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Interior

Grávida é mantida em cárcere, torturada e obrigada a usar abortivo

Jovem de 19 anos foi mantida em cárcere pelo namorado, um amigo e a mãe dele; segundo a Polícia Civil, a mulher chegou a introduzir uma pílula no canal vaginal da vítima

Silvia Frias | 06/04/2019 16:58

Uma jovem de 19 anos foi mantida em cárcere privado, torturada e obrigada, pelo namorado de 17 anos e pela mãe dele, a tomar pílulas abortivas. O caso ocorreu em Eldorado, distante 447 quilômetros de Campo Grande. Os dois e um amigo do adolescente foram presos em flagrante.

Em entrevista ao Campo Grande News, o delegado da Polícia Civil de Eldorado, Pablo Ricardo Campos dos Reis, disse que a jovem descobriu na quinta-feira (4) que estava no terceiro mês de gestação. O namorado pediu para que fizesse o aborto, mas ela se recusou. Ele mora com a mãe em MS, mas estuda Direito em Guaíra (PR), distante 48 quilômetros de Eldorado.

Desesperado, contou para a mãe o que tinha acontecido. A mulher, de 37 anos, pediu que a garota fosse até a casa dela para conversar, o que aconteceu na sexta-feira, durante o intervalo de almoço da jovem.

Na casa, o namorado e um amigo de 31 anos com quem trabalha em uma farmácia a aguardavam e tentaram convencê-la novamente a fazer o aborto. Logo em seguida, a mãe do adolescente chegou e começou a ameaçar a garota.

Segundo o delegado, a mulher teria dito que a jovem “teria que fazer o aborto por bem ou por mal” e se quisesse ter o filho, “teria que dar a vida por ele”.

No relato à polícia, a garota contou que foi trancada no quarto do namorada e constantemente ameaçada. Com medo, aceitou tomar Citotec, remédio abortivo. Ela tomou quatro pílulas via oral e se recusou a colocar uma no canal vaginal.

Nesse momento, foi imobilizada pela mãe e pelo amigo do namorado, que tiraram suas roupas e introduziram a pílula no canal vaginal da jovem.

O cárcere somente foi descoberto cerca de duas horas depois, quando a irmã da vítima ligou e desconfiou que havia alguma coisa errada. Ela resolveu ir ao local, mas antes, acionou a Polícia Militar.

Ao chegar lá, a jovem chorava muito e só pedia para ir embora. Como não explicou o que tinha acontecido aos policiais, ninguém foi detido. Somente no caminho, quando relatou o que havia passado, foi levada à unidade de saúde, passando por lavagem estomacal e retirada da pílula do canal vaginal.

Apesar das pílulas teriam sido retiradas, não foi possível evitar o aborto, que aconteceu na madrugada deste sábado (6). A PM relatou o caso à Polícia Civil, que prendeu a mãe e o homem de 31 anos e apreendeu o adolescente.

Na delegacia, os três negaram os crimes, dizendo que apenas queriam conversar com a garota e avisá-la de que o rapaz iria se mudar para Guaíra e morar com o pai.

O indiciamento será de cárcere privado, tortura e aborto, incluindo o adolescente, que será enquadrado por ato infracional análogo aos crimes. A mãe e o amigo dele ainda serão indiciados por corrupção de menores.

A prisão em flagrante dos dois foi convertida em preventiva, sem prazo para expirar, e foi pedida a internação do adolescente em Unei (Unidade Educacional de Internação) a ser definida pela Justiça. Os três aguardam a tramitação em cela provisória na delegacia.

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