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Interior

Indígenas convocam protesto com denúncia de negligência e morte no HR

Mãe gestante e bebê morreram em hospital de Aquidauana depois de possível demora em atendimento

Lucia Morel | 12/05/2021 17:48
Elciney e a esposa, Ruthe. (Foto: Arquivo pessoal)
Elciney e a esposa, Ruthe. (Foto: Arquivo pessoal)

Revoltados com o que consideram descaso do Hospital Regional de Aquidauana, cidade a 140 Km de Campo Grande, indígenas terenas da Aldeia Ipegue preparam manifestação em frente ao local na sexta-feira. Grávida de 8 meses, Ruthe Luiz Mendes, de 38 anos e o pequeno bebê faleceram horas depois de darem entrada na unidade de saúde.

Esposo dela, Elciney Ciney afirma que houve negligência médica e busca por justiça pela morte da esposa e do filho Raviel. Ela chegou com dores de parto ao hospital no dia 12 de março, por volta das 22 horas, e precisava fazer exame de ultrassom para saber as condições de gestação e da criança.

No entanto, o médico plantonista alegou que não sabia manipular o equipamento e a mulher passou pelo exame somente no dia seguinte. A morte da criança, entretanto, já havia sido constatada mesmo sem o ultrassom, por volta das 24 horas do dia 12, por falta de batimentos cardíacos.

“O que seria apenas um parto prematuro, se transformou numa tragédia”, lamentou Elciney, 38 anos, agente administrativo e que tem outros três filhos com Ruthe. Ela era professora e “uma mãezona. Gostava de jogar futebol como goleira. Era coordenadora do Grupo de Jovens Anjos da Paz da Aldeia Ipegue”, relatou o marido.

Para ele, houve descaso no atendimento de sua esposa, tanto pela falta de exame de ultrassom em tempo oportuno quanto por não a transferirem para Campo Grande, o que chegou a ser cogitado. “Não havia UTI para ela ficar, disseram que estava lotada com paciente de covid-19”, lamentou.

Na manhã do dia 13, quando o ultrassom foi realizado, foi dado encaminhamento a uma cesárea de urgência. Foi encontrado um coágulo. A criança então foi retirada e a mãe passou por laqueadura, conforme o hospital informou ao pai. “Mas achei estranho, porque não me davam informações precisas”, contou.

Horas depois, às 14 horas, Ruthe acabou morrendo. Ela estava sedada e entubada no Pronto Socorro do hospital. Ela faleceu enquanto o pequeno Raviel era enterrado na Aldeia Ipegue.

Pelo que consta no atestado de óbito, Ruthe perdeu muito sangue e entre as causas da morte estão choque hipovolêmico, que é quando se perde grande quantidade de líquidos e sangue, o que faz o coração enfraquecer a capacidade de bombeamento; anemia decorrente de hemorragia; sangramento uterino e descolamento de placenta.

Para Elciney, todo agravamento da saúde da esposa poderia ter sido evitado se a assistência tivesse ocorrido adequadamente, assim que o descolamento de placenta foi identificado, mesmo sem o ultrassom. “Eles identificaram o descolamento no dia 12 ainda”, contou.

Manifestação está marcada para dia 14 às 15 horas na tentativa de pressionar o hospital a abrir sindicância para apurar a situação. Na unidade, a reportagem foi informada que qualquer esclarecimento só poderá ser dado amanhã.

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