouviu Marcelo e o liberou.

Prevaricação – O delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia, Adilson Stiguivitis Lima, confirmou o episódio e disse que o médico legista de fato se negou fazer o exame. Teria alegado que não havia necessidade de urgência. Ao Campo Grande News, Adilson disse que um boletim de ocorrência será feito contra o médico por prevaricação – crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, retarda ou deixa de praticar ato de ofício.

“O delegado de plantão relatou esse fato, que requisitou o exame de corpo de delito, mas o médico se recusou a ir. Agora estamos registrando um boletim de ocorrência por prevaricação contra o médico. No entendimento do doutor Humberto [delegado], ele teria que ter primeiro esse exame de corpo de delito para verificar a gravidade da lesão e fazer o enquadramento. Como não teve esse exame, enquadrou por lesão leve”, disse Adilson Lima.

Embora afirme que a avaliação coube ao delegado plantonista, o titular da 1ª DP reconhece que o laudo poderia mudar a situação: “Se o exame apontasse lesão grave seria lavrado o auto de prisão em flagrante, mas o delegado não teve essa resposta para poder tomar a decisão. Na dúvida, decidiu não lavrar o flagrante”.

Segundo o delegado titular, como o exame de corpo de delito já tinha sido requisitado deve ser feito entre hoje e amanhã por outro legista e será anexado ao inquérito instaurado para apurar as agressões contra Benê Cantelli. “Agora pode ser feito a qualquer momento, mas para a prisão em flagrante precisava ter esse exame”.

Delegado não pode decidir sem laudo – Segundo Adilson Lima, o delegado plantonista não poderia fazer pessoalmente a constatação das lesões, por não ter especialidade na área: “Só o médico legista oficial pode definir se é lesão grave ou não. O delegado não tem como falar se foi grave, se foi leve, se teve risco para a vida da vítima. Ele não pode simplesmente olhar e dizer que acho que é grave”.

Benê Cantelli continua internado no Hospital da Cassems com inchaço no rosto e no tórax e com fratura nas costelas e no maxilar.

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