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Interior

Fazendeiros de Iguatemi acusam índios de ameaças em ofício ao MPF

Marta Ferreira | 09/09/2011 17:55

Ofício foi enviado após ataque que, segundo índios,destruiu acampamento

Acampamento foi destruído pelo fogo dia 23 de agosto. Ofício do sindicato foi enviado no dia 30. (Foto: Divulgação MPF)
Acampamento foi destruído pelo fogo dia 23 de agosto. Ofício do sindicato foi enviado no dia 30. (Foto: Divulgação MPF)

Dois ofícios encaminhados entre o dia 30 de agosto e o dia 5 de setembro ao MPF (Ministério Público Federal), com cópia para autoridades federais e estaduais, colocam novos ingredientes na conturbada relação entre índios e fazendeiros em Iguatemi, na região Sul do Estado, onde um inquérito da PF (Polícia Federal) apura um ataque a indígenas acampados em uma área pública.

Em um dos documentos, enviado no dia 30 de setembro, o Sindicato Rural de Iguatemi, acusa os índios de estar ameaçando as famílias, com foices e facões.

No texto, a entidade pede providências à Secretaria de Justiça e Segurança Pública e investigação por parte do MPF e da Polícia Federal.

O documento alega que as famílias que vivem nas fazendas da região estão com medo que fatos recentes estão tirando a “paz” e a tranquilidade” das noites.

O ofício diz que o clima de medo começou no dia 16 de agosto, quando policiais federais e funcionários da estiveram na região, a procura de índios. Depois, conforme escrito, no dia 22 de agosto, os moradores das fazendas da região avistaram indígenas em uma camionete. Os mesmos índios, conforme relatado, foram vistos por dois ou três dias depois e que permanecem na região.

Ainda de acordo com o texto, o grupo atira pedras nos veículos que trafegam pelo local e “fez chegar” até as casas a informação de que elas poderiam ser invadidadas.

Diante disso, conforme o sindicato, moradores não estariam mais dormindo em suas casas.

Acampamento destruído-O período dos fatos relatados pelo ofício coincide com o ataque que índios acampados próximos à fazenda Margarida, área reivindicada como indígena, sofreram no dia 23 de agosto.

O acampamento foi destruído por fogo e indígenas saíram feridos, entre eles crianças, conforme o MPF divulgou. Em razão disso, o órgão pediu à Polícia Federal abertura de inquérito sobre o episódio, apontado como crime de genocídio.

O inquérito está em andamento na Polícia Federal de Naviraí. O ataque não é citado no ofício do Sindicato Rural.

Dias antes desse documento, a entidade havia encaminhado outro ofício, no dia 30 de agosto, pedindo cópia do relatório antropológico feito pela Funai (Fundação Nacional do Índio) como parte do processo para reconhecimento da terra como indígena. No texto,a entidade afirma que não foi dada publicidade aos fazendeiros da região sobre os estudos, o que fere a Constituição.

Os ofícios foram encaminhados ao procurador Marco Antônio Delfino, de Dourados, e ao procurador-chefe do MPF, Ramiro Rockenback. O órgão ainda não se manifestou sobre o que vai ser feito.

O Campo Grande News* tentou falar com o presidente do Sindicato, Márcio Margatto, e a informação é de que ele está viajando.

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