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Imigrantes pretendiam ficar 10h em contêiner, mas morreram em viagem de 3 meses

Homens saíram da Sérvia e acreditavam que fariam travessia de 10h; causa da morte pode ser intoxicação ou fome

Silvia Frias | 27/10/2020 10:34
Imigrantes eram do Egito, Argélia e Marrocos e viveram na Sérvia por 3 meses, antes da travessia (Foto/Montagem: La Nacion)
Imigrantes eram do Egito, Argélia e Marrocos e viveram na Sérvia por 3 meses, antes da travessia (Foto/Montagem: La Nacion)

Os sete imigrantes encontrados mortos dentro de contêiner de fertilizantes em Assunção, no Paraguai, pretendiam chegar a Milão, na Itália. A informação foi dada por um homem que se identificou como amigo deles e relatou que todos pretendiam viajar em busca de “futuro melhor”.

Os corpos foram encontrados na sexta-feira (23), dentro do contêiner. A carga saiu de navio da Sérvia, no sudoeste europeu, no dia 21 de julho e chegou ao porto de Villeta, no Rio Paraguai, no dia 19 de outubro. Após o desembarque em Villeta, o container seguiu até a capital, onde foi entregue à empresa importadora do fertilizante. Quando os funcionários abriram o compartimento, encontraram os corpos.

O diretor de Medicina Legal do Ministério Público, Pablo Lemir, disse que a causa mais provável da morte tenha sido asfixia e teria ocorrido poucas horas depois de iniciada a travessia. A outra probabilidade é que teriam morrido de fome, por conta dos suprimentos escassos que foram encontrados ao lado dos corpos.

Contênier em que os imigrantes viajaram (Foto: ABC Color)
Contênier em que os imigrantes viajaram (Foto: ABC Color)

Segundo reportagem no ABC Color, do Paraguai, Smail Maouchi relatou no Facebook que conhece os sete homens. Nascido na Bosnia y Herzegovina, disse estar vivendo na Sérvia.

Maouchi disse que ficou sabendo das mortes em reportagem do jornal paraguaio. “Sim, são imigrantes que buscavam uma vida melhor”, disse.

Segundo ele, os mortos são Yessa Aymen, do Egito; Zugar Hamza e Sidahmed Ouherher, da Argélia;  Rachid Sanhaji, Mohamed Hadoun, Ahmed Belmiloudi e Said Rachir, estes, do Marrocos; todos estavam vivendo na Sérvia há 3 meses, antes de iniciar a travessia em julho.

Segundo Maouchi, eles se arriscaram em viajar escondidos entre produtos químicos pois achavam que iriam até a estação de trem de Zagreb, na capital da Croácia e, de lá, seguiriam para Liubliana, na Eslovênia, até chegar a Milão, na Itália. No total, seriam 950 quilômetros de travessia.

“Eles não pagaram em dinheiro, pensaram que seria caminho curto, de umas 10 horas, pensaram que o trem iria para Itália, mas foi ao porto da Croácia”, disse o bósnio.

Os escassos alimentos e as poucas garrafas de água encontradas com os corpos também não seriam indicativo de longa travessia.

Segundo ABC Color, o contêiner chegou por terra a Croácia e, de lá, seguiu de barco até o Paraguai. Os imigrantes morreram na rota marítima, entre a Croácia e o Egito, passando depois pela Espanha, Argentina até chegar ao Paraguai.

Smail Maouchi diz que Itália e Bélgica são os principais destino buscados por imigrantes da região da Sérvia, Egito e Marrocos.

“Quando chegassem em Milão, teriam que gritar para que a polícia abrisse o contêiner, da Itália eles não seriam deportados”, disse Maouchi.

Caminho que os imigrantes acharam que iriam fazer, por terra (Foto/Reprodução)
Caminho que os imigrantes acharam que iriam fazer, por terra (Foto/Reprodução)
Rota feita pelos imigrantes, por navio, passando pela Croácia, Egito, Espanha, Argentina e Paraguai (Foto/Reprodução)
Rota feita pelos imigrantes, por navio, passando pela Croácia, Egito, Espanha, Argentina e Paraguai (Foto/Reprodução)


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