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Interior

Homem paraplégico reclama de mau atendimento e descaso em ambulância

Amarildo Alves dos Santos foi atropelado por motociclista em 2014 e precisa ser levado constantemente ao hospital

Helio de Freitas, de Dourados | 05/02/2015 14:57
Atropelado por um motociclista em abril do ano passado, Amarildo ficou paraplégico e família reclama do serviço de ambulância (Foto: Divulgação)
Atropelado por um motociclista em abril do ano passado, Amarildo ficou paraplégico e família reclama do serviço de ambulância (Foto: Divulgação)

Preso a uma cama há quase dez meses depois de ficar paraplégico após ser atropelado por um motociclista bêbado e com graves sequelas que precisam de acompanhamento médico constante, o servente de pedreiro Amarildo Alves de Souza, 44 anos, ainda sofre para conseguir ser atendido em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Familiares de Amarildo reclamam de funcionários do serviço de ambulância do município e afirmam que ele está perdendo retornos médicos por falta de transporte.

Além da demora em buscar o paciente e levá-lo ao médico e depois de volta para casa, no Jardim Flórida II, a família reclama que Amarildo é transportado com desconforto e muitas vezes em alta velocidade. Há relato também de negativa de atendimento por parte dos servidores que cuidam das ambulâncias, sob a alegação de falta de veículo disponível.

Vídeos gravados pela família e enviados ao Campo Grande News mostram o paciente balançando na maca da ambulância. Em uma gravação também feita por um familiar o funcionário do setor de ambulância se nega a atender ao chamado e alega que não tem veículo para o serviço naquele dia.

Vai apurar – Através da assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde informou que vai apurar as denúncias de que funcionários do setor de ambulâncias estariam atendendo mal o paciente. Ainda conforme a assessoria, a Central de Ambulâncias não deixa de atender a qualquer demanda de sua responsabilidade. No entanto, trabalha no sistema de triagem, que prioriza o atendimento aos casos mais graves, o que por vezes implica no atraso de outros.

“Para evitar que casos de demora no atendimento aconteçam, a Secretaria de Saúde já realizou a aquisição de mais duas ambulâncias, aguarda apenas a chegada dos veículos para colocá-los em funcionamento. Também trabalha na ampliação do quadro de servidores para a Central, a fim de reduzir o tempo de espera do usuário pelo serviço”, informou a assessoria.

Familiares informaram que nesta quinta, dia 5, Amarildo tinha médico agendado para o período da manhã e a ambulância foi buscá-lo dentro do horário.

“O Amarildo teve politraumatismo craniano, teve fratura exposta nas duas pernas e trauma no tórax. Ficou com várias sequelas e até hoje passa por cirurgias frequentes nas pernas, uma feita no joelho há 15 dias. Na quinta-feira da semana passada seria um retorno ao hospital, mas não tinha ambulância disponível”, afirmou uma pessoa da família.

“Ele Já perdeu vários retornos porque a ambulância não veio. Por várias vezes os funcionários tratam a gente muito mal, transportam o Amarildo em alta velocidade. Ele não pode ser transportando em qualquer carro, tem que ser na ambulância”, reclamou a moradora, que pediu para não ter seu nome divulgado.

O acidente - Amarildo Alves de Souza foi atropelado no dia 26 de abril do ano passado, pelo motociclista Wesley Pinheiro Marques, de 24 anos, na Rua Pedro Celestino Varela, no Jardim Florida ll, região oeste de Dourados. Com várias fraturas pelo corpo e trauma na cabeça, ele passou 36 dias na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

De acordo com o boletim de ocorrência do acidente, registrado na Polícia Civil, Wesley Pinheiro Marques, de 24 anos, que pilotava a moto, tinha saído de uma confraternização, onde havia bebido uísque e cerveja. Após atropelar Amarildo, a moto de Wesley ainda bateu na BIZ de Camila Gomes dos Santos, que estava estacionada. Camila estava em cima de sua moto e também sofreu ferimentos.

Uma consulta ao site do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) revela que existe contra Wesley apenas uma ação em andamento na 2ª Vara Cível em que a família de Amarildo cobra uma indenização pelo acidente.

No dia 1º de dezembro de 2014 a juíza Larissa Ditzel Cordeiro Amaral negou o pedido de antecipação de tutela (pagamento da indenização de forma antecipada), feita pelos advogados da família de Amarildo, justificando que o tratamento médico do servente de pedreiro vem sendo feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

“A culpa pelo acidente de trânsito noticiado e a extensão dos danos dele decorrentes são matérias de fato, a depender de uma maior dilação probatória, bem como da oportunização do contraditório e da ampla defesa, já que a documentação carreada aos autos e tão somente a versão fática não são suficientes para que se possa atribuir a responsabilidade pelo ocorrido”, diz a juíza em seu despacho.

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